Reflexão para o domingo, 20 de março

Época da Paixão

Referente ao perícope de Lucas 11, 29-36

De Cristo é exigido um “sinal dos céus”.
Uma nova tentação: Abusar das forças divinas para induzir a humanidade em uma direção errada. Também essa tentação é rejeitada. E com isso ressoa a palavra do “sinal  de Jonas”(Jonas 1 a 4). Este é, porém, o sinal dos três dias de repouso do Cristo na terra, assim como Jonas esteve por três dias no interior do “grande peixe” – uma imagem para a iniciação nos mistérios da Terra.
Temos aqui a indicação para a Paixão que conduzirá às profundezas da terra, e que através disso prepara a ressurreição. Com isso a Época da Paixão é iniciada de forma significativa. Cristo se depara com uma humanidade induzida em erro. Ele, porém, não se afasta dela, ele se aproxima, liga-se a ela.
Com a imagem do sacrifício no sinal de Jonas temos a possibilidade de vivenciar como a luz poderá brilhar na consciência turva da humanidade. Assim temos também a palavra iluminada ao final deste perícope: “Ninguém acende uma candeia e a põe em lugar oculto…”, e: “…então todo o teu corpo estará iluminado” – uma indicação significativa da corporeidade entretecida de luz que deve derivar da Paixão.

Tradução livre do livro “O Evangelho no decorrer do ano” de Hans-Werner Schroeder

Viviane Trunkle

Reflexão para o domingo, 13 de março

Época de Trindade

Referente ao perícope de Mateus 17, 1-9

Em nossa vida encontramos momentos nos quais vivenciamos nosso próximo transfigurado. Onde seu verdadeiro ser eterno se torna visível e conseguimos ver sua estrela. Isso pode acontecer ao olharmos nos olhos de uma criança, ao vermos alguém se empenhando em seu impulso de vida e quando sentimos verdadeiro amor por alguém. São momentos efêmeros.
No Evangelho de hoje lemos sobre a transfiguração do Cristo. Os discípulos subiram a montanha e vivenciaram o ser Divino do Cristo. Essa vivência durou pouco tempo. Eles precisaram voltar à Terra.
No dia a dia perdemos facilmente a consciência do ser eterno do outro. Não podemos mantê-la por muito tempo. As dificuldades, conflitos e sombras se sobrepõem a essa imagem verdadeira. Precisamos de um trabalho árduo para subir sempre de novo a montanha, de modo a vermos esse verdadeiro ser. O trabalho de sempre reconhecer o verdadeiro ser do outro nos ajudará em todas as relações sociais.

Julian Rögge

Reflexão para o domingo, 6 de março

Época de Trindade

Referente ao perícope de Mateus 4, 1-11

A existência do ser humano e da Terra obedece a uma sábia ordem cósmica, que pode ser deturpada na vida terrena, no tempo e espaço.
O corpo do ser humano se integra harmoniosamente nos processos de vida da Terra, em todos os reinos da natureza.
Sua alma e seu espírito, ao contrário, vivem nos ritmos ligados às hierarquias angelicais celestes.
As leis de seu corpo são diferentes das leis de sua alma e espírito. Seu corpo, por exemplo, está submetido às forças da gravidade, assim como as simples pedras. As forças da vida, as forças espirituais são as que elevam a natureza terrena para as alturas, como as plantas que crescem, os animais que se movimentam, os homens que pensam e agem livremente.
Desde que o ser humano deixou o Paraíso para trabalhar a Terra, seres adversos, seres caídos, expulsos do mundo espiritual, querem usurpar a corporalidade do ser humano para poder continuar a ter experiências e se desenvolver. Eles criam obstáculos para o desenvolvimento da alma e do espírito do ser humano.
Sendo esses seres mais poderosos que o ser humano, este estaria fadado a abdicar da sua alma e espírito, até a morte definitiva da sua alma.
Sem o espírito a existência terrena vai minguando e definhando como num deserto. Para um tal deserto foi enviado do mundo espiritual o espírito divino criador para restaurar a ordem de vida divina primordial, para que o ser humano supere as forças da morte e se torne um Ser Espírito vivendo com outros espíritos.
O espírito de Cristo é independente, livre, não sujeito a nenhuma influência externa: obedece a si mesmo, se determina a si próprio. Em Jesus Ele trilha e abre o caminho na Terra para que o Eu espiritual do homem possa também vir a agir como espírito de maneira soberana.
O Cristo chega à Terra em Jesus e se depara com a respectiva condição humana da época. O Eu do ser humano estava a ponto de despertar numa condição muito apegada à matéria e à corporalidade. Em outras palavras, a tendência para o egoísmo, ou seja o apego à existência corpórea já se fazia bem forte. Neste momento Jesus se depara com a primeira tentação, sendo impelido a deixar a ordem da vida na Terra pela possível interferência poderosa de Cristo. No entanto, ele se submete humildemente à sua condição humana, consciente ao mesmo tempo da sua meta divina e da colaboração divina incondicional. Jesus Cristo dirá mais tarde: “Tomai com o pão o meu corpo“ Em vez de falar por si, fala por seus discípulos e seus lábios proferem a palavra de Deus, que restaura a comunhão da alma humana com o espírito, o verdadeiro pão da vida.
Também nas outras tentações Jesus não reivindicará seu espírito em prol de sua existência terrena, mas de sua existência espiritual, assim como a de toda a humanidade e da Terra. O caminho do Cristo é o caminho do Eu Sou, cujo único poder é o poder do amor, do sacrifício da própria vida pela vida eterna, pela humanidade, pela Terra.
Diante de todas as ameaças e tentações atuais, confiemos em Cristo, que se revelará na ordem do cosmos, no curso dos tempos, aqui e agora! Com os combatentes na guerra, com os que procuram consolo.

