Referente ao Evangelho de João 15, 1-27
À medida que o sol se põe no horizonte, lançando tons dourados sobre a paisagem tranquila, uma videira solitária ergue-se no meio de um vasto pomar. Seus galhos, adornados com cachos de frutas, balançam suavemente com a brisa noturna. Cada cacho de uva, um testemunho das forças invisíveis que atuam dentro da árvore, traz a marca de sua fonte de vida. Na tranquilidade do pomar pode-se sentir mais do que apenas a beleza da natureza; há um sussurro de algo mais profundo, algo eterno. Assim como a videira produz frutos sem esforço, ela também oferece uma metáfora para a condição da alma humana. Pois o ser humano, tal como a videira, encontra o seu verdadeiro propósito e realização não no esforço e no trabalho com as suas próprias forças, mas na entrega ao poder interior de Jesus Cristo. Sem esta ligação divina, os seus esforços são tão fúteis como a madeira e o feno, destinados a serem consumidos pelo fogo. No entanto, no abraço gentil de Cristo, há uma transformação, um derramamento natural de vida que transcende o esforço humano. Assim como a uva não precisa lutar para amadurecer, a alma também encontra sua expressão mais verdadeira quando simplesmente permanece em Cristo. Na tapeçaria do crescimento espiritual, não há espaço para frutos forçados, nem lugar para o esforço artificial que tantas vezes caracteriza a atividade religiosa. Pelo contrário, há um chamado à entrega, à confiança na mão invisível que guia e dirige, à permanência naquele que é a fonte de toda a vida. Nesta união sagrada, a alma encontra a sua expressão mais verdadeira, produzindo frutos que não são produzidos por ela mesma, mas sim pela vida divina que flui através dela. E assim permanece o convite do Cristo: “Permaneça em mim, e eu em você. Assim como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim também você, se não permanecer em mim”.
Carlos Maranhão