Reflexão para o domingo, 29 de maio

Época de Ascensão

Referente ao perícope de João 16, 22-33


Detalhe do altar de Gent de Van Eyck

„Pedi de coração e ao coração vos será dado.“ Estas palavras do evangelho de João já foram lidas no Ato de Consagração do Homem duas semanas atrás. Elas se repetem, o que é extraordinário na anunciação do evangelho ao longo do ano. Com certeza um forte apelo de Jesus Cristo aos seus discípulos, mas também a todos os cristãos, desde então e por todos os ciclos dos tempos. Também nas orações da época de Ascensão do Ato de Consagração do Homem se fala da força vidente do coração e que os nossos corações louvam o Cristo, que vive no âmbito das nuvens para abençoar a Terra. Pedir de coração significa pedir em nome de Jesus Cristo, que na cruz, depois da sua morte, foi perfurado pela lança de Longinus. Essa lança penetrou no seu lado direito até o coração. Como João então, muito surpreso, descreve no seu evangelho, fluiu sangue e água da ferida. Sabemos pelas vivências visionárias de pessoas estigmatizadas que, embora depois da morte na cruz nada deveria ter fluído da ferida, o sangue e a água jorraram como de uma pura fonte de vida. Este é o sangue que seria recolhido mais tarde no cálice da Última Ceia por José de Arimateia. Este é o Graal que sana todas as dores, sana a doença do pecado.
Na imagem do sangue fluindo do coração de Jesus Cristo na cruz temos uma imagem das forças da ressurreição, das forças de vida eterna que fluem incessantemente através dos sacramentos para o mundo, para a Terra e para a humanidade. Os sacramentos aparecem, assim, como o coração do mundo, o coração que vamos formando e tornando uma realidade quando celebramos em comunidade.
Também o coração do Homem poderá perceber e reconhecer as forças de vida da ressurreição, como no testemunho de João, para então sentir o impulso de seguir o Cristo, percorrer o Seu caminho, se tornando um discípulo e um apóstolo, ou seja, um enviado para a tarefa de transformação do mundo.
Hoje, com o olhar do materialismo, muitos descrevem o coração como uma bomba muscular que provoca a circulação do sangue. Se reconhecêssemos a verdadeira função do coração, o veríamos como um órgão dos sentidos, formado pela circulação do sangue, como caracterizado na ciência espiritual de Rudolf Steiner. A força vidente do coração, um órgão que percebe o calor do mundo, a substância espiritual primordial. O coração como órgão de sentidos está em devir, em constante transformação. No futuro substituirá o cérebro na sua função de alcançar um conhecimento superior do mundo espiritual. Portanto, no futuro, o coração do Homem será um órgão de sentidos para o conhecimento da verdade. Quando isto acontecer, o coração já será um membro do corpo da ressurreição. A chave para o conhecimento da verdade, para o conhecimento superior é a compreensão do mistério da morte e ressurreição de Jesus Cristo. Portanto, a transformação do coração dependerá de cada um. Ele irá se transformando na medida em que se cultiva as qualidades de compaixão e amor como em Jesus Cristo. Assim podemos nos tornar seus discípulos e seus seguidores, como o foi João. João, que durante a Última Ceia, se inclinou sobre Jesus Cristo, como para escutar seu coração, compreender a sua vontade como vontade do Pai e se tornar seu seguidor. João se tornou então o apocalíptico, o que vivenciou a revelação do Filho do Homem através dos tempos, como escreveu no livro do Apocalipse. As 7 comunidades do Apocalipse participam também desta revelação, desta evolução. O homem vai deixando de ser criatura para ser cocriador na obra divina.
Com a transformação do coração também nós participaremos cada vez mais da obra da ressurreição da Terra e da humanidade. O que era passivo órgão de percepção se tornará ativo órgão na evolução, na geração de uma nova Terra e um novo Homem.

