Época de Trindade
Referente ao perícope de Mateus 4, 1-11
Percebemos que a primeira tentação de Cristo tem a ver com o corpo físico, não apenas a alimentação mas também tudo que está relacionado com nosso corpo, tudo que absorvemos das substâncias da Terra e que compõe nosso corpo. Um fluxo contínuo e constante de absorção e eliminação. Mas nos limitarmos a viver em função desse processo seria terrível. “O homem não vive só de pão, mas de cada palavra que sai da boca de Deus.”
A segunda tentação no templo da Cidade Santa testa a fé em Deus, a confiança de Jesus em Deus e nossa fé. Que Jesus se lance deste templo bem alto porque anjos, enviados por Deus, viriam em seu socorro. Deus o salvará da morte certa se você acreditar que é o Filho de Deus. Mas Jesus não precisa de um milagre, ele não precisa de uma situação de risco de vida para provar que é o Filho de Deus. Ele simplesmente responde: “Você não deve colocar o Senhor seu Deus à prova.” Nós também gostaríamos de ter um milagre de vez em quando. Isso dissiparia as dúvidas e desconfianças que às vezes sentimos em nós mesmos. Mas os verdadeiros milagres de Deus são revestidos de fatos muito simples de nossos semelhantes. Ele o faz por meio de pessoas, por meio de forças muito naturais. Não podemos esperar que um dia o céu se abra e uma figura nos diga que caminho seguir e para onde esse caminho nos levará. Podemos reconhecer milagres nas coisas mais simples da vida, sem necessidade de espetáculos, como se quiséssemos colocar Deus à prova.
A terceira tentação tem a ver com a oferta de que todos os reinos da Terra pertencem a Jesus. Mas ele não necessita adorar o Diabo, pois ele já os tem pelo poder do Deus Pai. Mas Jesus não pensa duas vezes antes de dispensar o diabo. “Porque nas Escrituras está escrito: Diante do Senhor seu Deus você se prostrará e só a ele você servirá.” A quem nos submetemos? Quem adoramos para obter algum poder? E ainda mais importante é a pergunta: o que fazemos com o poder que temos? O poder nos é dado por Deus pelo simples fato de sermos filhos dele. Esse reconhecimento basta para percebermos que não necessitamos negociar com o príncipe deste mundo sobre o que já nos é dado por direito e herança de nascimento.
Carlos Maranhão