Época da Paixão
Referente ao perícope de João 6, 1-15
“Nem só de pão viverá o homem, mas da palavra que procede da boca de Deus”, diz o Cristo conforme Mateus 4, 4. A multiplicação dos pães no capítulo 6 do Evangelho de João, corresponde ao quarto sinal, dentre os sete, em que Jesus revela sua missão messiânica. O significado específico deste milagre se torna contundente neste quarto sinal, pois não só atende a sede do povo que é atraída pelo milagreiro, mas envia a mensagem para a humanidade futura, quando esta estiver em condições de compreender de que a nossa maior necessidade não é meramente de alimento físico, mas sobretudo de alimento espiritual. Muitas vezes, quando estamos enfrentando dificuldades, caímos na armadilha de olhar as coisas apenas do ponto de vista terreno. Existe um milagre maior que se possa imaginar do que as pessoas olharem nos olhos de outras pessoas e assim reconhecerem como filhos de Deus?
A multiplicação dos pães alude ao alimento espiritual que é nossa necessidade primordial como seres espirituais que somos. No mesmo capítulo 6, ele dirá “Eu sou o pão da vida”, antecipando a mensagem da Santa Ceia que ele vivenciará com os discípulos na Quinta-feira Santa. Eis o mistério da eucaristia, onde o vinho cresce em terreno pedregoso, onde a areia se torna manteiga e pão. E quando comemos do pão e do vinho transubstanciados em corpo e sangue de Cristo, compartilhamos do milagre da vida e bebemos e comemos a palavra sagrada de Deus. Quando Cristo diz a seus discípulos para recolher o resto que sobrou para que nada seja desperdiçado, ele alude ao princípio fundamental da abundância: não desperdiçar o que recebemos como dádiva diária de vida. Recebemos bênçãos abundantes, e Deus nos chama para sermos sábios em nosso uso de suas bênçãos.
Carlos Maranhão