“Dai ao SENHOR, ó filhos dos poderosos, dai ao SENHOR glória e força.
Dai ao Senhor a glória devida ao seu nome, adorai o Senhor na beleza da santidade.
A voz do Senhor ouve-se sobre as suas águas; o Deus da glória troveja; o Senhor está sobre as muitas águas.
A voz do Senhor é poderosa; a voz do Senhor é cheia de majestade.
A voz do Senhor quebra os cedros; sim, o Senhor quebra os cedros do Líbano.
Ele os faz saltar como um bezerro; ao Líbano e Siriom, como filhotes de bois selvagens.
A voz do Senhor separa as labaredas do fogo.
A voz do Senhor faz tremer o deserto; o Senhor faz tremer o deserto de Cades.
A voz do Senhor faz parir as cervas, e descobre as brenhas; e no seu templo cada um fala da sua glória.
O Senhor se assentou sobre o dilúvio; o Senhor se assenta como Rei, perpetuamente.
O Senhor dará força ao seu povo; o Senhor abençoará o seu povo com paz.”
Salmo 29
Os sete trovões
Uma forte tempestade está se aproximando do mar. O olhar piedoso do Antigo Testamento vê nas manifestações da natureza lá fora uma solene antecipação, pois é esperada uma grande revelação. Um relâmpago cintila no céu rasgando as nuvens. Ele também rasga uma cortina sobre o olho que o observa. A alma sabe que não está mais no âmbito da Terra, mas sim vivenciando um culto no céu, tal como é celebrado pelos habitantes dos mundos superiores.
Voltando à Terra, a alma agora, consagrada pela visão, é capaz de dar o nome correto: “A voz do Senhor” — (qôl Yahweh). — Para os hebreus essa era uma designação de trovão. Sete vezes esse chamado “qôl Yahweh” soa no Salmo 29.
A voz de Yahweh sobre as águas — a memória surge no início da criação, como o espírito de Deus uma vez pairou sobre as águas. Do mar para a terra. O que se solidificou e endureceu no âmbito da Terra é o que no início ainda era um mar formativo. O mundo do que se tornou treme diante da palavra criativa do Altíssimo. O que tomou forma na terra parece questionado quando o Eterno fala novas palavras com autoridade. O salmo vê isso em imagens múltiplas. Cedros antigos e árvores altas foram atingidos por raios e quebrados. Quem pode olhar para isso sem se deixar dominar pela seriedade do Juízo Final? As montanhas estremecem, sacudidas por um terremoto — A tempestade passou em sete fortes trovões, três sobre o mar, quatro sobre a terra. Isso faz lembrar os sete trovões do Apocalipse de João: “Os sete trovões emitiram as suas vozes” (Apocalipse João 10,3).
Glória ao Senhor — ele está entronizado sobre o dilúvio. Sim, ele, o Senhor, será entronizado, um rei para sempre. O Senhor — ele dará força ao seu povo. O Senhor — ele abençoará seu povo com paz.
O salmo termina onde começou: no santuário celestial. Lá em cima se ouve a “Gloria in excelsis” das hostes celestiais. No Apocalipse de João, é particularmente impressionante como, em meio às visões de destruição, a imagem do trono celestial aparece repetidamente como um mastro de repouso, o que nos dá a certeza de uma última direção significativa dos eventos. A última palavra deste salmo de tempestade é “paz”. O arco-íris, sinal divino da salvação da aliança, segue a tempestade. Quem passou pela tempestade e se deu conta de sua imortalidade sente a passagem pela zona de destruição como um aumento de força interior. “O Senhor dará força ao seu povo.” Depois desta palavra de força vem a palavra de paz!
“Gloria in excelsis” é respondido pelo “et in terra pax”. Através do tempo, o homem sabe que está conectado com aquele que está entronizado em majestade eterna. Há paz divina no trono celestial, há paz e esperança poderosa abaixo nos corações dos seres humanos. Em meio às tempestades e crises pelas quais passamos, nos conscientizamos das manifestações de Deus na Terra e nos voltamos interiormente ao que realmente importa, despertando do sono e nos voltando para a realização de nossa missão, a construção da paz.
Carlos Maranhão