Quando se fala em esquecer alguma coisa, o fato de que esquecemos algo, muitas vezes, está ligado a um sentimento negativo. Considera-se ruim esquecer algo. Podemos ter até o desejo de não esquecer nada, ter sempre tudo à disposição da nossa recordação. De fato, existem pessoas que têm um dom extraordinário para se recordar das coisas, e delas se fala que possuem uma memória fotográfica. Esse desejo de nada esquecer vive bem forte nas pessoas mais jovens. Podemos vivenciar como positivo poder recordar-se de algo ou, num caso extremo, recordar-se de tudo e, como negativo, podemos vivenciar o não poder se recordar e, também no caso extremo, nada poder se recordar. Os conceitos esquecer, recordar, memória, usamos em nosso dia a dia, de uma forma nem sempre bem definida. Por isso, para esta reflexão, é importante definir melhor o que queremos expressar com essas palavras.
Partimos do fato de que o nosso dia a dia, no estado de vigília, está repleto de experiências, percepções, impressões do mundo, tanto do mundo externo, como do nosso próprio interior. O primeiro passo denominamos percepções. Surge então a vivência. Ela surge porque nos tornamos conscientes daquilo que percebemos. O segundo passo da vivência acontece quase que imediatamente com a percepção. No momento da percepção nos conscientizamos do que estamos vivenciando. Enquanto estamos dirigindo a atenção para uma determinada percepção, ela permanece em nossa consciência, como vivência presente. Quando dirigimos nossa atenção para uma outra percepção, passamos a ter uma segunda vivência e a primeira vivência desaparece da nossa consciência. Mas ela não se perde completamente. A percepção e a vivência, que temos num determinado momento, se impregnam em nosso ser e ficam preservados no que podemos chamar de memória. Mas o que definimos aqui como memória, é algo totalmente inconsciente em nós. Para que percepções e vivências passadas voltem a estar presentes em nossa consciência, precisamos nos recordar delas. E passamos pela experiência que, em relação às vivências passadas, temos as duas possibilidades. De algumas vivências temos a possibilidade de nos recordar, mas de outras, não. No entanto, independente se podemos ou não nos recordar de algo, tudo que vivenciamos fica impregnado em nós.
Podemos então definir os seguintes passos:
- Primeiro temos percepções do mundo
- As percepções se tornam vivências em nossa consciência
- As percepções e vivências se impregnam em nosso ser, formando a nossa memória
- Pela força da recordação, podemos nos tornar novamente conscientes de algumas vivências passadas, que se impregnaram em nossa memória
- De outras vivências, que estão em nossa memória, não conseguimos nos recordar
“Poder se recordar” não significa “não esquecer”. Muito pelo contrário, somente podemos nos recordar daquilo que esquecemos. O que vivenciamos como um problema é que não podemos nos recordar de tudo o que esquecemos, mas somente de uma parte do que vivenciamos. Esquecemos, temporariamente, de uma parte das vivências e delas podemos nos recordar quando o queremos; outra parte esquecemos completamente e não temos mais a possibilidade de nos recordar. Na verdade, o que nos causaria um enorme problema seria nunca esquecer de nada, isto é, que tudo o que vivenciamos ficasse continuamente em nossa consciência. Isso não é possível e, mesmo quando acontece parcialmente, torna-se um grande problema, uma forma de loucura, um estado realmente doentio. Provavelmente todos nós conhecemos a situação de não conseguirmos adormecer pelo fato de não podermos esquecer um problema. Ou mesmo o problema social que surge quando não conseguimos esquecer algo de mal que alguém nos fez. A insônia, a depressão, o rancor, e outros problemas podem estar ligados ao fato de não conseguirmos esquecer.
