Reflexão para o domingo, 18 de setembro

Fra Angelico – Na Roda dos anjos vão entrando os seres humanos.

„Como as altas estrelas giram

Eternamente em harmonia,

Assim o curso das nossas vidas

Deve ser claro como elas.

No pequeno e no grande

Quer Deus se manifestar!“

Assim começa (traduzida livremente aqui) uma canção alemã… De fato, quão harmonioso se nos revelam os ritmos cósmicos do dia e da noite, das semanas e dos meses, das estações do ano! Como podemos sentir que a nossa vida é carregada por estes ritmos cósmicos, expressão da atuação grandiosa de seres divinos!

No entanto, cada criatura na natureza precisa de um corpo e assim precisa de dispor de algo deste imenso manancial do universo. Quanto mais complexo um ser vivo, mais ele precisa extrair algo do seu meio ambiente.

Uma criança quando nasce é ainda bem desprovida, nua não possui ainda nada, mas para crescer e se desenvolver precisa de recursos, de experiências e aprendizados. Ela precisa se enriquecer para vir a ser um ser humano, que poderá mais tarde agir com autonomia no mundo. Hoje se levanta com grande urgência a questão: Como a humanidade pode dispor dos recursos naturais sem destruir o equilíbrio de vida na Terra?

Na verdade, o que cada ser humano utiliza como se fosse sua propriedade é apenas um empréstimo que ele toma do universo, dos deuses, incluindo o seu próprio corpo. Temos uma grande dívida para com os Deuses, como expressamos no Pai Nosso.

De uma forma ideal, Eu empresto em reverência substância divina para a minha existência na Terra. Eu disponho dela para poder me elevar ao plano divino, para dotar a minha alma de sentidos superiores, para abarcar a sabedoria divina, para deixar fluir a minha gratidão para Deus, para dedicar todas as minhas ações para o prosseguimento da obra divina, para um futuro glorioso.

No entanto, diante do estado de calamidade em vários lugares da Terra e na humanidade realmente se deveria questionar: “São os recursos da natureza propriedade do ser humano? Pode ele os utilizar a seu bel prazer para acumular riquezas, produzir sempre vez mais, a procura somente de lucros? Qual o sentido de todo o esforço da humanidade na técnica e na ciência se não para trazer frutos para a continuação da obra divina de luz e vida?

Cultivemos, portanto, com empenho nossa relação com o mundo divino – a nossa pátria primordial – pois deveríamos tentar solucionar o grande enigma da nossa existência: Por que o mundo divino investiu tanto no ser humano, o tornou tão rico, lhe concedendo a consciência, a fala, a escrita, as artes, as ciências? O que ele como ser espiritual pode gerar de novo, retribuindo o que recebeu e acrescentando o seu elemento especificamente humano à obra divina?

Quando deixamos as nossa tarefas cotidianas e nos dirigimos ao Ato de Consagração do Homem, realizamos um ensaio do que pode ser a realização da meta espiritual da Humanidade. Ouvimos a palavra do evangelho, em veneração à revelação de Cristo. Um dia esta palavra será acolhida com bastante calor em nosso coração, ela queimará como uma brasa que nos levará a querer oferecer a nossa própria substância individual para a vida do mundo. Assim nos uniremos ao feito do Cristo, assim poderemos nos erguer no momento da comunhão e dirigir o nosso corpo ao âmbito do altar para participar, comungar com as forças divinas, que levam à evolução universal. Cada um que se aproxima do altar acrescenta o fruto do seu desenvolvimento individual à obra divina. E o círculo da vida, a roda da vida crescerá e se expandirá!

Helena Otterspeer