Referente à perícope do Evangelho de João 1, 18-28
Quando uma árvore forma seus frutos, ela atinge o seu apogeu de desenvolvimento. Suas raízes, seu tronco, suas flores e suas folhas, todos interagiram para que enfim o fruto amadurecesse. Esse fruto é uma dádiva de vida, da árvore para outros seres vivos, para a Terra! O fruto não se define pelo que alcançou quando maduro, mas pelo que significa para a vida dos reinos da natureza, da humanidade e da Terra. O que se formou desde as amplidões solares e desde a atmosfera e ao longo do ciclo anual de tempo e que convergiu para um centro para um ponto, que então podemos ver no interior do fruto, na semente, encontra o seu sentido novamente na ampla periferia, na vida! Para isso, tem que se doar completamente.
João Batista pode ser visto como o representante daquilo de mais elevado que já tinha sido alcançado pela humanidade até a sua época. Poderíamos dizer que nele brilha a imagem do homem à semelhança de Deus, como nos primórdios da criação divina. Quando então é questionado sobre a sua própria individualidade, ele responde repetidamente: “Eu não sou…”! A princípio esta resposta nos desconcerta, não compreendemos, sobretudo sabendo que, segundo o próprio Evangelho, nele reapareceu o espírito de Elias, como havia sido profetizado para antes da vinda do Messias.
Das amplidões celestes, pela atuação e guia dos seres angelicais se formou o ser humano ao longo dos consecutivos ciclos solares zodiacais, passando pelas diferentes épocas culturais da antiguidade, até o momento em que no interior da alma humana se torna eminente o despertar do Eu Sou Divino. O ser humano foi formado em seu corpo à imagem de Deus e passo a passo foi conquistando a sua consciência espiritual, como testemunha da luz e vida divina em toda a criação. Esta consciência alcançada num ponto quase imperceptível em todo o Universo, dentro da alma humana, não se define por si mesma, mas é como a chave, a porta para um novo atuar em comunhão com os seres divinos, uma atuação cósmica universal. João não nega mais, e afirma, sim, que batiza nas águas do Jordão, preparando para o batismo que no futuro viria a ser feito em Espírito pela força do Cristo na alma, pela força do Eu Sou Divino.
Como na imagem de Leonardo da Vinci acima, pressentimos que a força do Eu Sou, que sutilmente emerge da alma humana, não aponta para si mesma, mas para a força primordial do Verbo divino, para a sua Luz e Vida. Assim vai se fortalecendo o impulso férreo na alma humana de querer atuar para que toda a criação possa ser consagrada ao divino e assim seja revelado o sentido de toda a evolução: que do coração humano venha a irradiar o amor universal, assim com ele foi irradiado no momento da morte na cruz. Amor universal, à disposição incondicional de querer atuar para o bem, segundo a vontade divina!
Helena Otterspeer