Era uma vez um menino chamado Pedro. Pedro morava em uma aldeia no campo, na pequena casa da sua família. Era uma casa muito simples. Seu pai e sua mãe trabalhavam nos campos da aldeia. Pedro cresceu na natureza e desde bem pequeno ajudava seu pai e sua mãe no trabalho do campo e nos serviços da casa.
Assim ele aprendeu a preparar a terra, semear os grãos, cuidar das plantas e colher o trigo no outono. Após a colheita, vinha a grande tarefa de debulhar o trigo e levar os grãos para o dono do moinho moê-los e transformá-los em farinha. Uma parte da farinha eles vendiam e uma pequena parte eles levavam para casa. Dessa farinha era feito o alimento que ajudava a família a passar pelo inverno, que era muito rígido naquela região.
Da farinha sua mãe fazia pães deliciosos. E o menino quis aprender também a arte de fazer pão.
-“Mãe, me ensina a fazer pão?”, disse Pedro.
-“Claro meu filho, fico feliz em te ensinar!”, respondeu sua mãe.
Então, em uma vasilha, misturaram um pouco de farinha com água e um pouco de fermento natural. Pedro quis logo saber como se fazia o fermento. Sua mãe lhe contou que a cada massa de pão que preparava, ela guardava um pouco da massa ainda crua em um potinho e o colocava no lugar mais frio da casa, até usar essa massa fermentada como o fermento do próximo pão. Quando a mistura que eles fizeram estava pronta, colocaram em um lugar quente, perto do fogão a lenha para que descansasse e crescesse. Pedro sempre voltava para ver se acontecia alguma coisa com a massa. Mas nada mudava. Depois de um tempo ele perdeu o interesse e foi brincar. Somente no final da tarde se lembrou: A mistura para o pão! Quando ele olhou, percebeu que ela havia crescido e estava cheia de bolhas de ar. Então misturaram essa massa com mais farinha, água e sal e modelaram o pão. Depois de um novo tempo de crescimento, colocaram o pão no forno a lenha para ser assado. Um cheiro maravilhoso se espalhou pela pequena casa. Que alegria quando o pão saiu do forno! Que sabor especial…
Em uma floresta não muito longe da casa havia um riacho. Ali Pedro aprendia a pescar com seu pai. Os peixes costumavam ficar próximos às pedras por onde passava a água límpida do riacho. Pedro até podia vê-los através da água clara. Era preciso muita paciência para pescar. Para o menino era quase impossível ficar sem se movimentar e esperar os peixes se aproximarem da vara de pesca. Um belo dia ele conseguiu pescar seu primeiro peixe. Toda a família ficou feliz, pois era uma grande ajuda para a alimentação.
Certa vez, Pedro teve um sonho: Ele, seus pais e uma multidão estavam no alto de uma grande montanha. Lá eles ouviam um mestre que ensinava e curava as pessoas. No final do dia, quando já estava escurecendo, Pedro se perguntou: “Aonde vamos passar a noite e o que todos vão comer?” Pedro havia trazido alguns pães e alguns peixes, mas será que aquela multidão havia trazido algo? Ele observava os companheiros do mestre que iam de um grupo de pessoas para outro à procura de alguma comida. Quando eles chegaram até ele, Pedro ofertou os pães e os peixes que havia trazido. Será que isso ajudaria? Era tão pouco para tantas pessoas, pensou Pedro.
Então, ele viu como o mestre pegou os pães e os peixes, fez as bençãos e os deu aos companheiros para serem compartilhados com a multidão. E assim foi feito. Pedro também recebeu um bocado de pão e um pouco de peixe. Ele comeu e se sentiu saciado. Passado um tempo, toda a multidão havia recebido algo para comer e estava saciada. Com o que sobrou dos pães e dos peixes foram cheios vários cestos. E Pedro se perguntava: – “Como isso é possível?”
Quando ele acordou, ainda estava com essa pergunta. Decidiu então ir até a casa de sua avó. Ela era uma senhora muito sábia. Quando lá chegou, contou seu sonho e perguntou: -“Vovó, como isso é possível?” A avó ficou um tempo em silêncio, pensando. Depois falou: “Meu filho, não é só o pão ou o peixe que nos alimenta. Pão e peixe você já conhece muito bem. Mas há um mistério por trás disso. Os gestos amorosos, as boas ações que fazemos para o outro e o que recebemos de amor e boas ações dos outros é que nos alimenta. O amor e a compaixão que temos com as outras pessoas são tão importantes como o pão. Você pode descobrir isso na sua vida.”
Ao ouvir essa sabedoria, Pedro pensou: Será que posso descobrir mais sobre esse milagre? Ele guardou essa pergunta no fundo do seu coração e viveu com ela durante toda a sua vida…
Julian Rögge