Reflexão para o domingo, 13 de novembro de 2022

Referente ao Apocalipse de João 3, 14-22

A existência da Terra e da humanidade, desde sempre, esteve ligada com desenvolvimento, com transformação contínua de formas de vida e de consciência. O início se deve graças à dádiva divina e a finalidade se apresenta como um estar novamente integrado no mundo espiritual, a fonte de toda a existência.

O que move o desenvolvimento não é tanto o que é conhecido do passado e pode ser compreendido como causa para uma transformação, mas muito mais uma aspiração inerente à toda criatura de voltar ao colo divino, voltar a ser uma parte viva da existência divina. Portanto, o desenvolvimento é movido muito mais por forças do futuro, ele se dá a partir do espírito. O que já constitui um recente órgão para tal no ser humano é o seu Eu, a sua consciência espiritual.

As comunidades são os lugares na Terra onde se acende a consciência espiritual na alma humana e onde os candelabros brilham do altar, como no culto, e os seres humanos aí atuam com os seres divinos. Nestes lugares o verdadeiro desenvolvimento se torna possível. As cartas de João às sete comunidades constituem uma perspectiva de um caminho de desenvolvimento para uma verdadeira vida no Espírito. Elas constituem um apelo para formar e alcançar uma consciência espiritual. Esta consciência espiritual exige uma autoconsciência de cada um. Assim, a carta de João à comunidade de Laodiceia, parte da situação da cidade e de seus moradores naquela época, aponta para um futuro e pode ser vista como um arquétipo de um passo num verdadeiro desenvolvimento, até hoje válido.

Laodiceia significa etimologicamente o direito do povo, o tribunal do povo, o poder do povo. Antigamente se entendia como o lugar onde, em comunidade e diante do mundo divino, se tenta, mesmo na Terra, estabelecer a justiça divina. Naquela época isto significava naturalmente que as ações humanas eram contempladas desde o olhar espiritual, como está escrito no começo da carta.

Nesta cidade florescia naquela época o comércio e seus habitantes gozavam de bem-estar e riqueza. Laodiceia era sobretudo conhecida pelas nobres vestimentas de sua lã negra e de um produto natural para curar os olhos. A água vinha de uma fonte natural de água quente, conduzida de uma região vizinha por aquedutos. Chegava à cidade morna, não sendo apreciada nem para beber nem para os usos conhecidos de água quente.

O apelo da carta é o de transformação, transformação de uma situação terrena conhecida e cômoda, para um estado novo de espírito. A carta menciona que os membros dessa comunidade eram como mendigos cegos e nus, apesar de sua riqueza e de seus recursos, das suas vestes negras e do seu remédio para os olhos. Sim, as vestimentas terrenas e transitórias deveriam ser transformadas nas vestes brancas espirituais. A alma deveria se enobrecer e ganhar uma veste digna para o espírito. Ela deveria se purificar de modo que a riqueza externa pudesse ser transformada em ouro espiritual. A consciência terrena deveria se ampliar até os âmbitos superiores, superando a sua cegueira espiritual.

A comodidade provinda de um bem-estar externo deve dar lugar a uma disposição de se transformar pelas provas do destino.

Sobretudo se trata de reconhecer que a humanidade se encontra num limiar, num portal, somente acessível para os que se mostram dignos de ultrapassá-lo. Este portal pode ser estreito e desafiador, mas os que conseguem penetrar no novo âmbito de vida poderão receber e comungar das novas forças de vida de Cristo. Poderão enfrentar muitas provas, fortalecidos na sua fé.