Reflexão para o domingo, 11 de abril

Época de Páscoa

Referente ao perícope de João 20, 10-29

“Chega aqui o teu dedo,
e vê as minhas mãos;
chega a tua mão,
e coloca-a no meu lado;
não seja incrédulo
mas tenha fé.“
João 20, 27

Uma ferida provoca dor, e a dor provoca consciência para, muitas vezes, uma parte do nosso corpo que nos é inconsciente. O processo de cura que então se desenvolve é algo maravilhoso. O corpo tem a possibilidade de constituir sua própria integridade. Com o tempo superamos a dor, fecha-se a ferida, o corpo se recompõe. Mas esse processo tem os seus limites. Às vezes o ferimento nos deixa apenas uma cicatriz, mas, se for profundo demais, além da possibilidade de o corpo se recuperar, em casos extremos pode levar até a morte. Mas quando o corpo consegue se recuperar, pode significar para nós mais uma experiência de vida, mais um aprendizado, mais uma possibilidade de amadurecer o nosso ser. Vivenciamos não só os ferimentos em nosso corpo, mas muito mais os ferimentos em nossa alma. No nível anímico, as feridas superadas têm um significado ainda maior para o nosso desenvolvimento. É um conhecimento importante para a nossa vida perceber que não nos desenvolvemos tanto pelas alegrias que passamos, mas muito mais pelos sofrimentos. Aqueles sofrimentos que abalaram o nosso ser, mas perante os quais encontramos esta força maravilhosa de nos reestabelecermos, é o que mais nos ajuda em nosso desenvolvimento. Não somos os mesmos depois de uma crise superada: crescemos interiormente, amadurecemos.
O Cristo Ressurreto, em seu encontro com Tomé, se deixa reconhecer pelas feridas em suas mãos, em seu lado. Tomé toca suas feridas e reconhece-o.
Também nós, muitas vezes, tocamo-nos uns aos outros, em nossas feridas. Isso pode acontecer sem cuidado, com preconceitos e até com alguma má intenção, provocando novamente uma dor. Mas também pode acontecer com carinho, sem julgamento, somente com o impulso de querer reconhecer no outro a sua verdadeira essência, que, em grande parte, é o fruto dos sofrimentos que se passa pela vida.

João F. Torunsky