Reflexão para o domingo, 30 de maio

Época de Trindade

Referente ao perícope de Mateus 28, 16-20

Este trecho é o final do Evangelho de Mateus.
O Cristo Ressuscitado, dirige suas últimas palavras, antes da ascensão a seus discípulos e lhes dá uma tarefa:
“fazei discípulos em todas as nações…”
Normalmente é assim que é traduzida esta primeira exortação aos apóstolos, que a partir de pentecostes, saem pelo mundo levando Sua Boa-Nova.
O que significa ‘fazer discípulos’? No texto original grego a palavra é um verbo, que em nosso idioma corresponderia a forma ‘discipular’, ou seja, ativamente, ajudar alguém a se tornar um discípulo.
O que é um discípulo? Em sua origem latina (DISCIPULUS < DISCAPERA) a palavra expressa que é aquele que capta (-CAPERA), apreende o que está além (DIS-) do seu horizonte de conhecimento. Também em grego a palavra (MATHETES = discípulo) provem de um verbo (MANTHANO) que significa aprender, experienciar, perceber, notar.
Estes dois antigos idiomas formaram estas palavras a partir da mesma ideia: aquele que nota, observa, experimenta e apreende o que está fora de si mesmo e com isto aprende algo novo.
Em primeira linha, portanto, tornar-se discípulo significa ter sua atenção dirigida não para si próprio, mas para o mundo e ser capaz de aprender algo a partir da observação e contemplação do que está a sua volta.
Algo simples e ao mesmo tempo complexo!
Nestes tempos em que por vezes prevalecem discursos que reforçam apenas o que faz parte das próprias crenças e dos próprios interesses, um discípulo moderno precisa ter muita força de vontade para observar com atenção, sem preconceitos, a fim de  entender com profundidade e assimilar com interesse para, por fim, poder apreender, o que está a sua volta, mesmo que tais experiências lhe sejam num primeiro momento estranhas, desconhecidas ou inusitadas.
Sem esta predisposição de alma, na verdade não é possível um verdadeiro aprendizado. Se não há aprendizado, não há, portanto, verdadeiros discípulos.
A tarefa que Cristo deixa a todos nós, que queremos tornar-nos Seus discípulos, poderia deste modo ser expressa em termos modernos, mais ou menos no seguinte:
“Ajudai a todo e qualquer ser humano a usar bem seus sentidos para notar, observar o que a vida lhe mostra e com isto ampliar seu horizonte de conhecimento e aprender sempre algo novo”
Se cada um de nós puder atuar deste modo, “despertando” discípulos por meio daquilo que fazemos, será possível pouco a pouco ir realizando a última parte da mensagem de Cristo:
“…e assim estarei convosco, todos os dias, até a consumação dos tempos!”
Pois Ele está em toda parte, à nossa volta. Para encontra-Lo é preciso aguçar os sentidos e abrir o entendimento frente a cada nova aprendizagem.

Renato Gomes