Do ponto de vista que tratamos aqui, é importante ver que recordação não é o mesmo que memória. Recordar é a atividade de resgatar aquilo que está guardado em nossa memória. A recordação é a vivência presente de algo que vivenciamos no passado e está em nossa memória. A Antroposofia pode nos ajudar a entender como surge a memória e a recordação. O que forma a base para a nossa memória é o nosso corpo etérico. Tudo o que vivenciamos se impregna em nosso corpo etérico e fica aí guardado como memória. A força de recordar é uma força do nosso eu, principalmente quando a recordação acontece por um impulso próprio e não por meio de uma associação que surge a partir de uma vivência. O eu tem a possibilidade de, aleatoriamente, resgatar para a consciência algo que foi uma vivência passada, que está impregnado no corpo etérico como memória, e se torna assim uma vivência no presente. Quando recordamos de algo, não temos novamente a mesma vivência que tivemos no passado; é uma vivência nova, no presente; não é a vivência do passado, mas a vivência do que está na memória. Quando o eu não tem a possibilidade de resgatar para a consciência algo que está na memória, quando esquecemos completamente algo, temos o sentimento de que a vivência do passado se perdeu completamente. Mas isto não é assim, pois não perdemos nenhuma vivência que tivemos, por mais insignificante que ela possa nos parecer. Tudo fica guardado em nosso corpo etérico. Isso se evidencia quando, nos primeiros dias depois da morte, o falecido vivencia toda a sua vida num grande panorama, com todos os menores detalhes dessa vida passada se expandindo ao seu derredor, como um grande panorama. É a vivência do que se impregnou no corpo etérico como memória.
Em nosso dia a dia temos a experiência daquilo que esquecemos e depois podemos nos recordar, e a experiência daquilo que esquecemos completamente e não podemos mais nos recordar. Para a nossa vida consciente, faz uma diferença muito grande se podemos nos recordar de algo ou não. Mas como a memória está relacionada com o nosso corpo etérico, podemos nos perguntar se há uma diferença para o nosso corpo etérico, se nos recordamos ou se nos esquecemos completamente de algo. Tudo está impregnado em nosso corpo etérico. Algumas coisas ficam lá guardadas e o eu tem acesso a elas quando quer, e outras, que estão também guardadas lá, o eu não tem mais acesso. Que diferença isso faz para o nosso corpo etérico? Para responder a essa pergunta, temos de fazer um paralelo com a nossa fisiologia, com o processo da alimentação, que conhecemos muito bem. No esquecer e poder recordar estamos num nível anímico etérico. No esquecer completamente, e não poder mais recordar, estamos num nível etérico fisiológico. Quais são os passos, no processo da alimentação, que nos levam a uma nutrição e vitalização? A primeira questão é que nem todo alimento tem uma força nutritiva. Temos hoje, principalmente nos processos industriais de preparação de alimentos, ofertas de produtos que não oferecem realmente um valor nutritivo para o nosso corpo etérico. Eles preenchem o nosso estômago, mas não nos nutrem. A primeira tarefa é valorizar a qualidade nutritiva dos alimentos. O segundo passo seria a forma como preparamos uma refeição. Aqui temos de distinguir entre o que se chama de fast-food e slow-food. Para que uma refeição seja nutritiva, também é necessário prestar atenção à forma como ela é preparada: com tempo, dedicação, cuidado, estética. Quando temos então a refeição e vamos agora comer a comida que nos é servida, podemos fazê-lo em estresse, dirigindo a nossa consciência para outras coisas, ou, por outro lado, nos ligando realmente com o processo da alimentação: em gratidão, em apreciação da aparência, do cheiro, do paladar, mastigando com calma e completamente, deixando a saliva começar a transformar o alimento, ainda em nossa boca. E assim, se nos ligamos conscientemente com a refeição, chega o momento em que engolimos o alimento e então o esquecemos. No estômago, e mais ainda no intestino, o alimento se retira da nossa consciência. E é muito agradável quando perdemos o alimento da consciência. Pois não esquecer o alimento significaria ter um mal-estar ou uma dor de barriga. Em um processo saudável, nós realmente “esquecemos fisiologicamente“ o alimento. Uma vaca pode se „recordar fisiologicamente“, por algumas vezes, do pasto que comeu; ela rumina o alimento até o ponto que o esquece para sempre. Quando „esquecemos“ o alimento, ele pode inconscientemente nos nutrir, formar a base para a formação e revitalização do nosso corpo.
