Reflexão para o domingo, 21 de agosto

Referente ao perícope de Lucas 18, 35-43

Heráclito, o antigo iniciado de Éfeso cunhou nas palavras: „tudo flui“ (Panta rei) uma profunda verdade. Tudo está em constante transformação, em constante devir. No fluxo da transitoriedade das coisas o ser humano pode sofrer muito nas crises do seu destino, sem poder ver o sentido dos acontecimentos, sem poder discernir a vontade divina, a meta espiritual no desenvolvimento da Terra. Ele então se encontra mendigando como o cego de Jericó à beira do caminho, que não percebe que está se manifestando diante de si uma força divina, eterna que já atua desde os primórdios dos tempos e está construindo o futuro. Ele se encontra deploravelmente à margem do caminho, à margem dos acontecimentos decisivos.
No entanto, o ser humano é questionador, ele quer romper as muralhas da transitoriedade para fundamentar sua existência no eterno, no espiritual. Assim o cego questiona sobre o movimento da multidão e fica sabendo que Jesus de Nazaré está passando! O cego eleva sua voz e chama por Jesus, filho de Davi. Nas suas palavras reside o sentido pela atuação do eterno no mundo sensível, transitório. Davi foi escolhido por Deus, desde sua infância, foi ungido por Samuel, se tornou o rei dos israelitas, apesar de muitas perseguições e perigos. Ele teve a visão do templo em Jerusalém, que então pode ser construído por seu filho Salomão. Enfim, apesar de todos os seus desvios e erros, ele conseguiu acolher em sua alma a força messiânica prometida para o povo israelita. Em seus salmos ouvimos palavras que mais tarde foram proferidas por Cristo, Ele mesmo!
Duas vezes se ouve o clamor alto do cego. Jesus Cristo para, resgatando aquele que se encontrava à beira do caminho e inserindo-o no fluxo dos acontecimentos. Jesus Cristo pergunta pela intenção do cego, sua pergunta é um estímulo para que este se torne consciente da sua natureza espiritual e aspire por fundamentar sua existência neste âmbito. O cego responde: “que Eu veja!“. No “Eu sou“ se manifesta o elemento espiritual eterno no fluxo da transitoriedade terrena. O cego, tendo ele mesmo despertado a força crística em si, faz a diagnose da sua “doença“ e prescreve a sua “cura“. Jesus Cristo apenas sela este processo com as palavras: “a tua fé te curou“. Com estas palavras os olhos do cego se abrem, como se caísse a muralha que o separa do espírito, como se ele tivesse encontrado a fonte de uma nova existência, a fé. Também a cidade de Jericó, considerada a mais antiga cidade do mundo, se formou como um oásis na região árida da Judeia, em torno de uma fonte. Outrora, quando o povo israelita, liberado do jugo egípcio, voltou à terra prometida e atravessou pela primeira vez o Jordão, Jericó foi a primeira cidade que “conquistou“. As poderosas muralhas caíram diante da força espiritual dos israelitas que, guiados por Joshua (outra forma do nome Jesus) e carregando a arca da Aliança com as tábuas da lei, circundaram por dias as muralhas da cidade de Jericó ao som das trombetas. Assim o povo israelita pôde conviver com os povos vizinhos exercendo sua missão espiritual.
O cego que se tornou vidente, vidente espiritual, segue o Cristo e manifesta a atuação divina em sua atuação. Agora ele mesmo será um portador do Espírito, um cristão e outros poderão conquistar a visão espiritual e louvar a Deus em pensamentos, sentimentos e ações.
Com o cego curado continuamos nosso caminho em várias etapas, até a festa de Micael. Queremos estar imbuídos pela força da fé. Queremos poder contribuir para o fluxo dos acontecimentos, que no momento muito nos abalam, no sentido de Cristo. O seu caminho o levou das profundezas de Jericó, situada a cerca de 300 m abaixo do nível do mar, às alturas do Gólgota em Jerusalém, quase 1000 metros mais elevada. Para os olhos exteriores se desenrolou o maior drama da Humanidade. Jesus Cristo sofreu a morte da Cruz! Para os olhos espirituais se iniciou a Ascensão da natureza terrena do ser humano para uma existência espiritual eterna!