Helena Otterspeer

Reflexão para o domingo, 27 de fevereiro

Época da Trindade

Referente ao perícope de Lucas 18, 18-34

Anos atrás, durante a grande corrida do Alasca para encontrar ouro, alguns homens foram longe para o interior do Alasca e nunca mais voltaram. Depois de um grande período de tempo, alguns outros homens que também viajaram para o interior procurando também ouro encontraram a cabana desses dois homens. Ao entrarem, encontraram dois esqueletos sentados à uma mesa com grandes quantidades de ouro em cima da mesa e ao seu redor. Na mesa havia uma nota descrevendo sua bem-sucedida busca ao ouro, tanto que ignoraram os avisos iniciais do próximo inverno, quanto mais extraíam, mais ouro encontravam, esperariam um pouco mais.
Uma nevasca entrou e eles ficaram presos, logo morreram de frio e sem comida. Eles encontraram seu ouro – mas perderam a vida! Eles perderam o controle de suas prioridades! Eis um exemplo da condição do jovem rico. Não se trata apenas do fato de ter quantidades de dinheiro e poder, trata-se do que de fato valorizamos. Onde colocamos nossas prioridades. Neste sentido, mesmo uma pessoa sem posses pode ainda padecer da síndrome do jovem rico, pois pode ter sua alma cheia de qualquer outra coisa que não seja o propósito fundamental da vida. Portanto quando Jesus diz: “vende tudo quanto tens, reparte-o pelos pobres, e terás um tesouro no céu”, não o tomemos literalmente, mas sim no sentido do desapego. Qual a medida entre o desinteresse e o aferrar-se a todo custo por algo? Esse querer obsessivo por algo que na verdade nunca nos completa. Toda situação da vida é uma oportunidade para avaliarmos os motivos pelos quais almejamos algo e uma ponderação mais profunda pode nos ajudar a nos alinhar com o sentido mais profundo de nosso ser e isso certamente não será o acúmulo de bens, sejam eles materiais ou não.

Carlos Maranhão

Reflexão para domingo, 20 de fevereiro

Época da Trindade

Referente ao perícope de Mateus 19, 30 e 20, 1-16

Deus abarca toda existência cósmica. Seu olhar compreende toda a evolução do universo e do ser humano. Sua visão conhece o propósito de nossa missão na Terra. Somos centelhas deste ser. Enquanto seres espirituais tomamos parte da consciência divina. Enquanto seres terrenos “esquecemos” nossa visão pré-natal, e nos apegamos cada vez mais à matéria e a nós mesmos.

Muitas vezes temos a ilusão de que nossas obras pertencem somente a nós. E que nos cabe julgar nosso atuar e o atuar do nosso próximo. O Altíssimo tem um propósito para todos nós, e ao esquecermos disso, nos afastamos da consciência do ciclo de nossas sucessivas encarnações terrenas, onde cada um de nós está em um estágio evolutivo. Somente Aquele que tem a visão, pode dizer o que (e quanto) temos a receber.

A nós, cabe perceber que a obra por nós realizada, quando assumida como sacro ofício, como dedicação à evolução do universo e dos seres humanos, nos eleva a trabalhadores da vinha celeste sob a visão bondosa do Senhor do reino dos céus.

Viviane Trunkle

Reflexão para o domingo, 13 de fevereiro

Época da Trindade

Referente ao perícope de Lucas 8, 4-15

Um agricultor prepara primeiro a terra. Em seguida ele semeia as sementes. Assim elas crescem em um lugar preparado para elas e dão muitos frutos.

