Reflexão para domingo, 16 de agosto.
Referente ao perícope de Lucas 9, 1-17
Assim como Jesus enviou seus discípulos com a missão de anunciar o Reino de Deus e curar, nós somos enviados por Deus como peregrinos neste mundo. Podemos nos indagar sobre nossa disposição e atitudes perante a missão da vida. Quais os valores que cultivamos e como lidamos com as dificuldades e provações. A disposição de alma de peregrinos nos dá uma boa indicação. Embora os peregrinos tenham empreendido jornadas emocionantes em busca da transformação e de um encontro espiritual por milhares de anos, o peregrino não é simplesmente uma pessoa em uma jornada física por um mundo de aventuras. O peregrino vive dentro de cada um de nós e também nos acompanha em nossas jornadas cotidianas onde quer que estejamos e em todas as circunstâncias. Embora as indicações de Jesus aos seus discípulos nos pareçam demasiadamente severas quanto ao desapego de bens materiais, podemos pensar no princípio desse envio. Em outras palavras ele quer nos lembrar também da atitude perante a própria vida e poderíamos parafrasear sua mensagem mais ou menos assim: “Siga em frente da maneira mais simples e humilde, sem obstáculos aos seus movimentos e em perfeita fé”. Toda missão bem sucedida depende dessa disposição de alma. Estar satisfeito com a provisão que a vida nos proporciona pode ser, às vezes, extremamente difícil. De alguma forma, devemos nos contentar com os recursos limitados. Muitos enfrentamos dificuldades financeiras, insegurança e dúvida sobre a capacidade de sobrevivência no presente e no futuro. É possível viver contente em vez de se preocupar com comida, abrigo e roupas? Em tempos de crise pandêmica como a que estamos enfrentando, essa mensagem pode ser de grande ajuda, pois há muito medo e insegurança quanto ao que o futuro nos reserva. Podemos almejar a atitude de Paulo em sua carta aos Filipenses: “Não estou dizendo isso porque esteja necessitado, pois aprendi a adaptar-me a toda e qualquer circunstância. Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade. Tudo posso naquele que me fortalece”. Portanto, o que permite que os discípulos sigam em sua missão, confiantes e contentes, não são os recursos disponíveis, mas a ligação com aquele que os enviou. Essa ligação é o que lhes garante o cumprimento de sua missão e também sua alegria e disposição. O sentido de abundância nos dispensará no que necessitarmos para cumprir nossa missão pontual ou a de nossa peregrinação pela vida.
Carlos Maranhão