Helena Otterspeer

Reflexão para o domingo, 14 de agosto

Época de Trindade

Referente ao perícope de Lucas 9, 1-17

Qual o significado do pedido de Jesus aos apóstolos de dar de comer à multidão? O feito pertence à preparação dos discípulos em seu primeiro envio para ensinar o evangelho e curar. Nesse contexto a multiplicação dos pães não se trata meramente de saciar a fome física, mas sobretudo a fome espiritual das pessoas. O ensinamento de Jesus com relação aos discípulos, que se estende a nós em nossos dias é de nos outorgar seu poder de sanação do mundo. Os discípulos pensavam que não tinham nada ou quase nada. E a verdade é que tinham bastante como nós temos bastante.  Temos bênçãos de todo tipo, bênçãos materiais, talentos, tempo, habilidades e bênçãos espirituais. Aqui vale o princípio da abundância, não da escassez. Podemos achar que não temos muito, mas temos. E Ele não pede o que não temos. Na história, pão e peixe são multiplicados. Jesus pode transformar qualquer coisa em qualquer coisa que ele queira, como Ele fez quando transformou água em vinho. Se exercitamos para fortalecer nossos músculos, teremos músculos mais fortes, se exercitamos para executar um instrumento com maestria, assim será. Se plantarmos trigo, teremos trigo. Se plantarmos milho, teremos milho. Jesus nos ensina a sermos multiplicadores. Consequentemente, o princípio da multiplicação divina de Deus pode ser considerado multidimensional. Se queremos ser abençoados, aprendamos a oferecer ações de bondade. Dar é dar-se de si mesmo. Começamos a operar em nossa vida hoje para sermos como Jesus amanhã. Quando Ele nos alimenta, Ele nos ensina também a nutrir. Ele nos pede para alimentar as multidões oferecendo os dons com os quais fomos dotados. À medida que distribuímos o alimento espiritual, ele aumenta e enche a nossa alma. Assim como a multidão recebeu o alimento físico dos pães e peixes em ação de graças, nós recebemos o alimento de pão e vinho em comunhão pelo alimento espiritual do corpo e sangue  do Cristo quando nos aproximamos dele com fé.

Carlos Maranhão

Reflexão para o domingo, 31 de julho

Referente ao perícope de Mateus 7, 1-14

Encontramos logo a trave no olho do outro, mas não a enxergamos em nosso próprio olho. É muito mais fácil observar as necessidades de desenvolvimento do outro do que nossas próprias.
Desenvolver uma consciência de nós mesmos e enxergar onde precisamos nos  desenvolver é um caminho muito árduo. Não é fácil ver as próprias sombras, falhas e erros. Porém, é um passo necessário em nosso caminho de vida e em nosso desenvolvimento. Pouco a pouco esse caminho nos dará a possibilidade de trabalharmos nossas sombras e de fazermos aparecer nosso verdadeiro ser. Com o percorrer desse trabalho e a transformação de nossas falhas, teremos cada vez mais a possibilidade de ajudar o outro. Esse caminho de desenvolvimento nos dará as ferramentas para nos colocarmos a serviço do outro, da Terra e do mundo espiritual. Através desse caminho de autodesenvolvimento, nós nos tornaremos cada vez mais colaboradores dos céus.

Julian Rögge

Reflexão para o domingo, 24 de julho

Referente ao perícope de Marcos 8, 21 e 9, 1


Batismo: rio Jordão embaixo a esquerda, derramando águas para baixo.

