Reflexão para o domingo, 18 de abril

Época de Páscoa

Referente ao perícope de João 10, 1-18

Ao anunciar: “Eu sou a porta”, Cristo posiciona-se como o ser do limiar. Passagem entre o plano físico e o plano divino espiritual.

Nos primórdios do desenvolvimento da humanidade, nossas habitações não tinham portas. Estávamos imersos na natureza em completa união com os seres espirituais. Passo a passo, fomos nos internalizando. Adentramos cada vez mais nossa morada, criamos limites ao nosso redor, criamos a porta e a fechamos. Este enorme passo evolutivo conteve em si a oportunidade de voltarmo-nos para nós mesmos e desenvolvermos a consciência, porém levou-nos também à suscetibilidade da alma. Estivemos à mercê do ser que ao encontrar as portas fechadas e, estando temporariamente em posse das chaves, trancou-as para que não mais pudéssemos sair à luz do dia, não reconhecêssemos no sol o ser divino que nos supria, nem percebêssemos nos astros os seres divinos. A alma fez-se escuridão, as cortinas cerraram-se e a porta não se abria para o livre ir e vir.
Eis que o Verbo se fez carne e caminhou entre nós!
Ele descerrou nossos olhos, e conclamou: “Levanta-te, vem para fora!”.
As cortinas se rasgaram, as portas se destrancaram e os seres humanos puderam receber o sopro do Divino Espírito Santo; a escuridão do túmulo da alma tornou-se luz no altar da alma. Cristo é a porta que nos leva ao mundo espiritual. Cabe a cada um de nós perceber cada vez mais seu auxílio, descerrar os olhos, levantar, tocar a porta, abrir a porta, ser a porta que nos conduz à “re-união” com o espírito. O Eu sou a Porta aguarda no limiar e nos recebe de braços abertos, de portas abertas.

Viviane Trunkle