Há muito tempo, vivia um garoto numa vila muito bela. No meio da vila fizeram uma praça e plantaram árvores. Para aquelas árvores, de manhã e à tarde, vinham alguns sabiás, sentavam lá e cantavam. O garoto gostava muito de escutar o canto dos sabiás.
E quando ele escutava um sabiá cantando, ele sentia, em seu coração, uma tranquilidade muito grande, uma paz. No entanto, não só o garoto gostava de escutar o sabiá, todas as pessoas que viviam naquela vila gostavam de escutar o sabiá e sentiam também, no coração, a tranquilidade e a paz. E quando, depois de escutar o sabiá, duas pessoas se encontravam e olhavam uma nos olhos da outra, elas sorriam e sentiam em si o desejo de perguntar como a outra estava e se precisava de alguma ajuda. E assim todos viviam em paz, ajudando um ao outro. E, na vila, ninguém passava fome nas épocas de fartura e, nas épocas de seca ou enchente, eles dividiam com justiça aquilo que tinham uns com os outros.
A vila cresceu, tornou-se uma cidade grande e muitas pessoas foram morar naquela cidade. As pessoas precisavam ir de um lugar para o outro e a cidade se tornou mais barulhenta e as pessoas tinham cada vez menos tempo para escutar o sabiá. E quando, na madrugada, alguém era acordado por um sabiá, ele ficava de mau humor, xingava o sabiá e gritava: não chega o barulho da cidade, este passarinho tem que fazer ainda mais barulho? E alguns começaram até a jogar pedras no sabiá.
O sabiá ficou muito triste e resolveu ir embora daquela cidade e com ele todos os outros sabiás. E, desde então, nenhum sabiá cantava mais lá. Com isso, as pessoas mudaram. Desde que elas, no seu dia a dia, não paravam mais para pegarem um minuto da sua vida a escutar o sabiá, sempre menos elas sentiam a tranquilidade e a paz no coração, sempre menos elas tinham a calma de olhar uma nos olhos da outra e sorrirem, sempre menos elas sentiam o desejo de perguntarem à outra como ela estava e se ela precisava de ajuda. Cada um começou a só se preocupar consigo mesmo, cuidar que tivesse onde morar e o suficiente para comer e, também, escondiam comida para os tempos de seca ou de enchente. E o que aconteceu foi que, agora, nos tempos de fartura, havia pessoas que passavam fome e, no tempo de necessidade, cada um pensava só em si mesmo. As pessoas se sentiam sempre mais infelizes.
O garoto que, na sua infância, gostava tanto de escutar o sabiá, já tinha se tornado um homem. E, também, ele se sentia infeliz, mas, ele percebeu que já, há algum tempo, nenhum sabiá cantava, sentiu saudades do canto do sabiá e resolveu procurar o sabiá. Durante muito tempo, ele teve que andar. Durante o dia, ele caminhava; durante a noite, dormia numa tenda que armava. Numa madrugada, ele foi acordado com o canto do sabiá. Ele se sentou na tenda e, depois de tantos anos, sentiu novamente em seu coração aquela tranquilidade e aquela paz da infância. E, no seu rosto, surgiu aquele sorriso que há tantos anos não sorria. Ele saiu da tenda e, neste momento, o sol estava nascendo. As trevas da noite se afastavam, a luz do sol clareava o dia, uma estrela reluzia no firmamento. E, numa árvore, em sua frente, cantava o sabiá. Neste momento Deus teve compaixão com o homem e deu, para ele, o dom de conversar com o sabiá.
E o sabiá perguntou para ele:
– “Por que tu me procuras?”.
E o homem disse:
– “Desde que tu foste embora e não mais cantaste em nossa cidade, sempre mais desapareceu o amor entre as pessoas e a nossa vida se tornou desolada e vazia”.
O sabiá respondeu:
– “Eu não canto só por cantar. O meu canto é a minha forma de orar para Deus. Na realidade, as pessoas me expulsaram da tua cidade porque elas não pensam em Deus, mas só em si mesmas.”
E o homem disse:
– “Voltai comigo, por favor, para a minha cidade. E ensina-nos, de novo, a orar para Deus. ”
O sabiá não respondeu e voou embora.
O homem, decepcionado, pegou o caminho de volta para a sua cidade. Mas já na próxima noite em que ele dormiu na sua tenda, na madrugada ele foi acordado pelo sabiá. E assim, em todas as madrugadas, até ele chegar à sua cidade.
Desde então, naquela cidade, cantam novamente os sabiás.
O homem construiu uma igreja, com um sino, para que, de novo, aqueles que aprenderam do sabiá a rezar pudessem se reunir nos domingos. Toda vez que o sabiá cantava eles se alegravam e toda vez que o sino tocava alegravam-se os sabiás.
