Reflexão para domingo, 10 de setembro de 2023

Referente ao evangelho de Lucas 17:11-19 

O mundo desligado do espiritual é como uma paisagem desolada onde as pessoas vagueiam sem rumo, isoladas pela falta de paz interior ou de propósito. Nesta dura realidade, a ausência de ligação espiritual deixa a humanidade à deriva num mar de turbulência e incerteza, espelhando o isolamento dos leprosos nos tempos bíblicos. Os leprosos eram considerados impuros, tanto física como espiritualmente, forçados a viver isolados. O mundo de hoje também tem os seus excluídos, seja por deficiências, doenças ou condição econômica e por mais que tenhamos programas e políticas sociais, bem como ações solidárias, ainda estamos muito aquém do que poderíamos chamar de justiça social. E o que falar da desesperança que assola as almas daqueles, que mesmo em condições econômicas razoáveis, permanece num isolamento anímico-espiritual, causando condições epidêmicas de depressão e doenças psíquicas. Mas, tal como a história do leproso samaritano, alguns reconhecem a importância da fé e da gratidão. No lugar de viver em busca de prazeres mundanos, que possam amenizar seu sofrimento, estes escolhem lutar com esperança e fé nos desígnios divinos, buscando meios de transformação de si e do mundo com vista a uma sociedade mais justa, mas também com a convicção de que a humanidade merece mais do que mera sobrevivência. Este é o contraste entre o mundo desolado e a alma transformada, onde o poder da fé e da gratidão reconecta o indivíduo com o mundo espiritual e lhe permite encontrar significado em meio ao caos. Aquele que logra, por meio da conexão com o Cristo, encontrar um sentido para sua vida, passa a ser inelutavelmente um agente de transformação do mundo. 

 Carlos Maranhão

Reflexão para o domingo, 3 de setembro de 2023

O bom samaritano
Georg Frederic Watts

Referente a Lucas 10, 25-37

Jesus Cristo trouxe algo completamente novo para o mundo! Muitos corações humanos puderam e podem perceber isso até hoje! Outros corações mais endurecidos não o percebem!

Quem é tomado por essa nova onda de luz, calor e amor, independente da sua confissão religiosa, traz, pela sua atuação, uma força sanadora para a humanidade e para a Terra. Irradia e promove o bem! Assim, a partir de uma existência transitória terrestre, é possível construir uma existência espiritual, intemporal e eterna. Isso sempre foi a aspiração de todas as grandes civilizações: através da vida espiritual, estabelecer uma ordem na vida terrestre que cria realidades sociais e anímicas indissolúvéis, permanentes. É o que entendemos por justiça e graça, por uma ordem e vida superiores, eternas.

Quem não se deixa tocar por esse novo impulso de vida para revitalizar a falecente existência terrena, toma, automaticamente, uma posição crítica e mesmo destrutiva. É a desconfiança que tenta abafar o bem, a vida e bloquear a luz!

Conhecemos muito essa atitude hoje nas notícias divulgadas por todos os meios, também pela cega tecnologia que esgota cada vez mais os recursos de vida da Terra. As questões urgentes de hoje nunca serão resolvidas apenas por uma tecnologia, por mais avançada que ela seja, por uma inteligência artificial e aprimorada. A dúvida questiona tudo, coloca tudo à prova! A dúvida nunca poderá ser saciada por um esclarecimento, seja ele o mais brilhante possível! A desconfiança se esvanece apenas quando, por um ato livre da vontade, o ser humano se insere no impulso renovador do Cristo, estabelecendo uma ordem social justa, ordenando solidariamente o caótico curso dos destinos humanos, desprovidos da orientação divina primordial.

Toda uma luminosa sabedoria ancestral não poderia levar a um duradouro futuro sem que, com o Cristo, o encandecido coração humano se devotasse a redimir e reerguer a condição humana caída e enfraquecida. Trata-se de atuar, fazer e acontecer! Distribuir as fortalecedoras dádivas de vida do Cristo. Assim, então, crescer na sua confiança, sua luz e amor, na sua vida!