Helena Otterspeer

Reflexão para o domingo, 22 de maio

Época de Páscoa

Referente ao perícope de João 14, 1-31

No final vemos que Jesus deu aos discípulos muito mais do que pão, casa e trabalho. Ele lhes deu alimento espiritual, um lar eterno e uma missão de vida. Viver uma vida com Jesus significa viver uma vida qualitativamente completamente diferente da habitual. Esta vida não é nosso objetivo final e não abrange a totalidade de quem somos. Esta vida é uma mera gota no oceano da eternidade e serve como o ponto de partida na maratona que nos conduz ao nosso objetivo de vida eterna. Podemos retardá-lo, podemos gastar tempo, dinheiro e energia trabalhando para combatê-lo, mas não podemos impedi-lo de avançar.

Jesus está nos ensinando que o que realmente devemos nos preocupar não é com esta vida cotidiana, mas com a vida interior, a vida eterna, mas não num além, mas aqui e agora. Podemos viver esta vida de tal maneira que não estamos perseguindo coisas que não duram, mas perseguindo as coisas que duram e têm significado eterno. Esse tipo de vida tem um impacto eterno não apenas para nós, mas também para os outros ao nosso redor. As dificuldades e o sofrimento pelos quais passamos em muitas fazes da vida não são simplesmente acidentais ou merecidos, mas fazem parte da vida e podem tornar-se parte de nosso aprendizado e fortalecimento. Com esta perspectiva podemos vencer o medo, inclusive da morte, pois estamos convictos que a realidade espiritual prevalece sobre os eventos e injustiças terrenas, e permitem que cresçamos espiritualmente e preparemos o futuro. Esse foi o exemplo dos primeiros discípulos de Cristo, mas se torna um exemplo para nós no século XXI ainda mais contundente, pois vivemos a época do despertar da autoidentidade. Esse “Eu sou” desperto, não se satisfaz com qualquer morada. Ele só encontra sentido se percorre o caminho correto, se está a serviço somente da verdade e se vive somente a vida verdadeira.

Carlos Maranhão

Reflexão para o domingo, 15 de maio

Época da Páscoa

Referente ao perícope de João 16

“E agora vou para aquele que me enviou; e nenhum de vós me pergunta: Para onde vais?
Antes, porque isto vos tenho dito, o vosso coração se encheu de tristeza.
Todavia digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, quando eu for, vo-lo enviarei.” (Jo 16, 5-7)

Todos sabemos que não podemos olhar diretamente para o sol, se não quisermos perder a luz dos nossos olhos. Somente por um curto momento nos é possível mirá-lo: em sua coloração vermelha ao levantar-se no horizonte. Mas, quanto ele mais sobe, mais claro e forte fica – o instante passou…

“Que pena”, alguém poderia dizer. Porém o próprio sol poderia nos dizer: “É bom para vocês que eu suba às alturas do céu. Dessa forma toda a minha luz e meu calor vivificante podem chegar a vocês”. Pois quanto mais alto ele sobe, mais ele está aqui.

Somente por um instante na história do mundo o ressurreto pôde fazer-se visível e tangível para seus discípulos. Então ele retirou-se da visão para – assim como o sol – estar cada vez mais aqui.

Quando alguém em orações eleva sua alma para as alturas celestes, não o faz para deixar seu âmbito de vida abandonado com as preocupações e obscuridades, mas para contribuir que a luz espiritual e o calor do amor e o vigor da vida tornem-se fortes e possam atuar – no aqui e agora.

Sacerdote Engelbert Fischer

Tradução livre: Viviane Trunkle

Reflexão para o domingo, 8 de maio

Época de Páscoa

Referente ao perícope de João 15, 1-27

Imaginemos uma videira. Ela tem o tronco principal e dele saem os ramos. Nos ramos há folhas e cachos de uva. Os cachos são formados pelas próprias uvas. Cada uva tem uma ligação com a planta inteira.

“Eu sou a videira verdadeira e vós sois os ramos”, falou o Cristo. Diferentemente da planta, essa ligação com o Cristo não se dá pelas forças da natureza. Precisamos cuidá-la e a fortalecê-la. Do contrário, nossa ligação com o Cristo não frutificará e a perderemos.

