Reflexão para o domingo, 22 de setembro de 2024

Lucas 7 – O jovem de Naim

Referente à perícope do Evangelho de Lucas 7

As imagens do Evangelho têm uma validade que ultrapassa as circunstâncias de espaço e tempo de um só acontecimento da virada dos tempos.

O que poderia ser uma melhor imagem para a colheita final do desenvolvimento de toda a Terra do que aquilo que sai do portão de uma cidade em direção ao mundo? A cidade sendo a representante da Terra configurada pela humanidade, pela sua civilização. A Terra, a grande mãe, a que alimenta, que cuida, que partilha o destino e dá à luz o Filho. A humanidade rompeu sua conexão com a natureza, com o divino, tomando seu próprio rumo. Rompeu sua conexão com as forças da vida. Está ameaçada de morte, ou seja, a morte irreversível da alma humana.

É isso que anuncia o cortejo fúnebre saindo da cidade, da nossa civilização. O lamento da viúva pela morte do filho, pela perda do espírito criador divino, é ouvido por muitos hoje. A morte do espírito reflete-se no domínio unilateral da tecnologia, da indústria e do comércio sobre todos os outros interesses dos povos. A morte do espírito é evidente na destruição da natureza que abrange toda a Terra. A Terra chora… A alma humana presa na matéria chora…

Nesse quadro dramático, vemos como vindo de um futuro prometedor, Jesus Cristo. Ele vem ao encontro do cortejo fúnebre com a comunidade de seus discípulos, sentindo grande compaixão pela viúva, pela humanidade abandonada pelo Espírito, pela Terra exaurida das fontes de vida. Ele e seus discípulos param. Ele toca o caixão e fala: “Levanta-te“ e o jovem se levanta e começa a falar. O jovem “Eu da humanidade“ assume a meta da sua evolução e passa a colaborar, a atuar junto com o Verbo divino criador, vivificando o mundo e vencendo as forças da morte, que ameaçam a existência de sua alma.

Isso aconteceu em Naim, que significa “belo”, “adorável“ e também “prados verdes”.

A partir do momento em que, depois da morte na cruz, o corpo de Jesus Cristo tocou o túmulo da Terra até seu âmago mais profundo e foi completamente absorvido por ela, e também mesmo até ao final dos tempos, todo aquele que parar para vislumbrar o Cristo poderá ouvir o seu clamor! Então poderá se erguer vencendo as forças da morte, das trevas e do ódio, conectando-se ao espírito para transformar as paisagens desoladas da Terra e da alma humana em prados verdejantes. E a notícia disso se espalhará por toda parte e o que foi esquecido poderá novamente acontecer, ou seja, honrar e louvar a Deus, viver na certeza de que Deus vive entre nós e nós somos o seu povo.

Helena Otterspeer