Referente ao Evangelho de João 8:1-12
Ao contemplarmos a imagem vibrante de um prado ensolarado, onde os raios quentes do sol caem em cascata sobre a terra, acendendo um caleidoscópio de cores e dando vida a cada folha de grama e pétala de flor, percebemos como o efeito da luz no florescimento da vida na Terra é palpável e profundo. Do delicado bater das asas das borboletas ao melodioso chilrear dos pássaros, cada criatura desempenha um papel vital na grande tapeçaria da existência, todas conectadas pelo poder vivificante da luz solar. Esse poder criador da luz é o mesmo que no prólogo de João aparece como o verbo divino a partir do qual tudo que existe foi feito. Na alma humana a luz se manifesta de outra forma: o correspondente à luz que nos permite ver as coisas do mundo físico, a luz na alma é o que nos permite conhecer, entender, tornar consciente. Esta luz radiante encontra sua corporificação nos ensinamentos de Jesus, que declara repetidamente: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue nunca andará nas trevas, mas terá a luz da vida”. Nestas palavras profundas, Jesus convida a humanidade a deleitar-se no brilho da verdade divina e a encontrar consolo na iluminação dos seus ensinamentos. Além disso, no Sermão da Montanha, Jesus estende esta imagem luminosa aos seus discípulos, proclamando: “Vós sois a luz do mundo”. Aqui, Jesus capacita seus seguidores a se tornarem portadores da luz divina, brilhando com compaixão, justiça e amor em um mundo envolto em trevas. O Cristo nos convida a abraçar o esplendor da verdade, a incorporar sua luz e a caminhar como faróis de esperança e iluminação num mundo que anseia pela verdade. Como dizia Thomas Merton en suas “Sementes de contemplação”: “ Cada momento e cada evento da vida de cada homem na terra planta algo em sua alma. Pois assim como o vento carrega milhares de coisas invisíveis e sementes aladas visíveis, assim o fluxo do tempo traz com ele germes de vitalidade espiritual que repousam imperceptivelmente nas mentes e vontades dos homens. A maior parte dessas inúmeras sementes perecem e se perdem, porque os homens não estão preparados para recebê-las: pois sementes como estas não podem surgir em nenhum lugar, exceto no bom solo de liberdade e desejo”. Essas sementes nesse solo da alma só poderão frutificar, se forem iluminadas pela luz divina, gerando sabedoria, discernimento, consciência e consequente ação transformadora no mundo.
Carlos Maranhão