E isso já começou!

Helena Otterspeer

Reflexão para o domingo, 27. agosto

Referente à perícope do Evangelho de Marcos 7, 31-37

Marcos nos conta, no Evangelho de hoje, de uma pessoa que não ouve nem fala. Suas possibilidades de se ligar com o mundo são reduzidas. Cristo conduz a pessoa para longe da multidão, para curá-la. Ele a leva até si mesma. Nessa solidão, ela tem um encontro íntimo com o Cristo. A pessoa sai desse encontro com as forças renovadas. Ela pode ouvir e falar e, assim, se comunicar.
Para nos ligarmos de uma forma saudável com as outras pessoas, de tempos em tempos precisamos nos voltar para nós mesmos. Precisamos fortalecer o nosso centro. Nesses momentos de solidão, no íntimo do nosso ser, podemos encontrar o Cristo. Isso acontece na essência do nosso eu. Nesse encontro, todo o nosso ser é fortalecido.
Com as forças da nossa individualidade assim renovadas podemos nos abrir novamente para o mundo. Ouvindo e falando renovamos os nossos laços com ele, e encontramos melhor o nosso lugar de atuação.

Julian Rögge

Reflexão para o domingo, 20 de agosto de 2023

Referente à perícope do Evangelho de Lucas 18, 35-42

Jericó é uma das mais antigas cidades na Terra. Ela nos é conhecida pela narração do Antigo Testamento sobre a libertação do povo israelita do jugo egípcio, sua jornada de 40 anos pelo deserto até chegar à terra prometida. Uma das primeiras conquistas foi a cidade de Jericó. Conduzidos pelos sacerdotes, carregando a arca da aliança e ao som de trombetas circularam sete vezes em torno da cidade até que os seus altos muros desmoronaram! Este acontecimento marcou o começo de uma nova fase na história do povo israelita e fortaleceu a sua confiança na condução espiritual para realizar a sua missão no futuro.

Aproximadamente 500 anos mais tarde foi consagrado o segundo rei dos israelitas. Davi já quando criança foi escolhido por Javé para ser um grande líder e rei do povo israelita. O último dos 12 juízes israelitas, Samuel, foi enviado por Deus para uma família de pastores com muitos filhos, para consagrar a criança, que viria a ser o rei de Israel. E assim se deu!

Novamente o jovem Davi é escolhido pelos seu talentos para ir para a corte do rei Saul e apaziguá-lo com o som da sua harpa. Muitos desafios e batalhas ele terá que enfrentar, mas ele encontrará sempre o seu apoio no espírito, em Deus, como nos comprovam seus Salmos. Assim o rei Davi se torna uma estrela para o seu povo, apontando para a sua missão espiritual, para o futuro. Graças a ele Jerusalém, a cidade santa, será conquistada. Graças à sua visão seu filho Salomão construirá o templo, a morada de Deus na Terra. Um dia o ser humano, ele mesmo deveria se tornar em Jesus Cristo a morada de Deus na Terra.

Sim, o ser humano, ele mesmo, foi escolhido para se tornar um ser espiritual, um rei! Todo cristão é consagrado pelos nossos sacramentos para tal! São muitos os desafios e batalhas a serem enfrentadas! Os muros de uma antiga ordem desmoronaram! Cristo veio para Terra para construir um novo templo, o templo da alma humana como a morada divina! O antigo tempo foi destruído! Não há mais uma verdadeira condução espiritual pelas autoridades. O ser humano se encontra como um mendigo espiritual à beira do caminho que conduz ao futuro! Mas o Redentor preparou uma morada para cada um de nós, a própria alma espiritual. Nela brotou o germe divino, o fundamento do reino de Deus na Terra, já há muito anunciado e esperado. Nesse germe vive um novo sentido para reconhecer o Cristo, para acreditar na sua força transformadora para construir uma nova humanidade, uma nova Terra. Cegos ganharão um novo sentido de visão e seguirão o Cristo. Todos os que testemunharem isso louvarão a Deus!