Se traçamos o paralelo com o processo anímico de vivenciar e esquecer, chegamos a um pensamento muito importante para a nossa vida. Aquilo que esquecemos completamente tem a tarefa de nutrir o nosso corpo etérico, assim como o alimento que esquecemos ao digerir, tem a tarefa de nutrir o nosso corpo físico. Se nós não nos esquecêssemos de nada, nosso corpo etérico ficaria totalmente desvitalizado. Nada esquecer seria como não digerir nenhum alimento, como se mantivéssemos tudo o que comemos na boca, ou engolir, mas sempre resgatar o que comemos do estômago, de novo. Vê-se que, lidar com alimentos desse modo seria uma ideia absurda, assim como seria não querer esquecer nada, assim como também querer ter a possibilidade de a qualquer momento poder se recordar de tudo que vivenciamos. O esquecer é tão importante para o nosso corpo etérico, como a alimentação e a digestão são importantes para o nosso corpo físico. Fazendo o paralelo com o processo de alimentação, vemos que vivenciamos muitas coisas no mundo. Mas quais vivências têm realmente uma força nutritiva, ou quais apenas preenchem momentaneamente a nossa alma, não sendo capazes de nos nutrir? Vivemos continuamente em estresse, sem tempo para elaborar aquilo que vivenciamos, usando técnicas que nos “ajudam” a fazer tudo cada vez mais rápido, ou tomamos o tempo para vivenciar o presente com calma, ligando-nos realmente àquilo que vivenciamos, com interesse, dedicação, apreciando o que os sentidos nos proporcionam, querendo nos ligar animicamente com o mundo e com o outro? Para nutrir a nossa alma e o nosso corpo etérico, necessitamos de tempo, atenção, dedicação, o esforço de compreender o que estamos vivenciando, de encontrar um sentido. Em nossas vivências do mundo é bom que sejamos seres ruminantes: vivenciar algo, esquecer por um tempo, e retomar de novo a nossa ligação com a vivência. Mas chega o momento, e este momento é muito importante, onde a tarefa agora é esquecer o que vivenciamos, deixar a vivência ir à níveis inconscientes em nossa alma, para podermos digerir o que vivenciamos. E o que alimenta o nosso corpo etérico é aquilo que esquecemos completamente. Não aquilo que esquecemos e depois podemos recordar, mas o que esquecemos completamente.
Olhando agora para a função do corpo etérico, vemos que ele tem a possibilidade de formar e manter as funções vitais do nosso físico, mas que também ele é a base, não só da memória, como também do nosso temperamento, costumes, idioma que falamos etc. Na sua origem, o corpo etérico foi criado com a potência de formar o ser humano como imagem e semelhança divina. Ele poderia criar o ser humano ideal, ele tem essa potência, mas não a usa em nossa encarnação. Já o fato de que nos encarnamos como homens ou mulheres, deixa uma parte da potência do corpo etérico sem atuação direta no corpo físico. Pois o corpo etérico de cada um de nós tem a possibilidade de criar um corpo, tanto masculino como feminino. Quando formamos apenas uma das formas de gênero, a potência que poderia criar a outra forma permanece, em nós, livre do corpo. Mas podemos ainda imaginar quanto de potência do corpo etérico ainda não está sendo usada hoje, pois não desenvolvemos todos os níveis do ser humano, pois para o futuro temos ainda muito a desenvolver. O corpo etérico já está predisposto a servir a esse desenvolvimento. É possível distinguir duas partes do corpo etérico: uma parte que está atuando na formação do ser humano como ele é hoje, e uma parte que é potência criadora e que ainda não está atuando, pois ainda não atingimos esse nível de desenvolvimento. Essa é a grande diferença entre o corpo etérico de uma planta e o corpo etérico do ser humano. Na planta, o corpo etérico está completamente a serviço e atuando na germinação, no crescimento, no florescer e no frutificar. O corpo etérico está completamente ligado ao processo de criação daquilo que a planta é hoje. Ele não tem uma parte livre, uma potência de algo para o futuro. Por isso uma planta é perfeita no seu modo de ser atual, mas não tem a possibilidade de se desenvolver como tem o ser humano. O nosso corpo etérico tem uma parte livre, uma parte que ainda não é atuação no corpo, uma parte que é potência do que no futuro poderia surgir. Por isso, o ser humano pode, individualmente, se desenvolver. Temos a possibilidade de desenvolvimento, graças a essa parte livre do nosso corpo etérico. Essa parte livre do nosso corpo etérico se alimenta, é nutrida daquilo que nós esquecemos completamente. O esquecer é necessário para que a nossa vida anímica não se torne doentia. O esquecer, e poder se recordar novamente, são necessários para a nossa vida no dia a dia, para que possamos cumprir as nossas tarefas. Para o nosso futuro, para o desenvolvimento do ser humano, é muito importante o esquecer completamente.
