“De novo, os judeus pegaram em pedras para apedrejar Jesus. E ele lhes disse: ‘Eu vos mostrei muitas obras boas da parte do Pai. Por qual delas me quereis apedrejar?’ Os judeus responderam: ‘Não queremos te apedrejar por causa de uma obra boa, mas por causa da blasfêmia. Tu, sendo apenas um homem, pretendes ser Deus!’ Jesus respondeu: ‘Acaso não está escrito na vossa Lei: ‘Eu disse: sois deuses?’ ‘Ora, ninguém pode anular a Escritura. Se a Lei chama deuses as pessoas às quais se dirigiu a palavra de Deus, por que, então, acusais de blasfêmia àquele que o Pai consagrou e enviou ao mundo, só porque disse: ‘Eu sou Filho de Deus?’ Se não faço as obras do meu Pai, não acrediteis em mim. Mas, se eu as faço, mesmo que não queirais crer em mim, crede nas minhas obras, para que saibais e reconheçais que o Pai está em mim e eu no Pai.’
Mais uma vez, procuravam prendê-lo, mas ele escapou das suas mãos. Jesus se retirou de novo para o outro lado do Jordão, para o lugar onde, antes, João esteve batizando. Ele permaneceu lá, e muitos foram a ele. Diziam: ‘João não fez nenhum sinal, mas tudo o que ele falou a respeito deste homem é verdade’.”
João 10, 31-41
Jesus se refere aqui ao Salmo 82:
“(…) Não entendem, não querem entender, caminham no escuro; vacilam todos os fundamentos da terra. Eu disse: ‘Vós sois deuses, sois todos filhos do Altíssimo. No entanto, morrereis como qualquer homem, caireis como todos os poderosos’. (…)”
Somos deuses? Podemos nos chamar filhos de Deus? Provavelmente a maior parte do tempo não sentimos isso.
Todos nós temos uma chama do divino em nós. Uma flama que vem do verbo eterno, da palavra de Deus. Esse divino em nós muitas vezes não está visível, coberto pelas nossas preocupações, erros e descuidados. Não temos consciência dele. Não o deixamos brilhar.
Na Época de Pentecostes, na festa do Espírito Santo, podemos nos lembrar da chama divina em cada um de nós. É possível encontrá-la em nosso íntimo e no encontro com outro ser humano. Como a chama de uma vela, ela precisa de cuidado. Precisa de um âmbito tranquilo, de um alimento que pode se transformar em luz e calor, e do pavio onde ela pode se acender. Sem as agitações das nossas preocupações e medos. Para encontrá-la necessitamos de olhos que a veem e coração que a sente.
Com o cuidado necessário, a chama divina brilhará cada vez mais. Fortalecendo o divino em nós, nos tornaremos verdadeiros filhos de Deus e realizaremos sua obra.
Julian Rögge