Quarenta anos no deserto foram necessários para que o povo israelita pudesse estabelecer uma nova relação com seu Deus antes de alcançar a terra prometida. Deixaram o Egito onde conviveram com a pluralidade de deuses da mitologia egípcia para iniciar uma vida regida pelas leis divinas recebidas por Moisés. Agora se tratava de que cada um, cada membro do povo israelita vivesse de acordo com a lei em respeito e temor ao seu único Deus, Jahwe, na expectativa da vinda do único Messias. A relação com Deus vai se tornando uma relação de EU e TU. Assim vai se formando a alma individual, ela sendo predestinada a dar a luz ao Espírito Divino em si, ao EU SOU. Pelo EU SOU vai se estabelecendo a relação individual da alma humana com o Pai, com o Filho e com o Espírito Santo, com o Verbo primordial.
Quarenta dias foram necessários para que os discípulos de Jesus, nos encontros com o Ressuscitado fossem estabelecendo uma nova relação espiritual com o Cristo. Relação essa que vai se configurar como a relação com o Filho de Deus, o princípio ativo do Verbo primordial divino. A entidade divina mais transcendente vem a se manifestar no mundo sensível ensinando os discípulos como superar a morte da matéria.
Quando o Filho de Deus ascende aos céus para incorporar toda a Terra na sua obra de renovação e transformação, Ele escapa da vista restrita dos discípulos. Depois da Ascensão os discípulos o perdem de vista e uma profunda tristeza se apodera deles, uma profunda dor. Uma dor que os leva a se retrair para dentro de si. Dor que vai se revelar como as contrações do nascimento de um novo membro na alma humana, o EU SOU divino.
No EU SOU se manifesta no mundo temporal terrestre, na alma humana o Espírito eterno, a chama primordial de amor e sacrifício. Quando ela se rompe da alma dos discípulos é a chama de Pentecostes, que então vai começar a pular para outras almas fervorosas.
Os discípulos deixam de ser seguidores de Cristo para serem apóstolos, enviados do Cristo, continuando a sua obra de salvação e cura.
Nascemos no mundo sensível por obra do Pai, pela morte encontramos o Cristo para podermos despertar como Homem Espírito. Isto já aconteceu, isto pode continuar a acontecer apesar de todas as crises e catástrofes que não assolam!
Helena Otterspeer