Reflexão sobre o Evangelho de João, 25 de abril

“Depois disso, houve uma festa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. Ora, existe em Jerusalém, perto da Porta das Ovelhas, uma piscina com cinco pórticos, chamada Bezata em hebraico. Muitos doentes, cegos, coxos e paralíticos ficavam ali deitados. Pois de tempos em tempos um anjo descia e movimentava a água da piscina. O primeiro que entrasse na piscina, depois da agitação da água, ficava curado de qualquer doença que tivesse.
Encontrava-se ali um homem enfermo havia trinta e oito anos. Jesus o viu ali deitado e, sabendo que estava assim desde muito tempo, perguntou-lhe: ‘Tens a vontade de ficar curado?’ O enfermo respondeu: ‘Senhor, não tenho ninguém que me leve à piscina, quando a água se movimenta. Quando estou chegando, outro entra na minha frente’. Jesus lhe disse: ‘Levanta-te, pega a tua maca e anda’. No mesmo instante, o homem ficou curado, pegou sua maca e começou a andar. Aquele dia, porém, era um sábado.
Por isso, os judeus disseram ao homem que tinha sido curado: ‘É sábado. Não te é permitido carregar a tua maca’. Ele respondeu: ‘Aquele que me curou disse: Pega tua maca e anda!’ Então lhe perguntaram: ‘Quem é que te disse: Pega a tua maca e anda?’ O homem que tinha sido curado não sabia quem era, pois Jesus se afastara da multidão que se tinha ajuntado ali. Mais tarde, Jesus encontrou o homem no templo e lhe disse: ‘Olha, estás curado. Não peques mais, para que não te aconteça coisa pior’. O homem saiu e contou aos judeus que tinha sido Jesus quem o havia curado. Por isso, os judeus começaram a perseguir Jesus, porque fazia tais coisas em dia de sábado. Jesus, porém, deu-lhes esta resposta: ‘Meu Pai trabalha sempre, e eu também trabalho’. Por isso, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, pois, além de violar o sábado, chamava a Deus de Pai, fazendo-se assim igual a Deus.”

João 5, 1-18

A esfera da vida é fortemente ligada à água. Sem água, a vida não é possível. Isso podemos observar na natureza, no reino dos animais e nos seres humanos. Através da água, as forças vitais podem se unir ao mundo físico. Na água elas convergem e possibilitam vida nova. Na entrada de Jerusalém havia uma piscina que recebia as forças vitais do mundo espiritual. Daí surgiu a possibilidade de curar os enfermos que entravam naquela água. Havia um homem que estava deitado, enfermo há muito tempo. Ele perdera a força de se levantar e assim a possibilidade de entrar na água.
A força de se erguer e agir no mundo é uma das qualidades centrais do ser humano. Ela está muito ligada à nossa vontade. Sem ela nós ficaríamos deitados o dia inteiro e não atuaríamos no mundo. A essa força, Cristo apela quando pergunta se ele tem a vontade de ser curado. Se tem a força de se erguer e lutar contra a enfermidade. Na resposta, fica claro que ele ainda não tem as forças da vontade em mãos. Ele olha para os impedimentos externos. Porém o ‘levanta te’ desperta sua força da vontade e mostra como o Cristo está ligado a essa qualidade. Ele se levanta, anda e leva a maca. Recuperando assim o impulso de se erguer e atuar no mundo.
Temos a força da vontade em nossas mãos? Podemos nos erguer e curar as nossas enfermidades? Ou estamos esperando impulsos externos? Provavelmente, cada um de nós pode encontrar em sua vida interior ou no dia a dia momentos onde ficamos ‘deitados’ esperando impulsos externos. Percebendo esses momentos podemos nos erguer e atuar para mudá-los. Essa atividade exercitará e aumentará a nossa força de vontade. Assim crescerá a possibilidade de superarmos maiores desafios. Com a força da vontade desenvolvida, nos tornaremos, passo a passo, companheiros do Cristo nas grandes batalhas do mundo.

Julian Rögge