Reflexão para o domingo, 14 de março

Época de Paixão
Referente ao perícope de João 6
“A alma humana semelha a água
Do céu descende
Ao céu ascende
E renovada, à terra desce
Eternamente!…”
Em Canto dos espíritos sobre as águas de J.W.Goethe

Após a alimentação dos cinco mil, segue-se a imagem dos discípulos em um barco no mar. “Soprava um vento forte e o mar estava revolto”.
Os discípulos avistam Jesus andando por sobre as águas em sua direção. Qual a reação neste momento? Eles ficam com medo.
E o que ouvem? -“Eu Sou. Não temais”. E todo o medo se dissipa.
Qual o elemento onde se dá esse acontecimento? A água. O elemento que melhor expressa as forças vitais e o movimento da alma humana. Após o corpo estar saciado com o bocado de pão e peixe, é chegado o momento onde os discípulos vivenciarão a verdadeira natureza do Cristo Jesus. Sua natureza espiritual. A que atua na esfera sutil das forças vitais e anímicas. A esta visão não estão totalmente preparados, o vento sopra forte e o mar está revolto. O mar está revolto ou as almas assim estão? A visão do Cristo neste elemento traz consigo o desconhecido e o medo se apossa da alma. Porém, quase ao mesmo tempo ouvem o que possibilita à alma encontrar seu “norte”: “Eu Sou”.
A força do EU permeia as almas revoltas que se apascentam, reconhecem a verdadeira natureza do salvador e o acolhem, podendo assim seguir seu caminho evolutivo: “E de imediato o barco chegou junto da margem para a qual se dirigiam”.
É no silêncio da noite quando navegamos pelo mar de estrelas que nossas almas têm oportunidade de vivenciar encontros espirituais. Como nos preparamos para essa jornada? Damos o tempo necessário para nossa alma se apascentar antes da “navegação” noturna, ou adentramos em um mar revolto? Estamos preparados para ouvir e acolher o “Eu Sou” que nos traz o norte de nossa existência e dissipa os medos acumulados ao longo do dia?
Um singelo preparo para os navegantes: a leitura de um belo poema, ou uma oração, ou um bom pensamento e muita gratidão antes da partida. Ao retornarmos na manhã seguinte, provavelmente não nos lembraremos de nossas vivências, mas nem por isso elas deixam de existir. Ter um caderno ao lado da cama e ao abrir os olhos, anotar as primeiras impressões, ou um sentimento ou um sonho, nos auxilia a trazer cada vez mais para a consciência diurna nosso encontro com aquele que nos norteia.
O eterno “Eu Sou”.
Viviane Trunkle