Cuidamos dessa ligação ao trabalharmos para o bem da humanidade, ao ajudarmos o próximo e ao estarmos nos lugares onde somos necessários. Cuidamos dela também ao cuidarmos de nós mesmos. A força que se torna visível nesse trabalho é o amor. Amor ao próximo, à vida e a si mesmo. Fortalecendo a ligação com o Cristo, podemos nos sentir como ramos na grande videira da humanidade. Na grande videira que tem em seu centro as forças do Cristo.

Julian Rögge

Reflexão para o domingo, 1° de maio

Época de Páscoa

Referente ao perícope de João 10, 1-16

Imagem do início do cristianismo nas catacumbas

O ser humano atravessa várias portas na sua vida na Terra. Quando nasce passa pela porta que leva a alma da vida pré-Natal para a vida terrena. Quando morre passa pela porta que o leva da vida terrena para a vida pós-morte. Nesses momentos não tem consciência de todos os processos envolvidos nesse passar por um portal, precisa ser assistido e conduzido.
Além disso, todo dia, quando passa do sono para a vigília, abre as portas dos sentidos para perceber o mundo, para agir no mundo.
Assim o ser humano pode vir a ser capaz de conhecer a verdade e agir no mundo para o bem, para a evolução da humanidade, da Terra e do mundo espiritual. Se conseguir alcançar essa elevada meta, viverá em comunhão de vida com os seres divinos e todos os seres da natureza.
No entanto, a realidade hoje ainda é bem diferente. No mundo, no exterior,  conhecemos muitas crises, muita destruição, injustiças; na alma, no interior, medos, angústias, sofrimentos. Desorientado, o ser humano não encontra evidência de uma verdade, portanto não chega a ter confiança para agir para o bem. Até mesmo se ilude com certas soluções, e querendo o bem muitas vezes provoca o mal.
Urge hoje encontrar o guia das almas, o pastor das almas que sabe conduzir o ser humano na sua procura consciente da verdade e na sua aspiração de se tornar um ser livre, soberano da sua vontade, querendo colocá-la a serviço da evolução do mundo e não da sua destruição. O que impede muitos de encontrar esse pastor é a ilusão de que a alma seja propriedade própria e que pode viver independente, como organismo vivo, dos seus laços com a Terra, e dos seus laços com os seres espirituais. Na verdade, por um lado a alma anseia pela comunhão de vida com outros seres, e por outro lado pela força divina primordial una, que tudo abarca. Isso ela pode experimentar na vivência do Espírito em si, do Eu Sou em Cristo. Eu Sou: o bom pastor, que reúne todas as forças da alma, consagrando-a ao Espírito unificador. O bom pastor, que abre a porta do túmulo da alma com seus pensamentos puramente materiais, com seus sentimentos muito pessoais, com suas vontades oportunas. Cristo sacrifica no altar da alma para que nossos pensamentos possam abarcar os conteúdos do mundo, nossa vontade possa vir a ser a vontade do Pai e nós possamos vivenciar a paz.
A porta é Jesus Cristo, é a imitação de Cristo,
é o sacrifício de si para outros, é doar a própria vida, a própria alma,
é conhecer a verdade, é conhecer o nome de tudo e de todos,
é enfrentar o mal pelo amor a Deus e aos seres humanos.
Esta é a porta para a vida eterna, a vida em espírito.

Helena Otterspeer

Reflexão para o domingo, 24 de abril

Referente ao perícope de João 20, 19-29

Tomé é um precursor do ser humano moderno: aquele que quer provas para acreditar, não se contenta com afirmações de outros para corroborar sua crença, tampouco lhe basta seguir a tradição. Ele quer vivenciar e experimentar por si mesmo.

No Evangelho de João, vemos que Jesus não nega a Tomé aquilo que ele demanda para crer, ou seja atende à sua necessidade de prova ao mostrar-se e convidá-lo para pôr o dedo em sua ferida e, no final das contas, Tomé não necessita fazer isso, pois ao vê-lo já responde: “Meu Senhor e meu Deus”. Não pode haver maior confirmação de um credo do que o reconhecimento da divindade de Cristo. 