Helena Otterspeer

Reflexão para domingo, 13 de agosto de 2023

Referente ao Evangelho de Lucas 9:1-17

O chamado primeiro envio dos doze discípulos se refere aos companheiros escolhidos de Jesus. Conhecidos como os Doze, eles formaram um círculo especial em torno de Jesus, semelhante aos doze filhos de Jacó, os antepassados ​​das doze tribos de Israel. O número doze carregava um significado profundo, representando conclusão, restauração, completude. Era como se a própria história contivesse uma promessa de redenção, um símbolo de um novo começo para o povo de Israel, uma promessa que ressoa através dos tempos. Esses Doze, escolhidos por Jesus, receberam um dom único: o poder de expulsar demônios e curar os enfermos. Foi uma revelação surpreendente que o que Jesus podia fazer, seus discípulos também podiam fazer. A mensagem era clara – não se tratava apenas de esperar milagres de Jesus; seus seguidores também detinham o poder de trazer mudanças ao mundo. A missão colocada diante dos discípulos era grande – proclamar o reino de Deus e curar os enfermos. Esse reino, enfatizou Jesus, não era um reino distante nos céus; era aqui e agora, dentro do nosso mundo e dentro das nossas vidas. Foi o reconhecimento do divino em cada pessoa, uma ideia revolucionária que estabeleceu novos padrões de compaixão e empatia. Quando os discípulos embarcaram nessa missão, Jesus os exortou a não levar nada consigo – nem pão, nem dinheiro. Foi um chamado para ser livre, para confiar não nas posses materiais, mas no poder da caridade e da união. O reino de Deus, ele proclamou, era um novo tipo de abertura, um lugar onde todos seriam aceitos e cuidados. Os discípulos viajavam de aldeia em aldeia, pregando as boas novas e curando os enfermos. Essa cura se estendeu além das doenças físicas; tocou o sentido mais amplo da doença, as atitudes e comportamentos distorcidos que atormentavam a humanidade. As boas novas do reino de Deus elevam, encorajam e trazem alívio ao desânimo e ao cansaço.

Nós também chegamos nus a esse mundo e somos colocados pelo destino e pelas circunstâncias em nossas famílias, no nosso círculo de amizades, na nossa comunidade, na nossa sociedade, no nosso mundo. Assim somos enviados ao mundo.

Qual é a atitude que nos recomenda Jesus em todos os tempos com relação a esse envio? A ficar onde estamos, servir para atender as necessidades dos que estão ao nosso redor, em suma curar.

Também com relação à multiplicação dos pães, segue a história com os discípulos. Com apenas cinco pães e dois peixes, eles perceberam que não era suficiente para alimentar a multidão. A tentação de comprar comida estava lá, mas Jesus tinha uma mensagem diferente. Não se tratava apenas de sustento físico; era sobre o pão da vida, uma sensação de saciedade que não se pode comprar nem vender. Com a multiplicação dos pães temos uma nova comunhão com Deus e uma nova comunidade entre as pessoas surge através do ato de partir e repartir o pão. Para a surpresa de todos, todos foram alimentados, e sobraram doze cestos cheios. O número doze voltou a aparecer, completando o círculo da história. Os discípulos cumpriram a missão, e foi suficiente para todos. Foi um poderoso lembrete de que o reino de Deus, a mensagem de amor e compaixão, sempre seria suficiente. 

Como os discípulos, todos nós,  hoje e sempre, somos herdeiros de uma sexta cheia de pães. Somos convidados a participar desta grande partilha, desta difusão do reino de Deus. Não se trata de escassez ou falta; é sobre a abundância de amor, que, assim como uma refeição farta, deixa todos satisfeitos.  Para nossos tempos ressoa a história de fortalecimento, cura e compartilhamento, uma história que nos lembra que, assim como os discípulos, nós também podemos contribuir para tornar o mundo um lugar melhor. O amor, de fato, passa pelo estômago, enchendo não apenas nossas barrigas, mas também nossos corações e almas, deixando-nos verdadeiramente satisfeitos.

