Referente à Apocalipse de João 22, 12-26
Neste trecho final do Apocalipse, encontramos de forma condensada as últimas palavras de Cristo, ao seu discípulo João, que encerram este livro.
Ele usa três expressões para caracterizar a si mesmo:
Eu sou o Alfa e Ômega, o primeiro e o último, o início e a finalização
Eu sou a raiz e o rebento
Eu sou a brilhante estrela da manhã
A primeira destas expressões encontramos já no primeiro capítulo do Apocalipse. Lá acrescenta-se ainda dimensão temporal:
O que era, o que é, o que vem
Podemos encontrar a força criadora do Cristo – o Logos, o Verbo Divino – no transcurso da evolução: “por meio dele tudo foi feito e sem ele, nada do que foi feito, foi feito” (Evangelho de João, 1,3). Ele, o Logos, acompanha a evolução humana inspirando-a através de todo o transcurso dos tempos. Também naquilo que provém do futuro, que ainda não chegou, mas que a partir das intenções e metas futuras da evolução, emana sua força inspiradora ao momento presente.
Na segunda expressão, Eu sou a raiz e o rebento, encontramos a indicação que nos aponta às forças que criam o mundo vegetal, às forças de vida ou etéricas, que, das raízes até os brotos e rebentos mais tenros nas extremidades dos ramos, vão fazendo surgir a árvore inteira. Cristo vive, nestas forças criadoras. Ele vive em tudo que cria nova vida. O texto menciona a raiz e o rebento de Davi. Indica-se, pois, a corrente hereditária por meio da qual Cristo entrou na vida do mundo, mas ao mesmo tempo o olhar se amplia para a toda as correntes hereditárias humanas. A vida sempre se conecta com outras vidas; como as árvores numa floreta: cada uma está em íntima conexão com todas as outras.
A terceira expressão nos fala da estrela da manhã. É uma antiga referência ao planeta Vênus, que em determinados momentos de sua órbita aparece brilhante no horizonte pouco antes da aurora, anunciando o nascer do sol de um novo dia. A estrela da manhã é, portanto, um arauto luminoso, que anuncia a luz maior que está por nascer. Quem, no espírito, busca pela luz, mesmo antes de vislumbrar a verdadeira fonte da luz maior, pode em alguns momentos reconhecer este arauto luminoso, numa ideia, num pensamento, numa intuição que traz luz ao nosso espírito. Também aqui Cristo nos indica uma maneira de reconhecê-lo, nestes momentos luminosos, que podem ser como a aurora interior, que prepara a alma para o Sol espiritual de Cristo.
Três dimensões para nos aproximarmos daquele que se expressa pela qualidade do “Eu Sou”:
– no fluxo da história e dos tempos
– no entretecer e criar das forças da vida
– no resplandecer da luz interior que vislumbramos
Também poderíamos dizer:
– nas forças divinas que tecem o destino humano na Terra
– nas forças que nos unem a todos os seres humanos e a todos os demais seres viventes do planeta
– nas forças que nos ajudam a dirigir o olhar interior para a luz que brilha em nosso espírito.
Eu, Jesus Cristo, envio meu mensageiro (meu anjo) às comunidades
para dar testemunho destas coisas
As Comunidades, cujos membros sentem em si a Cristo, estão chamadas a ouvir esta mensagem, que Ele nos envia, a fim de que reconheçamos Seu ser, Sua força de vida e Sua Luz.
Renato Gomes