Época de Epifania
Reflexão para o domingo, dia 10 de janeiro de 2021.
Referente ao perícope de Mateus 2, 1-12
Em 6 de janeiro celebramos o dia da Epifania, dia da manifestação divina na Terra, dia do aparecimento do Cristo na Terra. Há dois eventos ligados a esta data, por um lado o dia em que os reis do Oriente vieram adorar o menino Jesus trazendo-lhe os presentes: ouro, incenso e mirra; por outro lado, o dia do batismo no Rio Jordão trinta anos depois, pois é o dia da entrada de Cristo no corpo de Jesus.
A simbologia desta festa ainda não está incorporada nos costumes de celebração do mundo cristão como ocorre com o Natal e a Páscoa. Mas podemos no futuro conscientizarmo-nos cada vez mais, incorporando esses símbolos como forças da alma que depositamos aos pés do Cristo como presentes na forma de nossa própria transformação. Os presentes aos reis fazem parte de uma tradição milenar em que outros reis vêm prestar homenagem na coroação de um novo rei, reconhecendo-o como rei. No caso dos reis magos do Oriente, há o reconhecimento por parte destes daquele que se tornará o Rei dos Reis, aquele que veio para redimir a humanidade de seu distanciamento do mundo divino, encaminhando-a em um longo percurso de retorno à unidade e de desenvolvimento da consciência. Eles presentearam com ouro, simbolizando a sabedoria, com incenso, símbolo do sacrifício, a substância que junto com a fumaça que se eleva no altar com as palavras de oração no ofertório do culto sagrado; e finalmente a mirra, que nas cerimônias de sepultura perfumava o corpo físico do falecido, que enquanto vivo havia abrigado em sua substância a própria substância divina.
Assim, aprofundando-nos no mistério desta festa de Epifania, oferecemos nossos presentes ao Cristo na forma do símbolo áureo: nosso propósito de reconhecer no fundo da alma sua direção espiritual, crescendo em conhecimento espiritual; do símbolo do incenso: a mais elevada virtude humana, o sacrifício daquilo que levamos na alma, transmutando sentimentos indignos em sentimentos elevados, dando lugar ao Cristo em nós, e finalmente a mirra: a força do nosso ser mais profundo na forma de uma vontade inabalável colocada à disposição de Cristo.
Assim, o que oferecemos na forma de presentes ao Cristo, não deixa de ser na verdade um presente de Cristo a nós mesmos, pois sem sua força não poderíamos crescer nele.
Carlos Maranhão