Época de Advento
Referente ao perícope de Lucas 10, 26-38
Neste segundo domingo de Advento, Maria é o foco central. A ela é feita a anunciação da chegada do filho de Deus para salvação da humanidade. Podemos dizer que, por meio dela, a humanidade está grávida e espera o nascimento do menino Jesus? Desde o tempo da queda do Paraíso, a expulsão de Adão e Eva por terem comido do fruto proibido, a humanidade esperava a vinda do Messias para efetuar a inflexão fundamental de redenção. O pintor renascentista Fra Angélico em sua pintura “A Anunciação” representou de modo exemplar a importância desse acontecimento, ao colocar o foco principal no coração de Maria para onde se dirige o Espírito Santo na forma de uma pomba, que emana da mão de Deus com num raio de luz. E no canto superior esquerdo do quadro, há uma pequena representação da expulsão de Adão e Eva do Paraíso. Num único quadro temos esse magnífico percurso evolutivo da humanidade que vai da queda ao resgate. Outro elemento importante na imagem é a atitude de Maria, que após o espanto, a indagação, a incompreensão, acolhe em seu coração sua tarefa com uma inclinação devota diante do anjo anunciador, o Anjo Gabriel, cruzando os braços em seu peito em sinal de total entrega à vontade de Deus.
Essa atitude e gesto é a mais sublime indicação de como nós também podemos acolher em nossos corações a vinda do Cristo. Não consideramos essa festa como algo que nos remete ao passado, mas ao futuro, pois como a própria palavra “Advento” indica, trata-se da festa sobre o que há de vir. E mesmo, considerando que se refere a fatos ocorridos há mais de dois mil anos, a cada ano nós revivemos os acontecimentos e nos preparamos para receber o Cristo vivo. Ele não nos abandonou após sua ascensão, mas permanece disponível para todo indivíduo que o quer acolher. É nesse sentido que a humanidade permanece grávida de Cristo após todos esses séculos, e assim permanecerá até que todos o tenhamos acolhido. Enquanto isso, contemplamos a imagem da Anunciação com veneração e humildade, buscando a abertura da alma para essa recepção.
Carlos Maranhão