“No dia seguinte João estava outra vez ali, na companhia de dois dos seus discípulos; e, vendo passar a Jesus, disse: “Eis aqui o Cordeiro de Deus”. E os dois discípulos ouviram-no dizer isto, e seguiram a Jesus. E Jesus, voltando-se e vendo que eles o seguiam, disse-lhes: “Que buscais?” E eles disseram: “Rabi (que, traduzido, quer dizer Mestre), onde moras?” Ele lhes disse: “Vinde, e vede”. Foram, e viram onde morava, e ficaram com ele aquele dia; e era já quase a hora décima”.
João 1, 35-39
A primeira frase que Jesus fala no evangelho de João é: “O que você está procurando?” Ele nos desperta com essa pergunta do sono da inconsciência. Esse é o chamado para o discipulado – o chamado dos primeiros apóstolos, mas também é o chamado a cada um de nós em todos os tempos. Não precisamos continuar como antes. A vida não se resume apenas a trabalho, casamento, filhos, construção de casas e aposentadoria. O que estamos procurando? Nada causa mais sofrimento do que relacionamentos desfeitos, amizades terminadas, casamentos desfeitos. Pode-se viver em família sob o mesmo teto e ainda assim não saber nada um do outro. A lista de razões para o sofrimento é infinita, mas fica a questão: O que estamos procurando?
Os dois discípulos que correram atrás de Jesus responderam: “Onde moras?” Onde fica o seu lar? Os dois discípulos estavam procurando um lugar onde pudessem pertencer, onde pudessem ficar. Essa não é a situação da maioria de nós? Em sentido figurado, a busca por um lar também pode significar uma busca por significado, uma busca por sentido. Onde devo dedicar minha vida, onde sou de Deus com meus dons e habilidades, onde posso ser irmão, irmã, pai, mãe, filho, filha?
Jesus leva a busca a sério. Ele convida os dois discípulos: “Vinde e vede!”
Ele pede que eles saiam e sejam tirados de suas vidas antigas.
Os dois discípulos foram convidados, vieram, viram e passaram o dia com Jesus. Entraram na esfera de atividade de Jesus, tornaram-se receptivos, abriram os olhos e os ouvidos, esperavam que algo vital acontecesse. E eles ficaram. Jesus não os força a tomar uma decisão, ele apenas se oferece para que se exponham à sua influência. Uma decisão é tomada somente quando alguém chega, vê e depois percebe que encontrou a resposta. Todos nós também somos convidados. A décima hora é quatro horas da tarde, quase o fim do dia. Não precisamos deixar que o dia termine antes de aceitar o convite.
Carlos Maranhão