Reflexão para domingo, 27 de novembro de 2022
Referente a Lucas 21
As seguintes palavras de Schiller podem nos fortalecer em muitos momentos: “Procuras o mais supremo e grandioso, a planta pode te instruir. O que ela é inconscientemente e sem intuito, sejas tu com intencionalidade e dedicação”.
Realmente uma espécie de planta pode vir a se adaptar a várias condições climáticas diferentes e, independente disso, sempre revelar no seu crescimento, nas suas folhas, flores e frutos a força de vida solar. Assim uma mesma planta cresce e se apresenta diferente nas altas montanhas ou nas margens úmidas de um rio! Também quando no ritmo do ano os dias se tornam curtos, a luz e calor do sol no inverno diminuem, muitas árvores deixam previamente cair suas folhas, suas seivas se retiram para dentro da Terra, deixando formado os brotos, quase imperceptíveis. Esses brotos são como um voto de confiança e de reconhecimento das forças de vida, que podem vencer sempre as forças da morte e das trevas. No seu sono invernal a planta se liga interiormente com a sua imagem arquetípica luminosa, que brilha no interior da Terra, aguardando o momento para se revelar no mundo sensorial. Assim, mesmo de maneira inconsciente, no inverno, a planta abdica de seu crescimento, de sua ligação viva com o ambiente formando o pequeno broto. No momento certo ele se abrirá e um novo ciclo de vida se iniciará.
Neste primeiro domingo de Advento se inicia um novo ciclo do ano cristão, durante o qual, nas celebrações das festas anuais, podemos vir a crescer no nosso envolvimento e comunhão com as forças solares do Cristo. Temos caminhado com Cristo desde a sua ressurreição para podermos alcançar nossa meta espiritual; a comunhão eterna com os seres divinos. No Advento devemos nos retirar de tudo o que procura desviar nossa atenção do nosso interior, da nossa alma, pois dentro dela vai se formando a imagem luminosa do Filho do Homem – nossa meta espiritual. Hoje esse movimento para dentro exige muito esforço. A enorme tecnologia com seus ruídos, com a imensidão invasiva de imagens exteriorizadas quer ocupar completamente a alma humana. Também todas as vivências dramáticas das catástrofes atuais nos querem tomar completamente. A alma fica paralisada.
Em comunidade podemos juntos virar as costas para todas as ações frenéticas e exteriores e criarmos o espaço de calma e atenção para ascender da consciência espiritual própria, vislumbrando o Filho do Homem, que vem ao encontro de cada um. Acendemos as velas do altar, o representante sacerdotal do Filho do Homem começa a atuar no altar. Ele vem ao encontro de cada um no momento da comunhão. Ele concede a cada um a substância da paz. Na alma humana vai se formando o germe de uma existência espiritual que preenche a alma de confiança, esperança e fortaleza para aguentar os desafios do mundo e com coragem construir o futuro.
Todas as tendências destrutivas da civilização atual podem parecer então, como a condição necessária para que cada um largue as preocupações para preservar a vida puramente terrena e transitória, a velha condição de existência, o velho mundo e começar a construir a sua nova morada, a sua veste espiritual. Com esta veste ele vai ser acolhido na comunidade universal de todos os seres divinos e ter acesso à fonte da água da vida. Este processo já não começou?
Helena Otterspeer