Simão se prepara com seu irmão André para a jornada, partindo da frutífera região da Galileia ao norte para a árida região da Judeia ao sul, seguindo assim o curso do rio Jordão. Jordão significa em hebraico “aquele que corre para baixo, sempre descendo”. De fato, o rio Jordão nasce ao norte nas altas encostas do Monte Hermon, forma o mar da Galileia aos pés da montanha e deságua no Mar Morto no sul da região. Como seu nome indica desce das alturas da sua nascente até as profundezas do Mar Morto, região em que se encontra o ponto mais baixo da superfície da Terra.
Chegando à Judeia, Simão ouve o chamado de João Batista: “mudai os vossos sentidos” e, com seu irmão, é batizado nas águas do Jordão. Também nessa ocasião Jesus é batizado por João Batista nas águas do Jordão. Pouco depois, André e Simão se encontram com Jesus, que logo anuncia que Simão deverá se chamar Pedro.
Jesus e também Pedro e André retornam para a Galileia. Um dia, Jesus vendo Pedro e André pescarem no mar da Galileia reconhece-os como verdadeiros pescadores, ou seja, pescadores de almas humanas e os convoca para serem seus discípulos. Assim, na atmosfera paradisíaca do mar da Galileia com suas margens verdes, André e Pedro seguem Jesus e se tornam testemunhas da Sua nova atuação. Ele cura, libera possuídos dos espíritos impuros e anuncia o evangelho. As palavras de Jesus têm poder imediato; ao serem pronunciadas, logo revelam sua força divina na cura e na transformação do mal em bem. Na casa dos dois irmãos Jesus cura a sogra de Pedro e logo afluem multidões procurando consolo e cura. Pedro também segue seu mestre quando este se retira em lugar calmo para orar…
Chega então o momento em que Jesus concede seu poder aos doze discípulos, que agora são enviados para atuarem eles mesmos em nome do Cristo. Eles poderão agora curar, livrar os possuídos de seus espíritos impuros e anunciar o evangelho.
Jesus segue enfim com seus discípulos para Cesárea Filipi, próxima à nascente pura do Jordão. O que poderia ser uma vivência da força primordial divina nas nascentes puras do Jordão, havia sido pervertido pela presença romana acentuada pela dedicação do nome do lugar ao César. O César usurpava a natureza divina para si e exigia que fosse adorado e venerado como um Deus. Nesse campo antagônico das qualidades de veneração das forças divinas por um lado, e da exaltação dos poderes terrenos por outro lado, Jesus coloca a pergunta mais significativa aos seus discípulos: “O que as pessoas dizem que Eu sou?” E logo a seguir: “E vós, que dizeis sobre quem eu sou?”
Como num relâmpago na sua consciência, abrangendo todos os momentos em que já tinha vivido com Jesus, desde a Judeia com João, até a Galileia como testemunha de Jesus, e agora em Cesárea Filipi, Pedro logo responde: “Tu és o Cristo!” Esta é a verdadeira fonte das águas, da vida pura, o reconhecimento do Cristo em Jesus! Não existe momento mais significativo para um ser humano do que este. Trata-se de um momento de transformação radical, mas também de grande desafio, pois o Cristo na Terra terá que passar pelos vales das trevas, pela morte, para conquistar a nova vida. Este momento pode ser usurpado pelas forças adversas que, evitando o percurso pelas regiões áridas do destino, reivindicam para si o poder divino. Pedro tenta convencer Jesus a não ter que passar pelas provas das trevas e morte na Terra…
Neste sentido este trecho do evangelho inaugura um caminho para a alma humana na segunda metade do ano cristão: o caminho do Jordão. Primeiro das alturas das águas puras para as regiões férteis, ou seja, do despertar da consciência espiritual individual para uma nova atuação sanadora. Depois seguindo pelos áridos vales da Terra, ou seja, pelos escuros abismos do destino até a morte, não para se subjugar as forças da morte como no Mar Morto, mas para poder conquistar a nova vida. Este caminho é percorrido todo ano em dez etapas até a época de Micael. Este caminho dos evangelhos nesta época pode nos fortalecer interiormente ao saber que neste necessário desafio estamos sempre acompanhados pelo Cristo, continuando a levar o Seu espírito na tarefa de cura e de transformação da Terra.

Helena Otterspeer

Reflexão para o domingo, 17 de julho

Época de João Batista

Referente ao perícope de Mateus 11, 1-15

Jesus inaugurou uma nova era. Os velhos tempos terminaram com João Batista. Com Jesus começa o tempo do reino dos céus. Com Jesus, todos os tipos de pessoas podem ter uma vida no reino dos céus agora mesmo. E o menor no reino dos céus é maior do que João. Ao lermos os evangelhos, aprendemos que Jesus convidou todos os tipos de pessoas para o reino dos céus. Jesus convidou a todos, incluindo pecadores. Para os judeus devotos, esse pensamento era simplesmente perverso, uma violação do reino dos céus. Mas pela graça de Jesus, todos indistintamente poderiam tornar-se cidadãos do reino dos céus. E Jesus chamou o menor deles maior do que João Batista. Porque João era um servo de Deus no sentido do Antigo Testamento, embora o maior. João não foi autorizado nem mesmo a chamar Deus pelo nome, mas esses pecadores que pertenciam ao reino dos céus foram autorizados a chamar Deus de Pai. João não era um junco balançando ao vento. Ou seja, João não era fraco e vulnerável, tampouco era influenciado pela pressão de ninguém, mas sim fiel às suas convicções e ao chamado de Deus. Além disso, João não era um homem vestido com roupas macias em palácios reais, mas se vestia rusticamente e estava entregue às forças da natureza. Finalmente, Jesus diz quem João, de fato, era. João era um profeta, mas não um profeta qualquer e sim enviado para preparar o caminho para o Messias. Jesus faz essas duas grandes declarações consecutivas que parecem contraditórias: Primeiro, não há ninguém que tenha nascido que seja maior do que João Batista. Isso é grandioso, mas depois faz esta segunda declaração: o menor no reino dos céus é maior do que João. João é o maior, e o menor no reino dos céus é maior do que João. Como assim? Aqui está o que Jesus está dizendo: a pessoa que conhece Jesus, por quem Ele realmente é e o que Ele realmente fez, tem acesso a algo maior do que qualquer outra experiência daqueles antes da obra de Jesus. A sua vinda faz mudar tudo tão completamente que o menor no reino dos céus, passa a ser, por meio de Jesus, maior do que o maior sem a sua obra. João Batista foi enorme, ele era santo, ele buscou a Deus, ele foi o maior profeta de todos os tempos, mas ele foi o último profeta, pois ele não experimentou nada parecido com o que aqueles que realmente conhecem Jesus podem experimentar. Por isso podemos dizer que já não necessitamos mais de profetas, pois nos tornamos profetas de nós mesmos. Ao estabelecermos relação com O Cristo conscientemente entramos num caminho para nos reconhecer como filhos de Deus, trabalhando para que possamos entrar em seu reino.

