Reflexão para o domingo, 11 de outubro

Referente ao perícope de Apocalipse 12

Poderíamos pensar que a imagem da mulher vestida de sol com a lua a seus pés poderia personificar a sabedoria cósmica que se manifestou desde tempos imemoriais como Ísis-Sofia ou mais tarde como a Virgem Maria. Na Idade Média, as sete artes liberais também eram representadas por figuras femininas. Mas não se tratava apenas de representação simbólica, mas uma personificação como vivenciou Boécio ao se deixar consolar pela grande dama, a Filosofia. Mas isso são águas passadas. A civilização se masculinizou a tal ponto que essas imagens só permanecem como figuras míticas e românticas.
Hoje, poderíamos considerar a emancipação da mulher e contemplar um futuro resgate do eterno feminino, em busca do equilíbrio entre as polaridades como uma tendência inexorável, dependendo apenas de um tempo de maturação das mentalidades. Assim, também o papel micaélico de administrar a inteligência cósmica em nossos tempos poderia tomar uma nova dimensão. Como podemos vislumbrar um espírito comunitário futuro na direção desse equilíbrio entre as forças amadurecidas do Eu e do amor crístico unido às qualidades mais fluidas que abarcam a totalidade com as diferentes características individuais. O ideal de unir a força incisiva e certeira do pensar cósmico objetivo às forças individualizadas do coração. Ou mesmo, se tomarmos a arte como meio de cultivo do sentir e a religião como resgate da integridade do ser humano, reunir o que a história separou: ciência, religião e arte. Sabemos dos perigos de instaurar utopias à força por grupos que tenham decidido arbitrariamente quais são os ideais. Mas pensar utopias não deveria ser proibido, pois ajudam a vislumbrar que tipo de sociedade queremos para o futuro.

Carlos Maranhão