Reflexão sobre o Evangelho de João, 14 de maio

“Jesus foi para o Monte das Oliveiras. De madrugada, voltou ao templo, e todo o povo se reuniu ao redor dele. Sentando-se, começou a ensiná-los.
Os escribas e os fariseus trouxeram uma mulher apanhada em adultério. Colocando-a no meio, disseram a Jesus: ‘Mestre, esta mulher foi flagrada cometendo adultério. Moisés, na Lei, nos mandou apedrejar tais mulheres. E tu, que dizes?’
Eles perguntavam isso para experimentá-lo e ter motivo para acusá-lo. Mas Jesus, inclinando-se, começou a escrever no chão, com o dedo. Como insistissem em perguntar, Jesus ergueu-se e disse: ‘Que seja o entre vós, que nunca errou, o primeiro a atirar-lhe uma pedra.’ Inclinando-se de novo, continuou a escrever no chão. Ouvindo isso, foram saindo um por um, a começar pelos mais velhos. Jesus ficou sozinho com a mulher que estava no meio, em pé.
Ele levantou-se e disse: ‘Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?’ Ela respondeu: ‘Ninguém, Senhor!’ Jesus, então, lhe disse: ‘Eu também não te condeno. Vai, e de agora em diante não erre mais.’”

João 8, 1-11

Os fariseus e escribas trazem para Jesus uma mulher (e o homem?) apanhada em adultério. Pela lei de Moisés ela deve ser punida com a morte. Nesse momento os judeus estão fixos no cumprimento da lei. Não olham o caso específico da mulher, tão pouco para a própria consciência. Não se perguntam se tem o direito moral de condená-la.
Jesus desperta-lhes a consciência com a frase: “Que seja o entre vós, que nunca errou, o primeiro a atirar-lhe uma pedra.” No espelho da consciência, reconhecem os próprios erros e percebem que não podem julgá-la. Os mais velhos, com experiência de vida, se retiram primeiro. Eles tem a honestidade de assumir que não estão em uma posição de condená-la, mesmo ela sendo culpada perante a lei. Jesus também não a condena mas pede para ela não errar mais. Podemos entender que ele pede para ela se esforçar em aprender com os erros e mudar sua vida.
O trecho do evangelho nos traz duas grandes questões: a dos nossos julgamentos e a dos nossos erros. A primeira fica evidente com os judeus. Estamos na posição de condenar alguém? Nossa consciência está tão limpa a ponto de nos acharmos no direito de julgar o outro? A resposta encontramos na própria consciência. Nela temos um âmbito onde percebemos nossa própria situação. Nela podemos olhar para nossas ações e julgá-las. O que foi bom e o que devemos melhorar? Assim reconhecemos os próprios erros – um trabalho mais difícil, mas também muito mais frutífero do que apontar os erros do outro. Se conseguirmos aprender com nossos erros, podemos nos desenvolver pouco a pouco.
Jesus chama a atenção para as forças da consciência e para a possibilidade do aprender e se desenvolver. Essas são forças do nosso eu. No meio, no centro da nossa individualidade, está o lugar onde podemos encontrar, como a mulher, o Cristo. Ele é a grande força da mudança e do autodesenvolvimento.

Julian Rögge