Carlos Maranhão

Reflexão para o domingo, 3 de julho

Época de João Batista

Referente ao perícope de João 1, 19-28

João Batista é o exemplo de uma pessoa que se conhece bem e conhece a sua meta na Terra. Ele sabe quem ele não é e tem a sua tarefa: preparar o caminho para o Cristo. Ele se coloca a serviço dessa missão.
Durante a nossa vida, podemos chegar a um momento semelhante. Precisamos aprender a reconhecer quem não somos. Não somos nossos pais, não somos nossos companheiros e nem nossos amigos. Pouco a pouco descobrimos quem realmente somos. No caminho de descobrir nossa individualidade, se revela também nossa meta de vida. Cada vez mais nosso verdadeiro ser se torna visível. Ele, que tem como João Batista a possibilidade de encontrar e vivenciar o Cristo. Nele encontramos nosso verdadeiro ser, nosso guia supremo.

Julian Rögge

Reflexão para o domingo, 26 de junho

Época de João Batista
Referente ao Perícope de Marcos 1,1-11

Nineta Sombart

Há momentos em que desejamos de coração o levantar de um novo dia, um novo início, uma nova compreensão entre os homens, uma forte benção do mundo divino. Há realmente épocas em que parece impossível escapar da opressão, da destruição, de uma espiral de acontecimentos trágicos. De onde pode provir um novo início?
O nome João significa em hebraico „Deus é pleno de graças.“ Poderíamos dizer ainda Deus sempre doa graças: vida, luz, força, a cura de uma doença! Ou ainda: o Eu Sou divino é pleno de graças.
Quem senão o ser humano é capaz de receber a plenitude das graças divinas, tendo sido ele formado à imagem e semelhança de Deus!
Este ser humano enviado por Deus e portador da plenitude das suas graças é João, que vem a ser, portanto, testemunha de Deus, da Sua luz, da Sua vida.
João é aquele que sabe, que acredita que a graça divina pode transformar a natureza e a existência humana, mesmo nas mais profundas crises. João é forte em Deus, com Deus. João persevera nas intempéries. João conhece a natureza humana e sabe prepará-la para receber no momento certo a transformadora graça divina.
João, o Batista, sabia no ano 30 d.C. que era eminente a chegada do Cristo na humanidade, especificamente na alma humana, na alma de um escolhido do povo judeu. Há muito já se dedicava a preparar seus discípulos para isso, apelando pela transformação dos sentidos e batizando nas águas do Jordão. Estes discípulos viriam mais tarde a ser os discípulos de Cristo e seus enviados, seus apóstolos. O espírito do Cristo na plenitude da graça divina iria baixar sobre o escolhido, o preparado e esperado pelo povo judeu há muitas gerações. Nele o espírito do Cristo iria permanecer para sempre e com isso instituir um novo início na evolução da Terra e da humanidade.
Quando Jesus naquele dia se aproximou das águas do Jordão, João o reconheceu, reconheceu também o momento crucial para a futura evolução da humanidade e humildemente o batizou. O espírito do Cristo, do verbo divino primordial baixou como uma pomba e penetrou indissoluvelmente na natureza humana de Jesus. Ali permaneceu transformando a natureza terrena de Jesus, espiritualizando-a. Este foi o grande novo início, o início da atuação de um novo princípio divino na Terra, o princípio do EU SOU do Cristo na alma humana. Para que este princípio pudesse no futuro atuar em cada alma humana, Jesus Cristo teve que fazer nascer das trevas um novo dia, teve que fazer nascer da morte na cruz uma nova vida em espírito.
Hoje o espírito de João ainda vive nas comunidades cristãs, clamando para que transformemos os sentidos e preparemos o caminho para que o EU SOU do Cristo possa penetrar na alma humana, encontrando nela uma morada e permitindo que ela possa assim, reconhecer a realidade da ressurreição. Então, cada dia será um novo dia, um novo início de profundas transformações, superações e vitórias sobre as forças de declínio, de destruição, de ódio. O coração humano pleno das graças divinas no Eu Sou será uma fonte de vida eterna, estabelecendo assim a Paz, a Paz em Cristo.