O semeador do Evangelho de hoje atua de uma maneira diferente. Ele semeia em todos os lugares, independente se estão preparados para receber a semente ou não. As sementes caem em condições muito variadas. O semeador dá para todos os lugares a possibilidade de receber as sementes.

Como nós semeamos? Só em lugares aonde temos certeza de que as nossas sementes, as nossas palavras e ações, serão bem recebidas? Ou vamos além disso e as levamos para condições mais difíceis?

O mundo espiritual semeia a palavra de Deus no mundo inteiro. Sem fazer diferença entre aqueles que estão mais preparados para recebê-la ou não. Os céus confiam na potência da semente, da palavra.

Ao seguirmos esse exemplo e semearmos nossas boas sementes no mundo inteiro, também em condições difíceis, teremos certeza de que elas encontrarão boa terra e darão muitos frutos.

Julian Rögge

Reflexão para o domingo, 6 de fevereiro

Referente ao perícope de Mateus 13, 24-30

Vincent van Gogh
A imagem do semeador, do seu trabalho no campo, da própria semente, do próprio campo, está intimamente ligada ao ser humano, à Terra e às suas respectivas metas espirituais. Isso ocorre já desde o Paraíso, quando o Homem recebeu a tarefa de trabalhar, de transformar a Terra para gerar a vida. Também Jesus Cristo, antes da sua morte na cruz, usa a imagem da semente que, para dar frutos, tem que cair na terra e morrer. Esta é uma alusão à sua própria missão. Jesus Cristo é a boa semente que caiu, que desceu à Terra, o Filho de Deus que se encarnou num ser humano para transformar a natureza terrena e gerar a nova vida, a nova Terra, o novo Homem, o Filho do Homem, a colheita de toda a evolução terrena. A boa semente já gerou muitos frutos, que foram semeados nas almas humanas, no Eu Sou. A boa semente é aquela que traz em si a consciência do Eu Sou.
O campo preparado para receber a boa semente do Eu Sou, já desde os primórdios da civilização, é justamente a alma humana terrena. Ela vive nos ritmos de vigília e sono. Na consciência de vigília, ela pode transformar e desenvolver a natureza terrena fora e dentro de si. Nela vivem os pensamentos, os sentimentos e os impulsos da vontade. Nela discernimos entre o bem e o mal. Com a semente do Eu Sou em nossa alma, nos tornamos filhos da luz e podemos gradativamente ir elevando para a consciência, o que se encontra imerso na escuridão. Sim, uma boa parte da nossa alma está imersa na escuridão do materialismo, do egoísmo, que também vem se formando e crescendo desde os primórdios da civilização.
O joio, como o trigo, pertence à família das gramíneas, ambas as plantas exigem o mesmo tipo de solo, quando brotam são bem parecidas e suas raízes se entrelaçam quando estão próximas. O trigo é um dos principais alimentos da humanidade. O joio é tóxico e pode provocar alucinações. A espiga escura do joio contrasta com a espiga dourada do trigo.
Quando a boa semente caiu na Terra, quando Cristo entrou em Jesus pelo batismo, a Terra se encontrava na idade das trevas, o egoísmo e o materialismo ainda viriam a assumir, mais tarde, enormes dimensões. No entanto, desde a ressurreição, Jesus Cristo vive entre nós e a semente do Eu Sou vem crescendo dentro da alma humana, apesar do materialismo e do egoísmo humano. A alma individual pouco pode fazer para enfrentar as ameaças do mal na atualidade; fica quase como esmagada diante de tantas medidas exteriores materialistas, dirigidas pelo egoísmo vigente no comércio, na indústria e no uso da técnica. No entanto, o dono da casa, o Senhor, vê claramente e confia que a planta vai continuar a crescer na luz de Cristo, que Ele mesmo vai chamar para a colheita na hora apropriada e recolher toda a substância transformada, toda a substância de vida das almas humanas. O que não foi transformado vai ser consumido pelo fogo e voltar ao colo divino. A vida é o que vai poder ser levado para novos ciclos de desenvolvimento. A alma humana conquistando a vida eterna será puro espírito e viverá como espírito entre espíritos.

Helena Otterspeer

Reflexão para a Época de Epifania

Reflexão para a Época de Epifania

Euforia

Luz
Estrela de luz
Noite escura,
Noite de luz de estrela

Faz frio aqui embaixo.
Frio que aumenta com o medo,
Frio da insegurança
Dúvida fria que paira no ar…

Estrela imóvel no céu.
Indica algum lugar?
Pode estar indicando qualquer lugar.
A luz não escolhe direção,
Apenas brilha
em todas direções.