Até aqui, olhamos para o processo de vivenciar e esquecer, focando mais as vivências do mundo exterior. Poderíamos agora nos perguntar qual consequência tem esse pensamento, por exemplo, para a pedagogia. A importância do esquecer é um pensamento fundamental para a pedagogia. A pedagogia tem a tarefa de levar a criança a ter vivências. Pode ser uma vivência do mundo exterior, mas as crianças são levadas, na sala de aula, a ter vivências independentemente da natureza. Elas devem aprender alguma coisa. Mas seria um erro muito grande entender que a meta seria que a criança não esqueça aquilo que aprendeu. A meta pedagógica é exatamente o oposto: ajudar a criança a aprender algo e depois acompanhar a criança no processo de esquecer aquilo que aprendeu. Somente quando esquecemos o que aprendemos é que desenvolvemos habilidades. Todo o ensinamento que se torna uma habilidade precisa passar por um processo de esquecimento. Aquilo que não esquecemos, mantemos em nossa alma como informação, mas não se torna necessariamente uma habilidade. O reconhecimento da importância do esquecer é o que leva a Pedagogia Waldorf a formar o currículo em épocas. Entre duas épocas da mesma matéria a criança tem a possibilidade de esquecer o que aprendeu, para que, na próxima época, possa formar habilidades, ao retomar a matéria num nível mais elevado.
Na nossa relação com a natureza espiritual do ser humano, com os ideais humanos, com a moralidade e a religiosidade, o esquecer atinge o seu grande significado. Muitas vezes se sente uma certa impotência quando nos damos conta de quão pouco podemos mudar as coisas no mundo e no ser humano, a partir dos pensamentos e sentimentos espirituais, ideais, morais e religiosos. Mas quanto mais nos relacionamos com a realidade divino espiritual do mundo e do ser humano, a partir de uma ciência espiritual, da arte e da religião, os pensamentos e sentimentos que desenvolvemos ganham realmente uma força nutritiva, e podem se tornar um alimento para o nosso ser. Mas para que realmente se tornem uma nutrição, é necessário passar pelo processo do esquecimento total, de uma digestão espiritual. Precisamos nos ligar intensamente com pensamentos e sentimentos espirituais, e depois esquecer completamente o que pensamos e sentimos, para depois de um tempo nos esforçarmos novamente para nos ligarmos a eles. Precisamos de um ritmo, como fazemos com a alimentação do nosso corpo. Precisamos nos unir com conteúdos espirituais e esquecê-los, para poder digeri-los. Na alimentação do corpo nos é evidente que, a cada pão que comemos, temos de nos esforçar para mastigá-lo de uma maneira adequada. O pão que mastiguei ontem, não me poupa do trabalho de ter de mastigar o pão de hoje novamente. Quando trabalhamos conteúdos espirituais, talvez tenhamos o desejo de que o nosso trabalho se torne cada vez mais fácil, de que aquilo que trabalhamos ontem nos alivie do trabalho de nos esforçarmos hoje, novamente. Isso só é assim para os conteúdos que mantemos na memória e que podemos nos recordar. Acumulamos assim muitas informações que temos à nossa disposição e que nos dá a ilusão de que estamos nos desenvolvendo espiritualmente, cada vez mais. Acumular informações sobre o mundo divino espiritual não é um desenvolvimento espiritual. Para isso temos de esquecer completamente o que aprendemos, nutrir a parte livre do nosso corpo etérico, para poder, assim, formar habilidades. Provavelmente todos temos essa experiência do esquecimento, na procura de um caminho espiritual. Às vezes lemos um livro com um conteúdo profundo, que nos toca e nos preenche. Depois de algum tempo, por vezes anos, lemos o livro novamente e encontramos pensamentos que nos parecem completamente novos, que nos tocam ainda mais profundamente, como se nunca tivéssemos lido aquele livro. Esquecemos o que lemos na primeira vez, mas isso nos tornou hábeis para abrir ainda mais a nossa alma, quando o lemos pela segunda vez. Se não tivéssemos esquecido, somente iríamos, na segunda vez, encontrar os pensamentos que já conhecemos da primeira leitura, e não faríamos nenhum passo de desenvolvimento. Quanto mais passarmos por essa experiência, tanto mais poderemos sentir que estamos indo no caminho certo: vivenciar conteúdos espirituais que nos tocam profundamente, como se fosse a primeira vez na vida, mas que sabemos que já nos relacionamos intensamente com eles no passado, e os esquecemos completamente. Pois se nota, que o entusiasmo, a possibilidade de se ligar com o essencial de um conteúdo, é maior do que era antes.
