Reflexão para o domingo, 1° de agosto

Época de Trindade

Referente ao perícope de Mateus 7, 1-14

“Entrai pelo portão estreito. Porque largo é o portão e

amplo o caminho que leva à destruição…”

O portal pelo qual todo ser humano adentra a vida terrena é estreito. Imagem para nosso caminho de busca espiritual. Somos muitas vezes, senão constantemente, levados a tudo que nos é cômodo, de fácil acesso, consumo e descarte. Eis o amplo portão e caminho que leva o humano em nós à destruição. No limiar deste portão as forças adversas nos recebem, sedentas de nosso ser.

É no limiar do portão estreito que encontramos o ser que nos acolhe e se torna nosso guia auxiliador.

Este é um enigma da vida humana terrena: Somente através do caminho mais estreito, com dor e muito sofrimento nossa alma é resgatada e ascende ao espírito transmutada.

Coragem e perseverança nos acompanhem em nosso caminhar. Aceitar a dor e o sofrimento nos leva ao portão estreito. Acolher as oportunidades que trazem nos prepara para a transformação no espírito.

Viviane Trunkle

Reflexão para o domingo, 25 de julho

Época de Trindade

Referente ao perícope de Marcos 8, 27-33.

Nesta conversa com os discípulos, Jesus lhes faz duas perguntas:
“Quem dizem os outros que eu sou?”
e
“Quem dizeis vós que eu sou?”
Trata-se da mesma pergunta, com a diferença de que se direciona a dois grupos diferentes: “os outros” e “vós”, os discípulos.
Poderíamos trazê-la aos dias de hoje e reformulá-la:
Quem dizem os outros…
e
quem dizes tu …
que eu sou?
E neste “tu” cada um de nós, que nos chamamos cristãos, poderíamos nos incluir e sentir que a pergunta nós é dirigida pessoalmente.  O que responderíamos?
Talvez seja mais fácil discorrer sobre o que outros já disseram sobre Cristo: os eruditos, os estudiosos, os grandes pensadores, as pessoas que admiramos ou respeitamos como conhecedores do assunto, ou mesmo um resumo ou apanhado de informações que lemos ou aprendemos em algum lugar de alguma pessoa… Tudo isto seriam respostas acertadas sobre o que “dizem os outros”.
Mas, o que digo eu mesmo?
Que ideias, pensamentos, convicções, certezas ou dúvidas vivem em mim, que me poderiam ajudar a responder esta pergunta?
Questões como estas nos mostram como é difícil discernir o que de fato é produto de nossas próprias conjecturas e o quanto é pura repetição de ideias ou opiniões alheias, que incorporamos, mas que muitas vezes não foram o suficiente trabalhadas ao ponto de haverem se tornado ideais e pensamentos próprios.
Cristo sabe que este é um processo longo na consciência do ser humano e, como um bom mestre, ajuda seus discípulos a se aproximarem da questão. Primeiro Ele os exorta a expressar o que outros dizem e ao expressá-lo, os discípulos percebem que isto não corresponde à vivência que eles mesmo experimentam daquele que caminha com eles. A primeira pergunta é essencial pois prepara a alma para responder à segunda.
A final, depois de identificares em ti mesmo tudo aquilo que lestes ou ouvistes de outros a respeito do ser de Cristo e foste capaz de peneirar tudo isto, o que de fato sobra? O que concluíste por ti mesmo, a que convicção própria chegaste sobre o significado de Cristo em tua vida?
O bom e sábio mestre é sempre aquele que estimula o discípulo a fazer perguntas, de tal modo que as próprias perguntas comecem a apontar em direção às respostas.
Nesta conversa, Cristo não quer testas a inteligência dos discípulos, mas quer ajudá-los a que olhem com atenção dentro de si mesmos e se façam a pergunta central:
Que dizes, que pensas e que sentes em relação a mim?
No ciclo das festas do ano, acabamos de encerrar o período de João Batista, que deu o testemunho de que aquele que havia batizado no Jordão era o Cristo. Inaugura-se agora um caminho de várias semanas que nos conduzirá a época de Micael. Neste caminho temos a possibilidade de deixar ecoar na alma o clamor de João e refletir sobre o significado de, como ele, querer tornar-se testemunha da real atuação de Cristo no mundo. Isto só é possível se formos capazes de responder a nós mesmos:
O que sou capaz de dizer, a partir de minhas próprias convicções, sobre a força, a atuação e a realidade de Cristo, na minha própria vida e na vida do mundo?

