Reflexão sobre o Evangelho de João, 30 de abril

“Depois disto partiu Jesus para o outro lado do mar da Galileia, que é o de Tiberíades. E grande multidão o seguia, porque via os sinais que operava sobre os enfermos. E Jesus subiu ao monte, e assentou-se ali com os seus discípulos.
E a páscoa, a festa dos judeus, estava próxima. Então Jesus, levantando os olhos, e vendo que uma grande multidão vinha ter com ele, disse a Filipe: Onde compraremos pão, para estes comerem? Mas dizia isto para o experimentar; porque ele bem sabia o que havia de fazer. Filipe respondeu-lhe: Duzentos dinheiros de pão não lhes bastarão, para que cada um deles tome um pouco.
E um dos seus discípulos, André, irmão de Simão Pedro, disse-lhe: Está aqui um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas que é isto para tantos?
E disse Jesus: Mandai assentar os homens. E havia muita relva naquele lugar. Assentaram-se, pois, os homens em número de quase cinco mil.
E Jesus tomou os pães e, havendo dado graças, repartiu-os pelos discípulos, e os discípulos pelos que estavam assentados; e igualmente também dos peixes, quanto eles queriam. E, quando estavam saciados, disse aos seus discípulos: Recolhei os pedaços que sobejaram, para que nada se perca.
Recolheram-nos, pois, e encheram doze alcofas de pedaços dos cinco pães de cevada, que sobejaram aos que haviam comido. Vendo, pois, aqueles homens o milagre que Jesus tinha feito, diziam: Este é verdadeiramente o profeta que devia vir ao mundo. Sabendo, pois, Jesus que haviam de vir arrebatá-lo, para o fazerem rei, tornou a retirar-se, ele só, para o monte.”

João 6, 1-15

Os sinais no Evangelho de João tem a função de levar os seres humanos a reconhecer as forças espirituais que atuam nele e apontam, portanto, para uma realidade superior. Assim, cada passagem do relato é significativa para auxiliar-nos na compreensão dessa realidade. “E Jesus subiu ao monte, e assentou-se ali com os seus discípulos”. Ele os leva a um estado de consciência superior.
De lá vê a multidão que o segue e que tem fome. A multidão não o segue porque tem fome de pão, mas porque tem fome de espírito. Nós vivenciamos isso a cada noite quando dormimos, que o nosso corpo é alimentado de forças espirituais que atuam em nosso sono, sem as quais não sobreviveríamos. Da mesma forma são forças espirituais do Cristo que atuam no pão e no vinho na transubstanciação do pão e do vinho no ato cúltico. O comer e beber são expressões externas da comunhão com o Cristo. Podemos ver então o paralelo desse sinal com o relato da última ceia na Semana Santa da Paixão de Cristo. Se o sinal, fosse apenas o milagre da multiplicação dos pães, com o mero propósito de mostrar a força de Cristo em poder alimentá-los para atender a necessidade física dos que o seguem, a história seria pequena e pobre em significado. As pessoas que o seguem descobrem o que de fato os nutre e preenche, pois veem nele a fonte da vida e o princípio da abundância. Ele é abundante com todo o seu ser. Cinco mil estarão saciados – indicando que toda a humanidade pode ser saciada, à condição de que o busque, porque Ele nos da esperança e nos mantém vivos agora e sempre.

Carlos Maranhão