“‘Na verdade, na verdade vos digo que aquele que não entra pela porta no curral das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador. Aquele, porém, que entra pela porta é o pastor das ovelhas. A este o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome às suas ovelhas, e as traz para fora. E, quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz. Mas de modo nenhum seguirão o estranho, antes fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos.’
Jesus disse-lhes esta parábola; mas eles não entenderam o que era que lhes dizia.”
João 10, 1-6
Há uma porta que nos conduz ao reino dos Céus. E aquele que nos conduz é o Bom Pastor. Na verdade, ele é a própria porta. Qual seria aquele que entra por outra parte, no Evangelho designado como ladrão e salteador? O que em nós nos rouba a paz, nos induz ao medo, à irracionalidade, à insensatez, à insegurança, ao conflito entre irmãos? Se nos percebemos com qualquer desses sentimentos, já sabemos qual foi o caminho escolhido, mesmo que inconscientemente. Não entendemos a parábola como a da obediência cega, uma consciência de massa, como poderia ser interpretada a mentalidade das ovelhas que seguem cegamente o pastor. Nós a entendemos como a parábola que nos remete àquele que reafirma nossa individualidade, nossa identidade. Sendo assim, cabe a cada individualidade fazer a escolha. Para isso, cada individualidade foi dotada de uma centelha divina na criação, Cristo veio para despertá-la e, na medida em que escolhemos ouvir sua voz, temos indicado o caminho para a porta. A passagem por ela nos traz paz, amor, confiança, sensatez, espírito de irmandade, pertencimento. Se compartilhamos desses sentimentos, sabemos qual foi a escolha feita. Ainda vivemos uma época, em que isso ainda é inconstante. Entramos e saímos por esse portal, o que indica alternância de sentimentos. O exercício recorrente nos permitirá no futuro alcançar permanência e constância. Os discípulos que primeiro reconheceram o Cristo vivenciavam a entrada por essa porta, embora ainda não conscientemente, o que explica o fato de não haverem compreendido a parábola. A vinda do Espírito Santo em Pentecostes, foi o primeiro sinal para a verdadeira compreensão, o que permitiu aos discípulos levarem adiante a boa nova. Que possamos nessa época de Pentecostes, reforçar o Espírito que atuou já faz mais de dois milênios sobre a consciência humana, permitindo-lhe potencialmente de fazer a escolha pelo verdadeiro caminho.
Carlos Maranhão