Reflexão para o domingo, 19 de dezembro

Época de Advento

Referente ao perícope de Mateus 25, 1-13

O óleo é uma substância formada numa planta no final de um ciclo de vida, ou seja, no fruto, na semente. Esta substância é formada no limiar entre vida e morte, mas contém em si luz e calor, elementos intrínsecos para o desenvolvimento da vida. Nós consagramos o óleo, o azeite de oliva, para usá-lo na extrema unção, quando a alma se aproxima do limiar da morte. No sacramento da extrema unção se consagra a alma para o espírito, para que passe de uma existência e vida terrena para uma existência e vida divino-espiritual, através da força de Cristo, que pela ressurreição venceu as forças da morte. A ligação da alma com o Cristo conduz hoje a esta passagem, como também a substância do óleo com sua luz e calor promove a vida que se desenvolve quando a semente cai na terra, morre e germina.
Muitos são os que apontam para o fato de que a humanidade está hoje se aproximando de um limiar, sobretudo no plano de sua consciência. O limiar entre uma consciência dirigida, por um lado, para o mundo material exterior, como descrito pelas ciências naturais, e uma consciência, por outro lado, inserida num mundo real em desenvolvimento com seres da natureza e também seres divinos espirituais. O limiar entre uma cegueira diante do mundo espiritual para uma nova clarividência espiritual. Neste limiar se vivencia a presença do Cristo no etérico. Da passagem por este limiar vai depender todo o futuro da humanidade, da Terra e de cada alma individual. Como em todo limiar se torna necessário deixar algo para trás e se ligar a um novo impulso de desenvolvimento, de vida. O momento da passagem é um momento crítico, incerto, pois ainda não se alcançou o novo plano de vida. O momento da passagem acontece num plano oculto, dentro da alma humana, à noite, como na parábola das 10 virgens. A hora da passagem não é conhecida, pois a nossa consciência não abarca os mistérios da vida, da evolução. Só um ser conhece o mistério do tempo, o mistério da evolução, o ser que diz: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e a meta universal. Eu sou o que foi, o que é e o que há de vir.” Este é o ser que diz também: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida.” Para realizar a passagem, seja para a vida pós-morte, seja para uma nova existência em e com Cristo, a alma deve se colocar a caminho e estar com os sentidos alertas para perceber o sinal vindo do mundo espiritual. Ela deve levar a substância que superou o peso terreno, que amadureceu na vida terrena e se transformou em luz espiritual, a luz interior que não se apaga, a luz do Eu Sou, dos Filhos da Luz. Esta luz será vista e reconhecida pelo Cristo. Quem não for um portador do Eu Sou, um portador de luz, um Cristóforo, não será reconhecido pelo Cristo.
Leonardo da Vinci, na sua representação do ser humano como uma estrela de cinco pontas, sendo a cabeça a ponta de cima, os dois braços esticados as pontas do lado e os dois pés as pontas de baixo, percebeu a correlação do número 5 com a existência humana terrena. Também na parábola, o número 5 indica o que deve ser o desenvolvimento da alma humana, que na sua imagem arquetípica é virgem, pura, espiritual. Mas a alma vive em dois âmbitos distintos, o âmbito da Terra e o âmbito anímico espiritual, o âmbito do sono e o da vigília, o âmbito do cotidiano e da vida exterior e o âmbito da vida interior. Este âmbito da vida interior vai se tornar cada vez mais importante para o futuro da humanidade.
O drama da alma humana é hoje bem representado pela parábola das 2×5=10 virgens, cinco com as lâmpadas sem óleo suficiente, que no momento decisivo só pode ser comprado, as outras cinco com as lâmpadas acesas, as lâmpadas das prudentes, que tem uma vida interior intensa. As cinco que compraram o óleo vão ficar do lado de fora e as portas do limiar não lhe serão abertas. A antiga corporalidade, a antiga veste da alma humana passará, mas uma nova veste de luz lhe será conferida.
“Céu e Terra vão passar, mas minhas palavras não passarão.” As cinco portadoras do Eu Sou de Cristo, portadoras das Suas palavras, da Sua luz, entrarão no Seu âmbito de vida. Nelas estão vivas as palavras de Cristo: “Eu Sou a luz do mundo, quem me segue não andará em trevas de nenhuma maneira, mas terá a luz da vida.”
No momento atual estamos caminhando nas trevas e talvez mais preocupados em ir comprar o que nos falta, adquirir o que nos falta, sem perceber que o Cristo está bem próximo e que só Nele encontraremos o manancial da vida, da saúde. Superemos nossa cegueira espiritual, que só procura soluções no exterior para os problemas atuais e acendamos a luz da fé e da verdade em nossos corações! Cristo é a única realidade verdadeira em que vivemos!

Helena Otterspeer