Reflexão sobre o Evangelho de João, 1 de maio

“Ao anoitecer, os discípulos desceram para a beira-mar. Entraram no barco e foram na direção de Cafarnaum, do outro lado do mar. Já estava escuro, e Jesus ainda não tinha vindo a eles. Soprava um vento forte, e o mar estava agitado. Os discípulos tinham remado uns cinco quilômetros, quando avistaram Jesus andando sobre as águas e aproximando-se do barco. E ficaram com medo. Jesus, porém, lhes disse: ‘Eu sou. Não tenhais medo!’ Eles queriam receber Jesus no barco, mas logo o barco atingiu a terra para onde estavam indo.”

João 6, 16-21

No começo do sesto capítulo, Jesus Cristo realizou o sinal da alimentação dos 5000. Isso aconteceu em uma montanha, em um âmbito especial: “Jesus subiu a montanha e sentou-se lá com os seus discípulos. Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus. Levantando os olhos e vendo uma grande multidão que vinha a ele (…)” João 6, 3-5. A multidão recebeu uma alimentação espiritual.
Agora os discípulos voltam desta situação. Descem a montanha, entram em um barco e estão no mar. Já estava escuro pois a noite havia chegado. A descrição nos indica o lado espiritual desse momento. Eles estão na água. Ela está ligada às forças da vida, as forças vitais. No ser humano as forças vitais estão próximas a alma. Por um lado ela está ligada a esse âmbito e por outro ao nosso espírito. A descrição ‘já estava escuro’ aponta para o âmbito do espírito no qual nós entramos todas as noites. Eles estavam no mar, entre os acontecimentos da montanha e a terra firme na qual queriam chegar. As esferas vitais e do espírito pelas quais passavam estavam agitadas. Nessa situação o Cristo os encontrou, andando sobre o mar. O Cristo aparece para eles no âmbito das forças vitais. Nesse âmbito os discípulos não tinham segurança e estavam amedrontados. Ao contrário deles Cristo está pleno e responde da profundidade de seu ser:
“Eu sou. Não tenhais medo”. O mar se acalma e no mesmo instante eles chegam ao outro lado. O Cristo está seguro em todas as esferas e pode dominá-las.
Sentimos insegurança e medo no âmbito da alma e do espírito? Como ganhamos segurança nessas esferas? O Cristo nos mostra o caminho através do ‘Eu sou’. Ele está seguro em seu ser, em seu eu. Precisamos fortalecer nosso eu, e aproximá-lo cada vez mais da parte eterna de nosso ser para ganhamos segurança nesses âmbitos. Isso fazemos quando estamos ativos internamente em nosso eu: Superando os desafios da vida, olhando e trabalhando os sentimentos da nossa alma e entrando no reino espiritual através da oração e da meditação. E, como os discípulos no barco, nesse caminho para consolidar nosso eu, podemos sempre contar com a ajuda do Cristo.

Julian Rögge