“Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João. Este veio como testemunho, para que testificasse a respeito da luz, para que todos cressem por intermédio dele. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz”.
João 1, 6-8
Qual é o propósito da existência? Por que fomos criados por Deus à sua imagem e semelhança? Muitas vezes ficamos perplexos com essas questões, que não são meras especulações filosóficas, mas, principalmente em situações de crise, quando duvidamos de nossos propósitos, e perdemos uma visão de sentido na existência, ou olhamos para o mundo com perplexidade e medo, por não reconhecer tal propósito. Queremos uma resposta que nos ilumine e restitua o sentido, pois aí sentimos, no fundo de nosso ser, que não viemos meramente para subsistir e procriar. Mas se não por isso, então por que? Se Ele houvesse nos criado para sermos meros sobreviventes – a vida para nós perderia todo sentido, mas se foi para manifestar sua bondade e sabedoria em todos seres criados, então o nosso propósito com o tempo seria reconhecer isso. É desse modo que podemos ser testemunhas da divina bondade e sabedoria de Deus, por meio de seu filho, como o foi o precursor João Batista. Como precursores estamos no processo de nos tornarmos o “Eu-sou”, seres auto-conscientes, livres e amorosos. Aquele que já o é plenamente é a luz do mundo que podemos testemunhar. Como dizia Tomás de Aquino: “Ele é a luz essencialmente, nós o somos por participação”. A sua luz ilumina todas as coisas para que, assim, possamos vê-las como elas são. E vendo-as, podemos crer. Por meio do testemunho, podemos crer, não por cega obediência a outro que fala como autoridade. Em grego a palavra para testemunho é Martyria, a mesma raiz da palavra mártir. Os mártires foram testemunhas fiéis, que ofereceram a vida inteira por amor a Cristo e morreram fiéis a sua causa. Portanto somos testemunhas potencialmente, na medida em que podemos reconhecer o Cristo, mas a realização de nosso ser só pode se dar quando nos entregamos totalmente e permitimos que Ele atue em nós para que possamos nos tornar plenos.
Carlos Maranhão