Referente ao Evangelho de João 16: 1-33
No meio do prado paradisíaco primordial, erguia-se uma árvore solitária, com seus galhos estendendo-se em direção ao céu, como suplicantes em busca da graça divina, a árvore da vida. Ao lado dela, outra cujo fruto lançará o ser humano na fatídica luta pelo conhecimento do bem e do mal, a árvore do julgamento. Aí estão as raízes da nossa jornada terrena, entrelaçadas com a própria essência da existência. À medida que atravessamos a paisagem das nossas vidas, a alma humana encontra-se enredada numa dança paradoxal entre a virtude e o vício, atraída inexoravelmente para o fruto da árvore do julgamento. Com cada escolha, cada decisão, navegamos no labirinto da moralidade, lutando com as complexidades do bem e do mal que definem a nossa condição humana. Mas entre as sombras da dúvida e do desespero, brilha um farol de esperança, um símbolo de redenção e renovação. É a cruz do Gólgota, outra árvore simbólica, onde Cristo, através do seu sacrifício e ressurreição, nos oferece a promessa da salvação.
Através da sua graça divina, voltamos a ter a possibilidade de acesso à árvore da vida, e as nossas almas podem ser libertadas das algemas do pecado que nos separam de nossa fonte primordial. Para isso somos agraciados com um dom sagrado: o Espírito Santo, enviado por Cristo para iluminar as nossas mentes e nos guiar para o despertar espiritual.
É através da nossa comunhão com Cristo, alimentada pela luz do Espírito Santo, que podemos ser convencidos, caso estejamos suficientemente despertos, da verdadeira natureza da nossa condição sujeita ao pecado, à justiça e ao julgamento; do pecado de não crer no Cristo, que é a nossa fonte de vida, da justiça pelo fato de ele ter ido ao Pai e poder agora estar disponível para todos nós e do julgamento por nos condenarmos junto com o príncipe deste mundo se preferirmos estar com este. Com esse discernimento podemos então livremente fazer a escolha pela redenção.
Vamos, então, atender a esse chamado, abraçando o poder transformador do amor de Cristo. Pois em nossa jornada rumo à árvore da vida, encontramos não apenas a redenção, mas também a promessa eterna da comunhão divina, distinta da original, pois no processo alcançamos consciência.
Carlos Maranhão