Carlos Maranhão

Reflexão para domingo, 06 de agosto de 2023

Lucas 15,11-32

Filho pródigo

Na vida moderna nos acostumamos cada vez mais a usar os aplicativos eletrônicos de localização.

Alguns destes sistemas foram desenvolvidos com objetivos militares e pouco a pouco foram entrando na vida do cidadão comum. Um deles, desenvolvido há mais 40 anos, foi denominado GPS (Global Positioning System, ou Sistema de Posicionamento Global). Através de satélites de rastreamento no espaço é possível enviar e receber sinais que possibilitam definir a localização de um determinado ponto sobre a superfície da Terra.

Muitos conhecem, entretanto, a situação em que nosso aparelho portátil de recepção de repente fica “sem sinal”. Alguns destes aparelhos mostra na tela uma imagem luminosa girando em círculos, como a indicar que está buscando o sinal perdido, mas como um cachorro que tenta morder o próprio rabo, não sai do lugar nem alcança seu objetivo. Algumas vezes a tecnologia moderna é bastante precisa ao utilizar símbolos, ícones ou pequenas imagens (na maioria dos casos simples caricaturas lúdicas) que encontram uma expressão em fenômenos da vida anímica do ser humano. Dependendo da situação em que nos encontremos, temos de repente a sensação:

– E agora? Estou perdido…

Fica aberta a pergunta se estas correspondências – entre as situações da vida humana e os ícones da moderna tecnologia – e é fruto do puro acaso ou surgiram de impulsos intuitivos – com maior ou menor grau de consciência – partir dos citados processos internos do ser humano. Deste modo é possível que eles reverberem inconscientemente em nós. No momento em que visualizamos na tela tais sinais ou símbolos, sentimos que eles nos são afins de algum modo…

Na parábola do filho pródigo ouvimos que o pai por duas vezes menciona que seu filho mais novo estava

“[…] morto e voltou à vida, estava perdido e foi encontrado!”

 No texto original grego encontramos um verbo ἀπόλλυμι  (apóllumi) que significa destruído, totalmente desconectado com o restante da vida, separado daquilo que lhe dá sentido, completamente perdido.

O filho mais novo, por vontade própria se separa da casa do pai, segue seus próprios impulsos e desejos e quando terminam as reservas que trazia consigo, percebe que seu entorno lhe é hostil, que lhe falta o mais básico para suprir suas necessidades e que mesmo no âmbito dos impulsos meramente instintivos (descritos na imagem dos porcos que passa a cuidar) não consegue saciar sua fome.  Já não recebe mais do entorno o que lhe preenche de sentido e dignidade.  Ele mesmo reconhece que está perdido (ἀπόλλυμι). Sua conexão originária com a Casa do Pai também se perdeu…

Resta-lhe apenas “correr atrás do próprio rabo”?  Numa inútil tentativa de se conectar com algo a sua volta que lhe permita talvez, de modo passageiro, preencher por um tempo o vazio interior em que se encontra.

Modernamente, graças ao GPS, se poderia caminhar um pouco para lá ou para cá até reencontrar um novo “sinal”, de modo a redefinir o próprio posicionamento no globo e buscar uma nova “rota” a seguir. Por um tempo tais GPS’s podem ajudar e serem de grande valia certas situações.

O filho pródigo, porém, reconhece que sua situação é mais complexa, sua “desconexão” é mais radical.

Neste momento ele para de “girar em círculos” e diz a si mesmo:

– É hora de me levantar e ir ao encontro daquilo que me preenche de sentido, daquilo que me conecta de novo com a vida e com o mundo visível e invisível.

O texto de Lucas nos diz que o Pai – todo o tempo – esteve lá esperando, olhando atento o horizonte, enviando seu amoroso “sinal”, na expectativa que o filho distante o notasse e se assim o desejasse, poderia tornar a se conectar.

Nos dias de hoje, fica cada vez mais evidente, a urgência em buscar de novo a conexão com aquilo que nos ajude a nos posicionarmos de fato no mundo.

As conexões midiáticas e eletrônicas podem ser uma ajuda temporária e pontual; curiosamente também elas “sugerem” que alguns “sinais” provém do alto (dos satélites na órbita terrestre).

