Procurando a harmonia com o Divino e com nós mesmos
Durante a nossa biografia passamos por várias fases. Talvez a maior mudança que temos é na passagem da infância para a fase de se tornar adulto.
Isto se nota nitidamente no desenvolvimento do corpo e das forças anímicas. Espiritualmente iniciamos o caminho de ter liberdade e assumir responsabilidade. Eram os pais que decidiam e assumiam a responsabilidade na infância. Na fase adulta, somos nós mesmos que temos que tomar decisões e assumir a responsabilidade.
Na fase de aprendizagem de se tornar adulto isto pode se desenvolver em um impulso de revolta, de procura de autonomia pela separação. O adulto, centrado em si mesmo, pode então refazer um relacionamento livre e amoroso com seus pais.
Estas qualidades, que vivenciamos na nossa biografia, encontramos também na história da humanidade. No passado, em relação à liberdade e à responsabilidade, a humanidade viveu uma fase como da infância: necessitava da tutela de uma autoridade que tomasse as decisões por ela assumindo suas responsabilidades. Isto foi procurado no relacionamento com Deus, em uma autoridade religiosa, em uma autoridade política. Por último se procurou a ciência como autoridade.
Desde o século XV a humanidade entrou em uma fase de “adolescência”, procurando a liberdade e se rebelando contra autoridades, principalmente as religiosas.
Hoje, no século XXI, estamos na fase de, como humanidade, nos tornarmos adultos. Isto significa tomar em liberdade decisões para a própria vida e assumir a responsabilidade, procurando um relacionamento adulto com o Divino. Este desenvolvimento, tanto do indivíduo, como da humanidade, se reflete na forma dos sacramentos, principalmente no sacramento que no passado se chamou de confissão, e que hoje na Comunidade de Cristãos damos o nome de Diálogo Sacramental.
A confissão, como era realizada no passado, confessando pecados, cumprindo uma punição, recebendo uma absolvição, reflete um relacionamento com o Divino em uma fase onde a humanidade ainda não tinha a possibilidade de tomar decisões livres e assumir responsabilidades. Este é o relacionamento que nós, como adultos, temos hoje com as crianças.
A forma como o sacramento do Diálogo Sacramental se realiza procura formar um relacionamento adulto com o Divino. Queremos ser livres. Mas queremos também, nesta liberdade, não sermos escravos do nosso próprio egoísmo. Precisamos de ajuda para superar o egoísmo e assim realmente em liberdade sermos responsáveis.
O Diálogo Sacramental pode neste sentido ser uma ajuda para encontrarmos uma harmonia com o Divino e com nós mesmos.