Helena Otterspeer

Reflexão para o domingo, 19 de junho

Época da Trindade

Referente ao perícope de João 4, 1-26

A passagem nos lembra o salmo 42: “Como o cervo tem sede de água fresca, minha alma tem sede de Deus”. Todos suspeitamos que não basta administrar o dia a dia de alguma forma, que é preciso mais do que um relógio que nos desperta para um dia de trabalho e uma sopa à noite, arrumar a casa e sair de férias uma vez por ano, mais do que trabalho e festa. Mas o que é a vida real, uma vida de esperança, uma vida com sentido? A nossa sede física é momentaneamente saciada, mas a sede de Deus só pode ser saciada pela água viva que Cristo nos oferece. Podemos momentaneamente buscar novos projetos e, enquanto eles nos ocupam, talvez ter a sensação de sentido. Mas uma vez levado a cabo, volta o vazio. Os seres humanos anseiam por realização, significado e valor. Alguns o buscam no sucesso profissional, no poder, na honra, na riqueza e no reconhecimento dos outros. Outros procuram drogas ou álcool. Outros ainda acreditam que outras pessoas podem satisfazer seus anseios. Mas bebendo da fonte espiritual que emana do Cristo, não teremos mais sede no sentido de que sempre estaremos em contato com o Deus Pai através do Espírito. Todos temos sede, independente de origem racial ou condição social. A condição humana que nos faz sedentos é a de viver na Terra separados do mundo espiritual. A água viva que nos é dada por Cristo torna-se a fonte de nossa vida, se a ela nos dedicamos e buscamos. A busca por vezes oscila, é inconstante, fortalece com o sofrimento, mas se perseverarmos nela, ela nos levará inelutavelmente à fonte da água viva.

Carlos Maranhão

Reflexão para o domingo, 12 de junho

Época da Trindade

Referente ao perícope de Mateus 28, 16-20

“Eu estou em vosso meio todos os dias, por todos os ciclos dos tempos.”

Qual mensagem poderia ser mais reconfortante do que esta?

O Ser Solar está em nós. Seus raios podem nos preencher de luz e calor.

Porém, assumimos tanto nossa condição humana terrena que, através dos obstáculos da vida, permitimos que nuvens densas e pesadas encubram todo o brilho solar.
Uma névoa nos preenche de forma a não mais abarcarmos que Ele está em nós.
Faz-se necessário um forte vento para desanuviar nossas almas.
Ao recordarmos, ao longo do ano a chegada do menino Jesus e do Cristo, seus ensinamentos, curas e milagres, o acontecimento do Gólgota e sua ascensão; aquecemos nosso coração em profundo amor pelo Ser Solar. Este calor irradia em direção ao Espírito e ele pode vir em nosso auxílio como o vento sanador.
Aos poucos as nuvens se dissipam e nosso coração encontra o Sol do Cristo em nós.
São momentos em que o percebemos em nosso “meio”, centro, cerne, âmago.
Que sejam fontes de forças vivificantes!

Viviane Trunkle

Reflexão para o domingo, 5 de junho

Época de Pentecostes

Referente ao perícope de João 14, 23-31

Quando uma semente cai na terra ela fica invisível na escuridão. Se ela recebe água e calor suficientes observamos o milagre de um broto sair da terra e crescer em direção à luz. Na escuridão da terra a semente se transformou.
Um processo semelhante acontece com a palavra de Deus, quando ela adentra em nosso coração. Ela também fica invisível. Ela crescerá se assumirmos a tarefa, que para a semente, é ofertada pela natureza. A palavra de Deus precisa do calor do nosso coração aberto, da ‘água’ do nosso cuidado constante e do tempo necessário. Ela precisa do nosso amor. Assim ela se transformará em um broto que começará a crescer.
Criamos as condições para a palavra se desenvolver em nós quando cuidamos desse broto com todo nosso amor. Nesse caminho fortaleceremos nossa relação com a Palavra de Deus e com o Cristo de quem a recebemos. Assim iremos, ativamente, ao encontro da promessa do Cristo e do Pai, de fazerem sua morada em nossos corações. Temos a tarefa de cuidar desse broto e de oferecer com amor as condições para ele crescer cada vez mais.

Julian Rögge