Renato Gomes

Reflexão para o domingo, 18 de julho

Época de João Batista

Referente ao perícope de Mateus 14.

“É necessário que ele cresça, e eu diminua.”

João Batista resumiu sua vida e sua missão nesta frase, colocando sua vida à disposição da missão de preparar o caminho para o Cristo. No momento do batismo de Jesus, João põe suas forças a serviço do Cristo. Com sua morte isso se torna visível no físico. Ele contribuiu para que a força crística pudesse surgir no mundo. Logo após sua morte, o Evangelho a mostra na alimentação das cinco mil pessoas.
Com a imagem da vida de João Batista em nossa alma, podemos nos perguntar: O que precisamos sacrificar e transformar para que algo novo possa se manifestar? Quais dos nossos hábitos, costumes ou tradições não nos servem mais e precisam ser superados? O que em nós, precisa morrer para abrir espaço para o novo?
No processo de transformação mudaremos a nós mesmos. Essas pequenas mudanças se somarão às mudanças de outras pessoas e mudarão o mundo. Do trabalho interno individual pode surgir um movimento de transformação do mundo.

Julian Rögge

Reflexão para o domingo, 11 de julho

Época de João Batista

Referente ao perícope de João 5, 31-40

João Batista foi um dos que testemunharam sobre o Cristo com a própria vida. O termo grego para testemunho é o mesmo que se aplica à palavra mártir, ou seja, o que morre por uma causa. Mas se traduzimos o termo para nossos tempos então isso não significa que necessitemos morrer por uma causa, mas que não testemunhamos com meras palavras, mas com atitudes na vida. Que nossas atitudes possam testificar, evidenciar, confirmar nossa ligação com o Cristo. Sua vinda e sua missão não é no sentido de ter pessoas que creiam nele e em seu Pai como uma manifestação externa, mas de ter pessoas que se transformem, se conscientizem e se ponham numa direção de realização de seu potencial como ser humano, aí elas serão verdadeiras testemunhas. Não queremos levar uma religião no sentido de reprodução de palavras, dogmas e crenças. Queremos levar uma religião que nos transforme naqueles que realmente somos. João Batista foi o precursor, preparador de caminho e testemunho. Nós somos os precursores daqueles que desenvolverão em si a consciência crística. Ele necessitou diminuir para que o Cristo pudesse crescer. Há algo em nós que necessita diminuir para abri espaço para o Cristo em nós, e este não é o ego mais nosso verdadeiro Eu.

Carlos Maranhão

Reflexão para o domingo, 4 de julho

Época de João Batista

Referente ao Evangelho João 1, 19-34

“Quem es tu?” – perguntaram-me
Quem sou eu? – pergunto-me
O que sou, não se explica, não se define, não se encaixa em umas poucas palavras.
O que sou, de fato, não dá para dizer com palavras…
Indefinível!
Indescritível!
Indizível!
Mas eu defino e descrevo tantas situações, tantas pessoas…
Sou capaz de dizer, com palavras, qualquer coisa, menos com relação ao “eu-mesmo”…
O que sou é apenas silêncio? Vácuo? Um nada?
Preciso me agarrar em algo, me ancorar em uma definição, me sustentar em algum terreno palpável…
Mas tudo isto é ilusão, não-eu…
Pois eu sou quem se agarra e não a coisa agarrada;
Eu sou quem define e não a coisa definida;
Eu sou aquele que tem a força de se sustentar e não o terreno firme.
“A final, o que dizes de ti mesmo?”, perguntaram
Eu sou…
a atividade na ação,
a razão no raciocínio,
o esforço na força,
a voz na palavra,
Eu sou apenas o veiculador, não a coisa em si.
Eu sou aquele que une força, raciocínio e ação para que a coisa se expresse na vida.
A coisa é a palavra, eu sou apenas a voz
Empresto minha voz.
Abro caminhos com minha voz.
Para que Sua Palavra aconteça no mundo.