Sem uma conexão com um lugar de fato “mais alto” ou o “lugar de origem”, tal conexão só pode nascer como um desejo interno próprio, corremos o risco de nos perdemos (ἀπόλλυμι) e de deixarmos se perder e se destruir o melhor que o ser humano pode vir a construir no mundo.

Renato Gomes

Reflexão para domingo, 30 de julho de 2023

Referente à perícope do Evangelho de Mateus 7, 1-14

Na arte encontramos imagens e estátuas da Justiça. Várias vezes ela tem os olhos vedados e uma balança ou uma espada nas mãos.
Na nossa vida precisamos de critérios. Critérios para avaliar nosso atuar e o das outras pessoas. Necessitamos saber o que é bom e o que precisa ser melhorado. Reconhecemos esses critérios na imagem da balança e a clareza sobre eles na imagem da espada.
Como fazemos essa avaliação sem julgar? Sem julgar a nós mesmos ou ao outro?
Os olhos vedados da Justiça nos indicam um caminho. Podemos avaliar as ações e no mesmo tempo nos esforçar para não julgar. Não julgar as outras pessoas e a nós mesmos. Assim podemos enxergar atrás das sombras e erros a chama do Divino em qualquer ser humano. Com esse esforço as forças crísticas se espalharão cada vez mais no mundo.

Julian Rögge

Reflexão para domingo, 23 de julho de 2023

Referente à Marcos 8, 27-28

Poder-se-ia dizer que a pergunta de Jesus Cristo no capítulo 8 do Evangelho de Marcos “e vós que dizeis quem Eu Sou?” encontra-se na metade de todo o texto desse evangelho. Também esta pergunta é central quanto ao significado da incarnação do Filho de Deus em Jesus e também da sua morte e ressurreição para o futuro de toda a humanidade. Com esta pergunta “quem sou Eu?” Jesus Cristo confronta a alma humana com essa mesma indagação, agora consigo mesma! Assim Ele aponta para o imprescindível papel do ser humano para a evolução da  Terra e dos céus!

No ciclo anual das festas cristãs, já cultivamos através da nossa vida religiosa desde o Advento, depoiso Natal, Epifania, Paixão, Ressurreição e Ascensão a memória do mistério de como Deus se tornou homem, morreu, ressuscitou e se ligou para sempre com a Terra. Em Pentecostes as chamas do Espírito baixaram sobre a alma dos seguidores de Cristo,  concedendo-lhes um novo sentido para a verdade, para o conhecimento espiritual, para o conhecimento de si próprio! Nesse momento, poderíamos dizer que alcançamos a metade do ciclo anual das festas cristãs.

Então ouvimos, na época de João, as palavras de João Batista, quando indagado pelos fariseus e escribas quanto à sua legitimação para que pudesse batizar: “Eu não sou!”! Sim, João Batista, que como na epístola da época de João carrega em torno de seu corpo o Espírito do Pai, aponta

para o futuro, para o Filho, para um novo princípio de evolução, que germina no centro da alma humana com esta pergunta:”quem sou Eu?” A alma humana ainda muito ligada à sua condição terrena transitória e corporal não poderia sozinha resolver esse enigma sem se ligar a Jesus Cristo e entender o mistério da ressurreição.

Antes da concretização da incarnação do Filho de Deus em Jesus, a condução da evolução da humanidade acontecia diretamente a partir do mundo divino, que escolhia os profetas, concedia autoridade aos sacerdotes e escribas, anunciava a vinda do Messias, do Cristo! Depois de Pentecostes se estabelece um novo impulso para evolução: o Eu Sou na alma humana. Tudo que antes valia é desvalidado. Trata- se de despertar esta força crística interior da alma humana, sem qualquer apoio das antigas formas e tradições exteriores, a partir do futuro. O futuro do ser humano é a superação da sua condição transitória e mortal e a conquista da vida em espírito, a vida eterna. Para isso a alma humana deverá aprender a encarar no feito do Cristo o modelo ideal da sua própria evolução. Cristo se tornou homem para que o homem possa vir a se tornar um ser divino. Agora, na segunda metade do ciclo anual das festas cristãs é isso que nos orientará.

