Reflexão para domingo, 19 de março de 2023

A multiplicação dos pães

Todo dia, ou melhor, toda noite no sono, fazemos uma travessia da margem do mundo físico- sensorial para a outra margem da nossa existência, o mundo anímico-espiritual. O nosso corpo fica na cama entregue à providência divina e a nossa alma e espírito se elevam à nossa pátria espiritual ao encontro dos seres espirituais. Durante toda a nossa vida na Terra se alternam vigília e sono. Na vigília, despertos, acompanhando a trajetória do sol, percebemos o mundo externo, percebemos a atuação do espírito em todos os seres, nos ocupamos com a nossa vida terrena, com o pão quotidiano! No sono fortalecemo-nos interiormente, em comunhão com o Espírito solar e todos os seres espirituais. Ao acordar, continuaremos na vigília a espiritualizar a nossa natureza terrena, para podermos transformar o nosso corpo mortal, emprestado dos deuses,  em corpo imortal centrado no Eu Sou, no Espírito Solar de Cristo!

O ser humano é por si um ser inacabado, ainda em processo de formação. Tendo recebido dádivas divinas – a  sua própria corporalidade e existência terrena – ele se propõe em plena autonomia, em plena consciência a formar uma corporalidade espiritual e continuar a obra divina então como cocriador! Somos espiritualmente ainda pequenas crianças, que encerram na alma já poucas qualidades espirituais eternas, ainda coexistentes com as qualidades transitórias. Não temos muito a apresentar para preservar a fonte de vida e luz eternas. Mas o pouco que temos devemos apresentar a Cristo. Ele mesmo formou o seu corpo espírito, o corpo da ressureição pela sua paixão.

Ser homem significa receber com gratidão, na Terra, as dádivas divinas e utilizá-las num processo de aprendizado, de desenvolvimento para se tornar um ser espiritual. Este ritmo alternado entre vigília e sono, entre mundo e espírito será sempre bem conduzido por Cristo. Ele conduz nossa alma no sono à sua luz, à sua força. Ele permeia nossa alma na vigília com a consciência do Eu Sou. O Eu Sou em Cristo.

Esse maravilhoso ritmo da alma, instituído no ritmo de vigília e sono, poderá ser conquistado pelo Eu Sou, que a cada momento poderá em plena fé se elevar às alturas do espírito, receber as bênçãos das palavras de Cristo para poder superar todas as trevas e fraquezas da alma!

Cristo é o guia das almas, o pão da vida. Sigamos a caminhada da vida com Ele. A sua luz e sua força, em nossa alma, irão cada vez mais permeando e transformando o nosso corpo, curando-o das doenças e atribulações, elevando-o ao espírito.

Helena Otterspeer