Reflexão sobre o Evangelho de João, 5 de maio

“Jesus falou estas coisas ensinando na sinagoga, em Cafarnaum. Muitos discípulos que o ouviram disseram então: ‘Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?’ Percebendo que seus discípulos estavam murmurando por causa disso, Jesus perguntou:
‘Isso vos escandaliza? Que será, então, quando virdes o Filho do Homem subir para onde estava antes? O Espírito é que dá a vida. A carne para nada serve. As palavras que vos falei são Espírito e são vida. Mas há alguns entre vós que não creem’. Jesus sabia desde o início quem eram os que acreditavam e quem havia de entregá-lo. E acrescentou: ‘É por isso que eu vos disse: ‘Ninguém pode vir a mim, a não ser que lhe seja concedido pelo Pai’’.
A partir daquele momento, muitos discípulos o abandonaram e não mais andavam com ele. Jesus disse aos Doze: ‘Vós também quereis ir embora?’ Simão Pedro respondeu: ‘A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus.’ Jesus respondeu: ‘Não vos escolhi a vós, os Doze? Contudo, um de vós é um diabo!’ Ele falava de Judas, filho de Simão Iscariotes, pois este, um dos Doze, iria entregá-lo.”

João 6, 59-71

Nesse trecho do evangelho percebemos como as palavras de Jesus eram fortes. Nem todos dos seus discípulos conseguiram ouvir, entender e suportá-las. Eles ficaram escandalizados e deixaram de segui-lo. Só o círculo mais próximo de Jesus, os doze que ele havia escolhido, ficou. Nesse momento tenso, Simão Pedro reconhece o Cristo:
“Tu tens palavra de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus.”
Ele vê se revelar em Jesus, o Cristo, o Logos, o Verbo divino que em tudo atua desde o princípio. E que tem o poder de dar a vida eterna.
Cada um de nós, tem em si, um sopro do Verbo divino. Percebemos isso em nossa palavra: ela tem bastante poder. Com ela machucamos ou curamos, transmitimos amor ou ódio. O que falamos entra direto no coração do outro e pode ferir ou sanar imediatamente. A palavra é mais poderosa que qualquer arma ou qualquer remédio. Como cultivar esse sopro do divino em nós? Como trazer cada vez mais a palavra sanadora para o mundo?
Ao reconhecermos a força de nossas palavras e sua potência em ferir ou sanar, cuidaremos melhor do que falamos. E podemos nos abrir para o Verbo divino, para o Cristo. Em cada oração e meditação damos espaço para Ele em nossa alma. Assim seguiremos o caminho do apóstolo Paulo: “Não eu, mas o Cristo em mim.” Isso nos traz a possibilidade de deixar fluir sempre mais a vida do Cristo através das nossas palavras.

Julian Rögge