Referente ao perícope Lucas 15, 11-32
Nossa pátria primordial é o mundo espiritual. Desta casa partimos para realizar nossa missão de vida terrena. Trazemos conosco uma herança celestial. Sobre nosso semblante brilha nossa estrela, centelha divina, nosso mais elevado e puro ser. Nosso tortuoso caminhar pelo mundo terreno, nos leva a esbanjar nossa herança. Trevas encobrem nossa estrela. Nos perdemos de nós mesmos. Muitas vezes sem saber como prosseguir, nos perguntamos: ‘Como cheguei até aqui? Para onde devo ir?’
Perder-se e encontrar-se fazem parte de nossa missão na Terra.
“Viver é uma questão de rasgar-se e remendar-se”
João Guimarães Rosa
“Cair em si” representa o momento onde tomamos consciência de nossos atos, de nossa situação. Talvez de maneira não totalmente consciente miramos nossa estrela, recordamos a casa de onde viemos. “Cair em si” é vermo-nos perante a encruzilhada com a pergunta: Quero seguir “esbanjando” minha herança divina? Quero assumir que me afastei de mim, da minha meta, da minha estrela? Se a resposta for positiva, vemos um ser humano ereto, erguido, permitindo que seu Eu permeie seus atos na Terra. Neste momento a encruzilhada transforma-se em caminho estreito, mas que conduz diretamente ao coração. Nosso relicário, o recôndito mais íntimo de nossa alma. E é nesse espaço onde posso admitir para mim mesma(o): ‘Pequei’ perante os céus (as hierarquias espirituais), perante o Pai e perante meu ser mais elevado. Reconhecer a separação e desejar voltar-se para o plano espiritual requer humildade. Assim como requer humildade dizer: “Faça de mim teu servo, tua serva”. “Não a minha vontade seja feita, mas a Tua”. “Não eu, mas o Cristo em mim”.
O retorno consciente à casa do Pai, durante nossa vida terrena gera imensa alegria no mundo espiritual. Este ato prepara a possibilidade de recebermos uma nova veste: Um corpo de luz radiante. Um anel: A aliança com as hierarquias divinas. Sandálias nos pés: Estrutura e fundamento na Terra e nos céus.
No mais, encerro esta reflexão com Guimarães Rosa…
“Rezar muito e ter fé. Porque as coisas estão todas amarradinhas em Deus”
Viviane Trunkle