Renato Gomes

Reflexão para o domingo, 27 de junho

Época de João Batista

Referente ao perícope de Marcos 1, 1-11

João Batista, conclamava para que os seres humanos abrissem suas almas à transição dos tempos.
Uma nova era estava na iminência de rasgar os véus que os apartavam do mundo espiritual.
Do deserto, da solidão soava o clamor. A voz no deserto anunciava o Verbo que se fez carne e se tornou a fonte de água viva para todo ser sedento de espírito.
João estava no lugar certo, na hora certa e teve a atitude acertada. Reconheceu sua pequenez, mas não fugiu à tarefa de batizar com água Aquele que viria a introduzir o batismo de fogo.
Imagem grandiosa para o ser humano. Vivemos no deserto da alma, na solidão da dor. Nossa voz ainda soa fraca e baixa, mal conseguimos perceber o Verbo que nos rodeia, quanto mais anunciá-lo. Nossa tarefa de vigiar é constantemente acometida por longos períodos de sonolência e sonho. Por onde começar nosso trajeto de mudança? Ao observar em nós aquilo que excessivamente nos prende ao passado e impossibilita nossa transição. Permitir que algo chegue ao fim nos levará a vislumbrar o sol do novo mundo. Cabe a cada um de nós darmos o passo em direção à fonte de água pura e cristalina que nos vivificará. Cabe a nós estarmos cada vez mais vigilantes para mantermos nossa presença de espírito a fim de percebermos nossa pequenez e em humildade nos colocarmos a serviço do Verbo que nos batizará com fogo.

Viviane Trunkle

Reflexão para o domingo, 20 de junho

Época da Trindade

Referente ao perícope de João 1, 35-51

Na natureza podemos observar que uma semente necessita terra boa, água e o sol para crescer. Com essas condições ela se desenvolverá e se tornará uma planta. Caso contrário ela não poderá se desenvolver.

Diferente das sementes, nós podemos mudar as condições nas quais vivemos. Podemos nos colocar a caminho e começar a procurar as condições de vida que necessitamos. Isso vale ainda mais para o nosso desenvolvimento espiritual. Sem a nossa atividade, dificilmente daremos passos nessa direção.

“Rabi, onde você se encontra?”

Com essa pergunta os discípulos iniciam uma busca espiritual. Eles começam a seguir o Cristo. Nesse caminho eles se ligam com o verdadeiro ser do Cristo.

Podemos viver com a mesma pergunta e trilhar o mesmo caminho. Nele descobriremos cada vez mais o Cristo e teríamos a possibilidade de nos ligarmos a ele.

Julian Rögge

Reflexão para o domingo, 13 de junho

Época da Trindade

Referente ao perícope de João 4, 1-26


Podemos observar principalmente duas fontes de água doce: a chuva e a água que vem da terra, de uma nascente ou de um poço. Toda a vida na Terra depende dessa água. As plantas, os animais e nós seres humanos necessitamos de um fluxo constante de água para podermos viver. Sempre voltaremos a ter sede dessa água.
Aonde podemos encontrar a água viva da qual Cristo fala? 
Diferente da água terrena, encontraremos a fonte dessa água dentro de nós mesmos. Ao venerarmos o Pai em espírito e em verdade, iniciamos um caminho para permitir que essa nascente brote. Ao nos abrirmos para o espírito, permitimos que ela se fortaleça. Cada gota da verdade divina que alcançamos a vivifica.
Pouco a pouco a fonte de água viva aumentará. Ela deixará fluir as forças eternas do Cristo em nós. Tudo que bebermos dessa fonte fortalecerá nossa ser eterno.