E assim, sempre mais pessoas passavam de novo a sentir em seus corações tranquilidade e paz, sempre mais as pessoas olhavam nos olhos das outras, sorriam e perguntavam como o outro estava e se precisava de ajuda.
E quando ele escutava um sabiá cantando, ele sentia, em seu coração, uma tranquilidade muito grande, uma paz. No entanto, não só o garoto gostava de escutar o sabiá, todas as pessoas que viviam naquela vila gostavam de escutar o sabiá e sentiam também, no coração, a tranquilidade e a paz. E quando, depois de escutar o sabiá, duas pessoas se encontravam e olhavam uma nos olhos da outra, elas sorriam e sentiam em si o desejo de perguntar como a outra estava e se precisava de alguma ajuda. E assim todos viviam em paz, ajudando um ao outro. E, na vila, ninguém passava fome nas épocas de fartura e, nas épocas de seca ou enchente, eles dividiam com justiça aquilo que tinham uns com os outros.
A vila cresceu, tornou-se uma cidade grande e muitas pessoas foram morar naquela cidade. As pessoas precisavam ir de um lugar para o outro e a cidade se tornou mais barulhenta e as pessoas tinham cada vez menos tempo para escutar o sabiá. E quando, na madrugada, alguém era acordado por um sabiá, ele ficava de mau humor, xingava o sabiá e gritava: não chega o barulho da cidade, este passarinho tem que fazer ainda mais barulho? E alguns começaram até a jogar pedras no sabiá.
O sabiá ficou muito triste e resolveu ir embora daquela cidade e com ele todos os outros sabiás. E, desde então, nenhum sabiá cantava mais lá. Com isso, as pessoas mudaram. Desde que elas, no seu dia a dia, não paravam mais para pegarem um minuto da sua vida a escutar o sabiá, sempre menos elas sentiam a tranquilidade e a paz no coração, sempre menos elas tinham a calma de olhar uma nos olhos da outra e sorrirem, sempre menos elas sentiam o desejo de perguntarem à outra como ela estava e se ela precisava de ajuda. Cada um começou a só se preocupar consigo mesmo, cuidar que tivesse onde morar e o suficiente para comer e, também, escondiam comida para os tempos de seca ou de enchente. E o que aconteceu foi que, agora, nos tempos de fartura, havia pessoas que passavam fome e, no tempo de necessidade, cada um pensava só em si mesmo. As pessoas se sentiam sempre mais infelizes.
O garoto que, na sua infância, gostava tanto de escutar o sabiá, já tinha se tornado um homem. E, também, ele se sentia infeliz, mas, ele percebeu que já, há algum tempo, nenhum sabiá cantava, sentiu saudades do canto do sabiá e resolveu procurar o sabiá. Durante muito tempo, ele teve que andar. Durante o dia, ele caminhava; durante a noite, dormia numa tenda que armava. Numa madrugada, ele foi acordado com o canto do sabiá. Ele se sentou na tenda e, depois de tantos anos, sentiu novamente em seu coração aquela tranquilidade e aquela paz da infância. E, no seu rosto, surgiu aquele sorriso que há tantos anos não sorria. Ele saiu da tenda e, neste momento, o sol estava nascendo. As trevas da noite se afastavam, a luz do sol clareava o dia, uma estrela reluzia no firmamento. E, numa árvore, em sua frente, cantava o sabiá. Neste momento Deus teve compaixão com o homem e deu, para ele, o dom de conversar com o sabiá.
E o sabiá perguntou para ele:
– “Por que tu me procuras?”.
E o homem disse:
– “Desde que tu foste embora e não mais cantaste em nossa cidade, sempre mais desapareceu o amor entre as pessoas e a nossa vida se tornou desolada e vazia”.
O sabiá respondeu:
– “Eu não canto só por cantar. O meu canto é a minha forma de orar para Deus. Na realidade, as pessoas me expulsaram da tua cidade porque elas não pensam em Deus, mas só em si mesmas.”
E o homem disse:
– “Voltai comigo, por favor, para a minha cidade. E ensina-nos, de novo, a orar para Deus. ”
O sabiá não respondeu e voou embora.
O homem, decepcionado, pegou o caminho de volta para a sua cidade. Mas já na próxima noite em que ele dormiu na sua tenda, na madrugada ele foi acordado pelo sabiá. E assim, em todas as madrugadas, até ele chegar à sua cidade.
Desde então, naquela cidade, cantam novamente os sabiás.
O homem construiu uma igreja, com um sino, para que, de novo, aqueles que aprenderam do sabiá a rezar pudessem se reunir nos domingos. Toda vez que o sabiá cantava eles se alegravam e toda vez que o sino tocava alegravam-se os sabiás.
E assim, sempre mais pessoas passavam de novo a sentir em seus corações tranquilidade e paz, sempre mais as pessoas olhavam nos olhos das outras, sorriam e perguntavam como o outro estava e se precisava de ajuda.
João F. Torunsky