Por fim, olhemos para uma criança quando ela nasce. O corpo etérico formou, na gestação, o nosso corpo físico, e continua, depois do nascimento, atuando intensamente nele. Mas é somente uma parte do nosso corpo etérico. A parte livre, relacionada à potência de criar o ser humano futuro, não atua nesta fase da formação do corpo físico. E ela não está sendo alimentada por aquilo que vivenciamos e esquecemos. A consciência de vigília ainda não está desperta, vivenciando e esquecendo. Mas essa parte livre do nosso corpo etérico não fica nessa fase da nossa vida sem nutrição. É um dos pensamentos mais profundos que podemos receber da ciência espiritual, saber que nessa fase do desenvolvimento, nos primeiros três anos da nossa vida, o Cristo está existencialmente unido com a criança. Podemos imaginar que a parte livre do nosso corpo etérico está, nesta fase, sendo nutrida pelo Cristo. Por sua força impregnada em nosso corpo etérico recebemos a possibilidade de nos elevarmos além do nível natural que se formou na gestação e, assim, podemos desenvolver as três qualidades essenciais humanas, do andar ereto, do falar e do pensar. O essencial não é que a criança aprenda a andar, falar e pensar. O essencial é que ela desenvolva esses dons, não como um desenvolvimento natural do corpo, mas como um aprendizado a partir de sua própria força de vontade, superando o aprisionamento do corpo pela gravidade, se desenvolvendo a si mesma. Isso só é possível porque uma parte do corpo etérico está livre da atuação no corpo, e porque está sendo alimentada e impulsionada pelo próprio Cristo. Com o desenvolvimento da consciência de vigília, o processo de nutrição da parte livre do corpo etérico é feito sempre mais por nós. Na infância e juventude temos a responsabilidade de acompanhar a criança e o jovem no aprender a nutrir o seu corpo etérico pelo esquecer. Como adultos, assumimos a responsabilidade por nós mesmos, para que possamos nos desenvolver, possamos desenvolver sempre mais as qualidades humanas em nós.
Para nos ligarmos com o Cristo, conscientemente, precisamos de pensamentos espirituais, sentimentos de amor, impulsos de atuar moralmente, que possam ligar nossa alma com Ele. Estaremos assim unidos com Ele na esfera daquilo que é possível realizar hoje. Iremos com certeza realizar algo, mas também iremos vivenciar a impotência dos nossos pensamentos, sentimentos e impulsos. Se queremos nos desenvolver como seres humanos, para que no futuro possamos realizar o humano mais intensamente do que já nos é possível hoje, precisamos reconhecer a importância do esquecer em nossa vida, a responsabilidade que temos de nutrir, em nós, aquilo que tem a potência de desenvolver habilidades futuras. O Cristo nos deu a responsabilidade de nutrirmos o nosso corpo etérico, por respeitar a nossa liberdade. Quando o fazemos Ele se une novamente conosco, como nos primeiros anos da nossa infância, e nos ajuda a nos tornarmos realmente seres humanos.
João F. Torunsky