Hoje não temos mais a possibilidade de ter provas no mesmo sentido que Tomé, o que não significa que não possamos vivenciar o Cristo intimamente. A oportunidade de reencontrá-lo é potencialmente, em nossos tempos, a de encontrá-lo no etérico, pois a partir de sua ascensão, ele se une ao etérico da Terra e passa a estar disponível a todo indivíduo na humanidade que livremente escolha procurá-lo. Vivemos numa época em que não nos contentamos com uma fé cega, queremos não só crer, mas compreender. Essa compreensão, entendimento, conhecimento, inteligência, não são necessariamente algo que resulte de uma comprovação material como seria o caso de uma teoria do conhecimento materialista tal como encontramos nas ciências naturais. É possível uma compreensão profunda advinda de uma teoria do conhecimento que se baseie na ciência espiritual. Esta pode nos proporcionar uma convicção interior que, unida a uma atitude de reverência e veneração pode nos levar à confissão de fé semelhante àquela de Tomé, e aí poderemos dizer: eu não apenas creio, mas eu sei.

Carlos Maranhão

Reflexão para o domingo, 17 de abril

Domingo de Pascoa

Referente ao perícope de Marcos 16, 1-8

As forças femininas da alma humana buscam, na aurora do domingo, o Sol do Novo Mundo.
Ele acaba de nascer e precisa fortalecer seu envoltório.
Elas vem carregando o óleo aromático para seu fortalecimento sem o saber.
Mas, ele não está lá.
Um tremor atravessa a alma.
Ela percebe que a unção não se dará mais em um corpo morto.
O óleo aromático será agora os pensamentos e ações humanos que encontram o Sol do Novo Mundo no próprio coração.
Lá o ressurreto recebe seu envoltório fortificante.
O coração em júbilo pode pronunciar: “Cristo em nós!”

Viviane Trunkle

Reflexão para o domingo, 10 de abril

Domingo de Ramos

Referente ao perícope de Mateus 21, 1-11

Observamos na natureza um fogo na palha. Ele acende rápido, as chamas crescem e o calor aumenta. Logo em seguida o fogo apaga. Só restam algumas cinzas.
Na multidão se acende um grande entusiasmo com a entrada do Cristo em Jerusalém. A alma do povo reconhece a grandeza daquele que está chegando. Porém, a multidão não tem força para sustentar esse entusiasmo. Ela não consegue sustentá-lo, porque ele não é carregado pela força da individualidade. Assim como o fogo na palha, o entusiasmo apaga rápido. No grito da multidão “Crucifica-o, crucifica-o” torna-se visível que só restam as cinzas do entusiasmo.
Como é nosso entusiasmo em relação ao mundo espiritual, ao Cristo? Como o fogo na palha? Ele tem a força de se sustentar também em momentos difíceis?
Aumentamos essa força ao fortalecermos nossa ligação com o mundo espiritual: em momentos de silêncio e oração, na prática da vida religiosa em uma comunidade e na busca individual.
Pouco a pouco, a brasa que sustenta o fogo do entusiasmo pelo mundo espiritual e pelo Cristo arderá em nossos corações.