Constatamos na atualidade, que as estruturas sociais, políticas e econômicas não conseguem mais criar perspectivas para o futuro. A própria vida na Terra está ameaçada. A pergunta que está soando em cada alma humana, está recebendo uma resposta? Estamos indiferentes à urgência desse chamado? O que significa o Cristo para mim, nas minhas decisões, nos meus questionamentos, nas minhas dúvidas? Estou aceitando os desafios, as crises como chance para  o despertar as forças cristicas em mim?

Quem sou eu? Quem é o Cristo? Como eu posso hoje transformar catástrofes em novos impulsos de vida e luz? Como eu posso cada vez mais me elevar ao Espírito reconhecer a verdade, agir segundo ela, em justiça diante do mundo divino e diante da natureza? Estas são as  questões prioritárias hoje! As respostas a elas levam às verdadeiras soluções hoje procuradas!

Helena Otterspeer

Reflexão para domingo, 16 de julho de 2023

Referente ao Evangelho de Mateus 11,2-15

Nesta passagem, João, apesar de sua proclamação anterior de Jesus como o Messias, passa a demonstrar dúvidas sobre isso durante um período difícil de sua vida. Sua missão já se havia cumprido. Ele padecia agora de sua pura condição de um ser humano em sofrimento.

Em resposta, Jesus realiza milagres, curando os enfermos e confortando os aflitos. Ele encoraja os mensageiros de João a testemunhar esses sinais, assegurando-lhes que o Reino de Deus está realmente próximo. Jesus reconhece as dúvidas de João, mas fala bem dele, enfatizando seu papel de mensageiro que preparou o caminho para a a sua vinda. Depois de sua morte seu espírito continuará presente no desenrolar da missão de Cristo. Como precursor do Cristo, ele nos inspira a sermos nós precursores do “Cristo em nós”.

Em nossos tempos difíceis, é natural que tenhamos dúvidas e incertezas, assim como João. Podemos questionar o estado do mundo e nos perguntar se a esperança e a redenção estão ao nosso alcance. No entanto, o Evangelho nos oferece uma mensagem de esperança. Assim como o pôr do sol ilumina o céu com suas cores radiantes, a esperança pode iluminar nossas vidas mesmo nos momentos mais sombrios. A resposta de Jesus às dúvidas de João nos ensina que não há problema em questionar, buscar respostas e lutar com fé. Por meio de suas palavras e ações, Jesus nos assegura que Ele está presente, oferecendo consolo, cura e, por fim, redenção. Que possamos buscar consolo em saber que o Reino de Deus está ao nosso alcance e que, mesmo em nossas dúvidas, há espaço para o crescimento da fé. Confiemos que o plano de Deus para nós se desenrola, trazendo esperança, cura e a promessa de um amanhã melhor.

Carlos Maranhão 

Reflexão para o domingo, 2 de julho de 2023

Referente à perícope do Evangelho de João 3, 22-36


Uma vela consome a cera e o pavio e os transforma em luz e calor. Ela diminui para que o calor e a luz surjam no mundo.
Durante toda a nossa existência usamos as nossas forças de vida, gastando-as durante o dia. Diferente da vela, podemos recuperar uma parte delas. Com o percorrer da vida nossas forças diminuirão.

Para o que dedicamos e sacrificamos a nossa vida? Como o que gastamos as nossas forças vitais?

Diferentemente da vela, temos a escolha de trazer luz e calor ou escuridão e frio para o mundo. Precisamos tomar essa decisão em cada momento.

João Batista é um grande exemplo de como sacrificamos as nossas forças para o Cristo, preparando o seu atuar terreno. João nos mostra como é possível se colocar a serviço de algo maior; ele diminuiu para o maior crescer. João Batista nos chama para seguirmos seu exemplo e nos colocarmos a serviço das forças crísticas no mundo.

Julian Rögge