Mas algo da tua luz, estrela,
alcançou meu olho.
A tua luz distante
conseguiu passar
pelo pequeno portal do meu olho

Porta estreita,
mas não tão estreita
para impedir tua entrada.

O que vejo?
O que outros veem?
Vejo escuridão profunda
entorno de teu minúsculo brilho?
Ou vejo brilho
que vence a escuridão?

Agora já não depende apenas de ti
mas também de mim
Duvido de tua luz?
Ou justamente agora
tenho certeza que tu existes,
pois tua luz encontrou a mim.

Nos encontramos
na porta estreita
do meu olho

O caminho continua sendo incerto,
mas não há  caminhos
prontos ou definidos.
Cada passo abre novos caminhos.

Caminhos trazem
desafios novos,
medos novos

mas se não caminho,
não descubro
que muitos medos
não são meus,
são de outros,
que paralisados não abrem os olhos
pois não acreditam
que um minúsculo ponto
que brilha na escuridão
possa trazer tanta luz.

Estrela de Luz,
Agora vejo onde tua luz repousa
Tua luz repousa…

…ali,
onde venci medos que paralisavam
e segui caminhando

…ali,
onde vejo segurança,
mesmo que outros me digam
que as coisas andam inseguras.

…ali,
onde eu repouso
depois da caminhada.

Onde tua luz repousa,
sinto alegria,
grande alegria,
euforia
epifania

Ali abro meus tesouros
e devolvo a ti
o que me deste
no encontro
da tua luz
com a luz que brilhava
no estreito portal do meu olho

Meus tesouros:
Confiança
Certeza
Vontade
de prosseguir caminhando.

Renato Gomes  – Epifania 2022

Reflexão para o domingo, 2 de janeiro

Época de Natal

Referente ao perícope de Lucas 2, 25-35

O Natal chegou. Celebramos uma vez mais a vinda do menino Jesus. Nos nossos tempos isso tem um significado diferente do que foi no passado, pois sabemos que ele preparou a vinda de Cristo trinta anos depois. Conhecemos os fatos posteriores do Mistério de Gólgota. E, da mesma forma como Simeão teve a promessa da vinda do Messias, nós temos a promessa da vinda do Cristo em nosso coração. Simeão era um homem cheio do Espírito Santo. Ele soube reconhecer o Salvador ainda nos braços de sua mãe Maria. Como podemos vivenciar hoje a promessa do Cristo. O cumprimento da promessa no caso de Simeão se deu por conta de seu coração puro e de sua ligação com o Espírito. Ora, isso não deveria ser diferente para o cumprimento da promessa que estamos a espera. Isso dependerá também de quanto formos capazes de purificar nossas almas e de quanto pudermos abrir nossos corações para a sua vinda. É o início de um novo ano. Um novo calendário para começar mais um ano de vida. A maioria das pessoas começa definindo algumas resoluções para o ano novo. Geralmente isso significa ponderar retrospectivamente tomando consciência do que queremos melhorar, do que queremos mudar em nós com vistas a uma vida mais plena e feliz. Algumas pessoas não levam muito a sério suas resoluções de ano novo. Afinal, elas são apenas promessas para si mesmo. Podemos pensar que, se não as cumprimos, não será tão ruim. Mas na verdade trata-se de algo muito importante, pois quanto mais pudermos aperfeiçoar nosso ser, sobretudo no sentido de criar esse espaço interior para o Cristo, tanto mais a promessa poderá se realizar e é curioso, pois aí vemos que a promessa da segunda vinda do Cristo no etérico, ou seja em espírito, não depende dele, mas de nós, pois desde a Ascensão ele está à espera daqueles que puderem abrir seus corações para recebê-lo.

Carlos Maranhão

Reflexão para o domingo, 26 de dezembro

Época de Natal

Referente ao perícope de João 21, 15-25

Na natureza observamos os rios percorrerem seus caminhos até o mar. Cada caminho é individual e diferente do outro. Um corre mais lento e o outro mais rápido. Um flui mais reto e o outro em grandes curvas. Juntos eles formam uma grande harmonia.
Pedro recebe do Cristo a missão de segui-lo. A meta dele é independente da missão de João. Cada um deles recebe do Cristo seu caminho individual.
Nós também temos a nossa missão aqui na Terra, o nosso caminho de vida. Como os rios, ele é individual e podemos segui-lo, mesmo quando os outros ao meu redor sigam de forma diferente. Devemos deixá-los livres para seguir e buscar sua meta. Pouco a pouco vivenciamos: se nós realmente encontramos nossa meta de vida, o nosso caminho de vida, ele corre em harmonia com o dos outros. Atrás desse milagre sentiremos cada vez mais brilhar as forças de Cristo que sustentam e ordenam todos os caminhos de vida.

Julian Rögge