Julian Rögge

Reflexão para o domingo, 3 de abril

Época da Paixão

Referente ao perícope de João 8, 1-12

Quando naquele dia o sol se levantou em Jerusalém, o espírito do sol em Jesus Cristo se dirigiu novamente para o templo, o lugar em que o ser humano desde épocas muito remotas podia vivenciar a presença de Deus. Assim, o povo se reuniu ao seu redor disposto a ouvir suas palavras e a se colocar sob a sua luz divina, sob o seu calor. O seu ser se espalhou no âmbito do templo alcançando vários corações, mas também revelando todas as imperfeições humanas. A luz messiânica divina ainda não conseguia ser percebida como um novo elemento espiritual na Terra. Apenas um flamejar momentâneo tocava as almas e logo aparecia nelas a dúvida, a desconfiança, o medo. Ainda hoje as almas humanas ficam muito apegadas às convenções vazias, às tradições antigas e às ideias enrijecidas. O verbo vivo, a luz viva do Eu Sou, que se mostrava por breves momentos, ainda não conseguia despertar a confiança de todos; pelo contrário, em muitos espalhava medo, incerteza, até mesmo ódio. O que então se sucedeu, revelou uma imagem espelhada dessa condição humana. A mulher adúltera foi trazida pelos escribas para o meio do círculo. Assim, tornou-se evidente que a alma humana há muito já tinha rompido a sua ligação existencial com o espírito. Os escribas instigavam a atitude crítica do povo, para que a adúltera pudesse ser castigada com a pena de morte, enquanto Jesus tranquilamente escrevia na terra com o seu dedo. A destrutiva e exaltada atitude dos escribas contrastava com a atividade devota e concentrada de Jesus. Esta última deixava pressentir um futuro em que o ser humano dotado do Eu Sou de Cristo deveria conquistar a faculdade de se transformar, de se superar. Para tal, seria necessário que o ser humano viesse a conhecer-se a si mesmo, trilhasse o caminho do autoconhecimento, que conduz ao encontro com o Cristo. Foi então que os escribas, tendo percebido que eles mesmos poderiam ser tomados em questão, se retiram e a adúltera fica no centro, sozinha com Jesus. Uma imagem tão esperançosa de que um dia a alma humana poderá reatar sua ligação com o espírito, com o Cristo. Esta ligação tornará a alma forte, a protegerá de novos desvios. Dotada da graça e benevolência divina, a alma humana é encorajada a seguir para novas etapas de desenvolvimento, pois grandes coisas estavam acontecendo, assim como acontecem até hoje. Suas palavras ainda podem ser ouvidas hoje, como no passado naquela ocasião: “Eu Sou a luz do mundo, quem me segue não caminhará nas trevas, mas terá a luz da vida.” Podemos hoje, passados dois mil anos, pressentir, imaginar o que isto significa? Somos nós aqueles que se juntam ao Seu redor e que poderão realizar a Sua e a vontade do Pai? Somos aqueles que, a cada novo dia, percebem que agora o espírito do sol entra no templo do próprio coração para transformar e rejuvenescer o mundo?

Helena Otterspeer

Reflexão para o domingo, 27 de março

Época da Paixão

Referente ao perícope de João 6, 1-15

“Nem só de pão viverá o homem, mas da palavra que procede da boca de Deus”, diz o Cristo conforme Mateus 4, 4. A multiplicação dos pães no capítulo 6 do Evangelho de João, corresponde ao quarto sinal, dentre os sete, em que Jesus revela sua missão messiânica. O significado específico deste milagre se torna contundente neste quarto sinal, pois não só atende a sede do povo que é atraída pelo milagreiro, mas envia a mensagem para a humanidade futura, quando esta estiver em condições de compreender de que a nossa maior necessidade não é meramente de alimento físico, mas sobretudo de alimento espiritual. Muitas vezes, quando estamos enfrentando dificuldades, caímos na armadilha de olhar as coisas apenas do ponto de vista terreno. Existe um milagre maior que se possa imaginar do que as pessoas olharem nos olhos de outras pessoas e assim reconhecerem como filhos de Deus?
A multiplicação dos pães alude ao alimento espiritual que é nossa necessidade primordial como seres espirituais que somos. No mesmo capítulo 6, ele dirá “Eu sou o pão da vida”, antecipando a mensagem da Santa Ceia que ele vivenciará com os discípulos na Quinta-feira Santa. Eis o mistério da eucaristia, onde o vinho cresce em terreno pedregoso, onde a areia se torna manteiga e pão. E quando comemos do pão e do vinho transubstanciados em corpo e sangue de Cristo, compartilhamos do milagre da vida e bebemos e comemos a palavra sagrada de Deus. Quando Cristo diz a seus discípulos para recolher o resto que sobrou para que nada seja desperdiçado, ele alude ao princípio fundamental da abundância: não desperdiçar o que recebemos como dádiva diária de vida. Recebemos bênçãos abundantes, e Deus nos chama para sermos sábios em nosso uso de suas bênçãos.

Carlos Maranhão