Julian Rögge

Reflexão para o domingo, 6 de junho

Época da Trindade

Referente ao perícope de João 3, 1-21

Quando observamos a chegada da luz de um novo dia, percebemos como o mundo se torna pouco a pouco visível. Primeiro enxergamos contornos em diferentes tons de cinza. Depois as cores se evidenciam. Por fim, os raios de sol deixam o mundo visível. Porém, com a chegada da luz, as sombras também aparecem.
Podemos observar um fenômeno semelhante em nossas almas. No início de nossa vida, o mundo da alma, não tem ainda a luminosidade da consciência. Enxergamos somente seus contornos. Pouco a pouco reconhecemos o que há nele ao trazermos a luz da consciência. O mundo da alma torna-se mais visível.
Assim como o sol ilumina o mundo, Cristo quer iluminar a nossa alma. A luz do Cristo mostrará o que brilha em nós. Mas ela tornará também visível nossas sombras. Teremos a coragem e a força de nos abrirmos para essa luz pura e olharmos para nossas sombras?
Quando damos esse passo, podemos perceber a diferença entre a luz do mundo e a luz do Cristo. Com a luz do Cristo, nossas sombras ficam visíveis, mas ao mesmo tempo são envolvidos em seu amor. Nele encontramos a força para aceitá-los e transformá-los.

Julian Rögge

Reflexão para o domingo, 30 de maio

Época de Trindade

Referente ao perícope de Mateus 28, 16-20

Este trecho é o final do Evangelho de Mateus.
O Cristo Ressuscitado, dirige suas últimas palavras, antes da ascensão a seus discípulos e lhes dá uma tarefa:
“fazei discípulos em todas as nações…”
Normalmente é assim que é traduzida esta primeira exortação aos apóstolos, que a partir de pentecostes, saem pelo mundo levando Sua Boa-Nova.
O que significa ‘fazer discípulos’? No texto original grego a palavra é um verbo, que em nosso idioma corresponderia a forma ‘discipular’, ou seja, ativamente, ajudar alguém a se tornar um discípulo.
O que é um discípulo? Em sua origem latina (DISCIPULUS < DISCAPERA) a palavra expressa que é aquele que capta (-CAPERA), apreende o que está além (DIS-) do seu horizonte de conhecimento. Também em grego a palavra (MATHETES = discípulo) provem de um verbo (MANTHANO) que significa aprender, experienciar, perceber, notar.
Estes dois antigos idiomas formaram estas palavras a partir da mesma ideia: aquele que nota, observa, experimenta e apreende o que está fora de si mesmo e com isto aprende algo novo.
Em primeira linha, portanto, tornar-se discípulo significa ter sua atenção dirigida não para si próprio, mas para o mundo e ser capaz de aprender algo a partir da observação e contemplação do que está a sua volta.
Algo simples e ao mesmo tempo complexo!
Nestes tempos em que por vezes prevalecem discursos que reforçam apenas o que faz parte das próprias crenças e dos próprios interesses, um discípulo moderno precisa ter muita força de vontade para observar com atenção, sem preconceitos, a fim de  entender com profundidade e assimilar com interesse para, por fim, poder apreender, o que está a sua volta, mesmo que tais experiências lhe sejam num primeiro momento estranhas, desconhecidas ou inusitadas.
Sem esta predisposição de alma, na verdade não é possível um verdadeiro aprendizado. Se não há aprendizado, não há, portanto, verdadeiros discípulos.
A tarefa que Cristo deixa a todos nós, que queremos tornar-nos Seus discípulos, poderia deste modo ser expressa em termos modernos, mais ou menos no seguinte:
“Ajudai a todo e qualquer ser humano a usar bem seus sentidos para notar, observar o que a vida lhe mostra e com isto ampliar seu horizonte de conhecimento e aprender sempre algo novo”
Se cada um de nós puder atuar deste modo, “despertando” discípulos por meio daquilo que fazemos, será possível pouco a pouco ir realizando a última parte da mensagem de Cristo:
“…e assim estarei convosco, todos os dias, até a consumação dos tempos!”
Pois Ele está em toda parte, à nossa volta. Para encontra-Lo é preciso aguçar os sentidos e abrir o entendimento frente a cada nova aprendizagem.

Renato Gomes