Reflexão para o domingo, 7 de fevereiro

Época intermediária

Referente ao perícope de Mateus 20, 1-16

Ao lermos esta parábola, talvez em um primeiro momento ressalte-nos o tema da justiça. Ou, no caso, da injustiça para com aqueles que trabalharam o dia inteiro.

Frequentemente cabe observar em qual contexto uma parábola está inserida. O que ocorreu antes e o que acontece logo em seguida?

A parábola está envolta pelo encontro do jovem rico com o Cristo e a reação de seus discípulos (Mt 19, 16-30) e pelo terceiro anúncio da Paixão, o pedido dos filhos de Zebedeu e os cegos de Jericó (Mt 20, 17-34).

Para muito além da justiça terrena, uma das possibilidades de interpretação é o caminho a ser trilhado pela individualidade humana rumo à evolução espiritual, à sua iniciação no espírito. De encontro a essa atitude de vida humana, o mundo espiritual trilha seu caminho à Terra para nos acolher e apoiar.

A tarefa de reconhecermos a necessidade de transformação, metamorfose e evolução até pode ser conquistada em conjunto, mas o trilhar o caminho cabe a cada um de nós em consonância com nosso ser superior. Em diálogo constante com os mundos espirituais. Tarefa árdua que se apresentaria impossível ao ser humano caso o mundo espiritual não viesse ao nosso encontro.

“…mas a Deus tudo é possível”.

Mt 19, 26

“O reino dos céus assemelha-se a…”

Mt 20, 1

Não cabe a nós julgarmos o que o outro deve receber ou não. Por mais que em muitos momentos da vida nos julguemos aptos para tal, isso somente atesta nossa soberba e prepotência.

Falamos aqui do que receberemos em espírito e quanto a isso ouvimos do reino dos céus: “Me é permitido fazer o que quero com aquilo que é meu.”

Há um desígnio traçado pelo mundo espiritual para cada um de nós. Reconhecê-lo e colocar-se a serviço do Cristo que atua como o guia que nos conduz às alturas espirituais traz consigo a tarefa de concebermo-nos como criaturas do Criador. Traz consigo abrirmos os braços, em liberdade, para sermos pregados à cruz. Traz consigo gritarmos cada vez mais alto por misericórdia para que nossos olhos espirituais finalmente se abram. Nos tempos atuais estamos cada vez mais necessitados da misericórdia divina. Esperancemos que Jesus se condoa de nós, e toque nossos olhos.

Faz-se urgente estarmos vigilantes para esse toque, pois esse será o sinal para cada um de nós: “Levanta-te e segue-me”.

Viviane Trunkle