Referente ao perícope de João 20, 19-29
Tomé é um precursor do ser humano moderno: aquele que quer provas para acreditar, não se contenta com afirmações de outros para corroborar sua crença, tampouco lhe basta seguir a tradição. Ele quer vivenciar e experimentar por si mesmo.
No Evangelho de João, vemos que Jesus não nega a Tomé aquilo que ele demanda para crer, ou seja atende à sua necessidade de prova ao mostrar-se e convidá-lo para pôr o dedo em sua ferida e, no final das contas, Tomé não necessita fazer isso, pois ao vê-lo já responde: “Meu Senhor e meu Deus”. Não pode haver maior confirmação de um credo do que o reconhecimento da divindade de Cristo.
Hoje não temos mais a possibilidade de ter provas no mesmo sentido que Tomé, o que não significa que não possamos vivenciar o Cristo intimamente. A oportunidade de reencontrá-lo é potencialmente, em nossos tempos, a de encontrá-lo no etérico, pois a partir de sua ascensão, ele se une ao etérico da Terra e passa a estar disponível a todo indivíduo na humanidade que livremente escolha procurá-lo. Vivemos numa época em que não nos contentamos com uma fé cega, queremos não só crer, mas compreender. Essa compreensão, entendimento, conhecimento, inteligência, não são necessariamente algo que resulte de uma comprovação material como seria o caso de uma teoria do conhecimento materialista tal como encontramos nas ciências naturais. É possível uma compreensão profunda advinda de uma teoria do conhecimento que se baseie na ciência espiritual. Esta pode nos proporcionar uma convicção interior que, unida a uma atitude de reverência e veneração pode nos levar à confissão de fé semelhante àquela de Tomé, e aí poderemos dizer: eu não apenas creio, mas eu sei.
Carlos Maranhão